— Eu gostava de irritar o André José Adler dizendo que era fã dele e que me sentia um privilegiado por dividir várias garrafas de Tokaj e pratos de Goulash na companhia do diretor de ‘Nem as enfermeiras escapam’, um clássico da chanchada brasileira produzido em 1977. Ele respondia: “escrevi o roteiro de tanto filme bom, participei de programas e seriados históricos na TV Tupi, ganhei prêmios, fui o primeiro Pedrinho da televisão brasileira (do Sítio do Pica Pau Amarelo), tive uma longa carreira na ESPN, mas você só lembra justamente da única coisa que me arrependo de ter feito!” E assim muitos meses se passaram conversando sobre cinema e jornalismo esportivo. Ele bem que tentou, mas nunca consegui entender o tal de futebol americano. Até hoje não faço ideia. Quando ele se empolgava demais tentando explicar os jargões e o funcionamento do jogo, eu começava a perguntar sobre os bastidores das enfermeiras que não escaparam. Ele ria, respondendo: “só não fico com raiva porque não consigo levar a sério alguém que gosta de Calypso“. Nascido Endre József Adler em Budapeste, capital da Hungria, André Adler veio para o Brasil ainda criança, com a família. Depois da carreira meio acidental
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Paulo Rebêlo NE10 | 03.junho.2012 | link Sobrevivi a dez anos sem televisão em casa. Não foi protesto contra a qualidade da programação, muito menos um rompante intelectualóide. Foi apenas falta de tempo e de vontade para usufruir da companhia daquela caixa barulhenta de 14 polegadas cuja antena parecia uma fábrica de bombril. Muita gente diz que morar sozinho sem televisão é deprimente e solitário. Sempre achei uma noção curiosa, pois nada me deixa mais aliviado do que chegar em casa e ouvir apenas o ronco do motor da geladeira velha e o tilintar do gelo quando a gente derrama aquele resto de uísque ruim que nunca acaba. Foram dez anos muito bons. E, para minha surpresa, sem nenhuma ponta de solidão. No início, foi difícil. A mim, a TV nunca fez muita falta de verdade. Mas sempre foi uma desculpa conveniente para as visitas. Um trunfo auxiliado pelo Corujão e pela Sessão de Gala naquelas madrugadas mais longas quando as moças não querem voltar para a casa delas. Sem a TV de argumento, o jeito é ficar na varanda com dois copos e dois ouvidos, pois não tardava a ouvir os conflitos existenciais dessas pequenas burguesas preocupadas com o
Paulo Rebêlo Terra Magazine 05.outubro.2011 Segunda-feira, a jovem manceba chega ao escritório com o sorriso na testa. Antecipa-se a todos para dizer que “beijou muito” no fim de semana. Foi para todas as baladas, dançou, esfregou, pegou geral. As colegas aplaudem, comentam, pulam, incentivam. E se aquelas donzelas preferissem trocar toda a pegação da balada por um final de semana em casa, assistindo Zorra Total na televisão, com um pote de häagen-dazs no colo e um namorado coxinha que segure a mão delas enquanto ri com as piadas super engraçadas do Chico Anysio ao telefone com a Dilma? E elas acordariam cedo no domingo para brincar de casinha: ir ao mercado fazer a feira da semana, comprar iogurte light, frutas frescas e verduras orgânicas. Para depois ir almoçar com os pais TFP do coxinha, em verdadeira comunhão familiar. Não é ficção. Ainda não consegui entender como tanta gente, cada vez mais jovem, sonha com uma vida assim já tão cedo. Mesmo depois de todas as revoluções culturais, sociais e sexuais que tivemos nas últimas décadas. Justamente para que nossos filhos e netos pudessem ter a liberdade que a gente não teve. Essas moças e rapazes podem fazer tudo que nossas
Se o homem nasce só e morre só – como pregava Aristóteles – então por que as pessoas vivem com medo de viver só? Todo santo dia a gente escuta os homens reclamando que não aguentam mais as esposas e as mulheres que não encontram mais maridos. Enquanto uns têm de medo de largar o osso, outros esquecem de viver porque passam a vida inteira esperando o osso sagrado cair do céu. Em ocasiões assim, sempre imagino Aristóteles, Nietzsche e Milan Kundera numa mesa de pôquer do além. Queria ser apenas o dealer. Distribuo as cartas e recolho os argumentos em forma de apostas. Ou apostas em forma de argumentos. A aposta é simples: de Aristóteles (384 a.C – 322 a.C) a Kundera (1929 – ), quem é capaz de encontrar alguém que viva a vida sem querer encontrar outro alguém para não ficar sozinho no mundo? Porque quando sete bilhões de pessoas no planeta nascem programadas para viver em função desta única busca durante toda sua existência, talvez seja a hora de pedir parada, pagar a conta e se enforcar com o fio dental. Dobremos a aposta. De Aristóteles para cá, se durante todo esse tempo a vida inteira das pessoas se resume
Paulo Rebêlo UOL Tecnologia – link original 21.setembro.2007 As discussões sobre a escolha do padrão para TV digital no Brasil – entre americano, japonês, europeu ou desenvolver um próprio, nacional – vêm desde o final da década de 90. As primeiras transmissões públicas em caráter de teste, sempre adiadas, agora estão previstas para dezembro deste ano em São Paulo. Se você não agüenta mais ouvir falar em escolha de padrões e políticas públicas para a TV digital no Brasil, talvez seja hora de entender como funciona a televisão por redes IP (‘Internet Protocol’), também conhecida como IPTV.
Agora que a poeira da Copa finalmente baixou, muita gente que comprou TV de plasma embalada pelo ufanismo tupiniquim deve começar a ficar atenta às recentes decisões judiciais contra as fabricantes dessas TVs. O ruim é que, nem sempre, essas decisões chegam ao conhecimento do público, nem mesmo à imprensa. E em tantas outras vezes, o consumidor aceita os acordos propostos nas audiências pelas fabricantes e o assunto cai no esquecimento.