SÃO PAULO – Muito tem se falado em convergência e fusão de mídias no Brasil, mas poucas são as opções disponíveis para os consumidores. Durante a feira e congresso da Associação Brasileira de TV por Assinatura – ABTA 2005 – realizada na capital paulista durante a última semana, uma das principais novidades foi a popularização do conceito de “triple play”: vídeo, telefonia e Internet por meio de uma única interface concentrada no aparelho de televisão. Com um modem tradicional de banda larga e um decodificar específico, é possível assistir à programação da TV, navegar na Internet e telefonar para qualquer pessoa sem usar a infra-estrutura da operadora telefônica, graças ao uso da telefonia via Internet. Inclusive, com uma webcam instalada, dá até para ver a pessoa durante a conversa. Tudo sem sair do sofá.
Paulo Rebêlo
Folha de Pernambuco, 10.agosto.2005
As empresas e operadoras de TV por assinatura batizaram de “triple play” a gama de serviços avançados que estão sendo oferecidos aos brasileiros. Programação televisiva, Internet e telefonia IP por um acesso único, pela televisão, com o auxílio de um teclado e acessórios opcionais, como a webcam para que as pessoas possam se ver enquanto conversam. Não é a primeira vez que o mercado tenta promover a convergência entre televisão e Internet, sem muito sucesso no passado.
A aposta de agora é, principalmente, na adição do recurso de telefonia IP (VoIP), o qual exclui a necessidade até de ter um telefone fixo. Para o consultor de estratégias tecnológicas da Siemens, Marcos Kitamura, a aposta vai valer a pena e os usuários serão os maiores beneficiados. “O mercado tem percebido que as pessoas estão usando o telefone celular mesmo em casa, para chamadas da área de cobertura fixa, inclusive, porque é mais cômodo e rápido. As principais operadoras telefônicas, por exemplo, estão começando a fazer testes de campo para iniciativas próprias de telefonia IP e convergentes,” antecipa Kimura.
A possibilidade do triple play já existe no Brasil, mas nem todas as operadoras de TV por assinatura se mostram empolgadas em oferecer o produto aos consumidores. Das grandes, apenas a TVA oferta recursos avançados para os consumidores de São Paulo, sendo a pioneira no Brasil. Além da programação televisiva, há a Internet banda larga (Ajato) e telefonia (TVA Voz), que podem atuar em conjunto. Com isso, o telespectador ganha muito mais interatividade, participando de jogos online com múltiplos jogadores, tendo acesso a informações da Web relacionadas a filmes e programas, e-mail, mensagens de texto SMS pela TV e outras opções.
Em Pernambuco a situação está mais complicada. A Net não tem expectativas sobre uma eventual oferta de serviços triple play. A direção explica em nota oficial que não há sequer o planejamento de serviços similares para os clientes. Até o fechamento desta edição, a direção da Cabo Mais não retornou sobre as expectativas locais, quando procurada pela reportagem da Folha. Enquanto isso, os usuários podem tentar fazer uma convergência própria. Se não com a televisão, ao menos com a telefonia e o computador, como foi abordado pela Folha há três semanas, na matéria especial sobre VoIP – Voz sobre IP – economizando na conta telefônica.
Combate à pirataria em nova campanha
Os piratas da TV por assinatura não perdem tempo. Burlando o sinal da operadora ou instalando equipamentos não-autorizados, eles conseguem oferecer todos os canais da programação a um custo de quase metade do preço. O assunto já foi abordado em duas oportunidades na Folha, sobre como funciona o esquemão e como o usuário pode se proteger.
Desta vez, na feira da ABTA em São Paulo, pela primeira vez houve um estande específico sobre o tema. Inclusive, com um mini-museu de peças e equipamentos utilizados pelos piratas de sinal. De acordo com o coordenador anti-pirataria da ABTA, Antônio Salles, o objetivo foi promover a conscientização de que o furto de sinal é um crime, passível de punição e até mesmo prisão.
Hoje, a ABTA é membro oficial do Fórum Nacional Permanente de Entidades Contra a Pirataria e a Ilegalidade, órgão da sociedade civil que reúne segmentos da economia brasileira e contribui diretamente com o Ministério da Justiça. “O governo sabe que a pirataria causa um prejuízo enorme ao Tesouro Nacional e por isso é um aliado do setor privado”, diz André Almeida, membro do Fórum Nacional.