Novos recursos e visual renovado contrastam com problemas de performance e bugs inexplicáveis.
Paulo Rebêlo // Webinsider
O jeito mais fácil de ter dor de cabeça no Mac é usar qualquer programa da Microsoft. São pesados, bugados e não funcionam direito.
A opção simples seria deixá-los de lado. Contudo, por incompetência ou falta de interesse da própria Apple, até hoje não apareceu um substituto ao Microsoft Office para Mac no ambiente corporativo.
O novo Office 2011 para Mac é, de fato, um grande avanço quando comparado às versões 2008 e 2004. Não à toa, os primeiros reviews do produto são só elogios. Primeiro, porque as versões anteriores são muito ruins. Segundo, porque só depois de um certo tempo de uso vamos descobrir que nem tudo são flores.
A lista de novidades (veja aqui) é extensa e faz o Office 2011 tornar-se quase essencial, principalmente para empresas.
Uma pena que tanta novidade não consiga se destacar sob tantos problemas. Mesmo numa máquina com 8 GB de RAM, o Office 2011 pode se transformar no aplicativo mais pesado e lento que você vai ter instalado no seu Mac.
A frustração torna-se maior porque vários problemas que você vai encontrar existem desde as versões beta (de teste) do Office 2011, há mais de um ano. É como se a Microsoft tivesse ignorado tudo e lançado um produto final ainda em fase de teste.
Para o usuário doméstico, a maior vantagem do novo Office é o visual. Ficou perfeito. Versátil, simples e segue o conceito do “ribbon” existente desde 2007 na plataforma Windows.
Para empresas, o enfoque é na colaboração e na compatibilidade entre plataformas diversas. Os recursos da “nuvem” (cloud computing) finalmente chegaram ao Office para Mac.
Grande sacada é poder usar (enfim!) o Outlook no MacOS, com quase todos os recursos do Windows, em vez daquela coisa híbrida chamada Entourage do Office 2008. Até os arquivos .PST do Outlook no Windows podem ser importados de um jeito bem fácil.
Agora, os espinhos.
Enquanto Excel e Powerpoint são bem “aceitáveis” no quesito performance, Word e Outlook parecem dois brutamontes deslocados. É incompreensível como um programa de cálculo (Excel) se comporta tão melhor e mais leve do que um programa de texto (Word).
É justo dizer, porém, que o Office 2008 também não era um exemplo de performance. Sempre esteve muito atrás da versão para Windows.
Entre os bugs que você irá encontrar na versão para Mac, um é simplesmente inaceitável: o tamanho dos arquivos. O formato padrão do Word (.docx) surgiu, no Windows, com o Office 2007. A ideia central era gerar arquivos menores (menos lixo no código) e com melhor compatibilidade entre plataformas, fruto da adoção da linguagem XML.
Daí a inclusão do “x” na extensão dos arquivos .docx, .pptx, .xlsx, fazendo parte do Office Open XML.
No Word para Mac, o resultado é exatamente o inverso. Uma simples linha de texto no formato .docx vai gerar um arquivo de 120 kb. É absurdamente grande para um arquivo de texto… que nem sequer tem texto no arquivo.
A solução é você alterar a configuração do Word para salvar tudo como .doc automaticamente. O tamanho de cada arquivo vai cair para 30kb e oferecer exatamente as mesmas formatações que 99% das pessoas precisam.
O recurso de trabalhar em tela cheia também é deveras interessante e você só vai encontrar no Office 2011. Mas há bugs, claro. Ao usar a tela cheia do Word e mudar para outra janela ou aplicativo, o Word nunca vai lembrar que estava em tela cheia e vai voltar à interface padrão. Sempre. É terrível.
O Word também nunca vai lembrar o grau de zoom que você estava na tela cheia. Parece besteira, mas é um bug inadmissível para quem se acostuma a usar o recurso – e é fácil se acostumar se você escreve demais, acredite. Ou se você costuma usar aplicativos em tela cheia (que funcionam direito), como Firefox, Chrome ou o próprio Safari do MacOS.
Seguindo a tradição Microsoft, depois de instalar o Office 2011 é bom correr para fazer o update. Desde o lançamento, já foram dois pacotes de atualização para consertar problemas de segurança e compatibilidade. Infelizmente, bugs como esses descritos aqui continuam, mesmo depois de atualizar.
A correção ortográfica melhorou e vem com as novas regras gramaticais para português. Contudo, também é cheia de bug. Se você usa o programa em inglês e quer fazer a correção em português, é até fácil. Difícil vai ser o Word “permitir” que você edite ou adicione palavras no dicionário.
Ainda sobre a correção gramatical, a premissa básica para quem escreve profissionalmente continua: não acredite em todas as sugestões e correções do Word. Há muita coisa “estranha”.
No Outlook, alguns problemas que já existiam no Windows continuam no Mac. O gerenciamento de contas IMAP, por exemplo, continua inferior aos concorrentes.
Comparado à versão 2008, o Powerpoint melhorou muito. E também tem bugs, sobretudo no recurso novo e mais bacana que é o “presenter view”, uma espécie de central de apresentações enquanto a palestra não começa.
Além da novidade de incluir o Outlook, agora temos o Microsoft (MSN) Messenger. Segue a categoria “peso pesado”, também é uma coleção de bugs. Em vários Macbooks, o programa vai travar, fechar sozinho, travar de novo. Sem explicações e, muito menos, soluções.
Soluções? Há vários genéricos para download. O melhor costuma ser o Adium, um desses multi-mensageiros compatíveis com várias redes. Não sai versão nova há bastante tempo. Não há suporte para áudio/vídeo nas conversas via MSN. Mas funciona, não trava, é muito leve e muito rápido.
Apesar dos problemas, a Microsoft tem crescido cada vez mais com seus aplicativos portados para Mac. Razão simples: falta eficiência (ou competência) da Apple para oferecer softwares concorrentes.
E os programadores independentes, até agora, não têm feito um bom trabalho. Estão ocupados demais ganhando centavos de dólar com programinhas e joguinhos na App Store para iPhone e iPad.
E as alternativas ao Microsoft Office para Mac? Existem, veja neste artigo voltado apenas para redatores, jornalistas e escritores que pensam em usar ou migrar para Mac. [Webinsider]