Se já é caro comprar um computador, quanto mais um notebook? Esses objetos do desejo custam uma pequena fortuna para, em troca, oferecer completa mobilidade ao usuário. Filmes, músicas e documentos podem ser abertos, editados e enviados por e-mail de qualquer lugar. Basta colocar o portátil no colo e pronto. Apesar de o preço ser mais acessível do que antigamente, fato é que um notebook novo ainda custa muito, às vezes o dobro do valor de um computador de mesa tradicional. Contudo, uma boa alternativa para os iniciantes é optar por um modelo usado. No Recife, as lojas fazem uma triagem e manutenção para oferecer um produto com garantia e a um preço menos assustador. Pode ser o primeiro passo para você se adaptar aos teclados, telas e mouses reduzidos e, quem sabe, migrar para um novo.
Paulo Rebêlo
Folha de Pernambuco, 17.agosto.2005
Muita gente precisa de um computador no trabalho e outro em casa, mas não tem condições de arcar com o custo em dobro. O notebook apresenta-se como alternativa viável, sobretudo aqueles modelos leves e finos. Há produtos que pesam apenas 1 kg, enquanto outros, poderosos e até mais avançados do que muito computador de mesa, podem pesar 4 kg ou mais. Trabalho terminado, é só colocá-lo na pasta ou mochila e continuar em casa, de madrugada. Em viagens de trabalho, a mobilidade proporcionada pelo notebook é imbatível.
O entrave, como sempre, é o preço. Um modelo considerado “barato”, por exemplo, é o Aspire 3002 LCI, fabricado pela Acer e vendido no mercado local. Sai por R$ 3.600 com processador AMD Sempron 2800+, 256 Mb de RAM, HD de 40 Gb, gravador de CD, tela de 15 (polegadas), placa de rede, fax/modem e leitor de DVD. Ou seja, um produto completo, porém, com o mesmo valor é possível comprar um computador de mesa (desktop) com o dobro de memória, triplo de espaço em disco e um processador melhor. Na Infobox, um desktop similar ao notebook da Acer custa R$ 1.700 com monitor de 15.
“Comprar notebook usado é um nicho de mercado que o usuário pode tirar proveito. Vendemos notebooks usados de R$ 1.100 até R$ 3 mil”, garante o gerente-administrativo da Notebook Store, especializada no ramo, Marcos Silva. Uma outra vantagem do usado é que o consumidor pode encontrar modelos antigos, voltados apenas à produção textual, planilhas e navegação. “Os notebooks novos estão chegando com muita potência e diversidade, alguns nem vêm mais com placa fax-modem, apenas com placa de rede integrada para conexão banda larga na Internet”, explica Silva.
Por R$ 1.190, é possível sair da loja com um Compaq Presario de 450 MHz, 32 Mb de RAM, HD de Gb e tela de 12. Acrescentando 500 reais, o cliente sai com um Toshiba de 600 MHz, 128 Mb de RAM e HD de 6 Gb. As ofertas são muitas. Além da Notebook Store, outra especializada é a Notebook City que também comercializa os usados. Em ambos os casos, as lojas fazem uma triagem e manutenção completa no portátil, de modo a oferecer sem defeitos. “Mesmo assim, ainda damos uma garantia de três meses. Se der problema, a gente conserta ou troca a peça nesse período”, antecipa Silva.
Por outro lado, na Notebook City, a garantia de três meses para usados vale apenas para placa-mãe. “A gente deixa o notebook pronto para uso e só vende se estiver em perfeitas condições,” antecipa o supervisor de vendas da loja, Giovanni Hamilton. Lá eles aceitam um usado se o cliente for comprar um novo, mas apenas se o modelo deixado tiver 500 Mhz de processador ou mais. O estudante Julio César tem nada menos que três notebooks usados em casa. “Uso um e os outros dois ficam com meu pai e minha irmã, dá para fazer tudo neles da faculdade e do trabalho, menos jogar”, comemora.
Aluguel é opção barata e funcional
Enquanto não sobra uma folga orçamentária para comprar um notebook usado, a opção pode ser alugar um. É uma boa alternativa para viagens de trabalho ou, quem sabe, se você quiser adiantar aquela pendência da empresa que está em cima do prazo. Com o notebook alugado, o usuário também vai se adaptando à idéia de trabalhar com um micro portátil para, quem sabe no futuro, optar pela compra de um novo ou usado.
Os preços são bem variados, indo de R$ 30 a R$ 60 a diária, dependendo do modelo e configuração. “Quando o tempo é mais longo, tipo semanas ou um mês, fechamos um pacote com desconto e até oferecemos plano de suporte técnico, com um adicional sobre o valor”, explica Silva, da Notebook Store. A assistência técnica pode ser paga por fora ou inclusa no pacote mas, geralmente, não é muito solicitada porque o filão são as empresas. Na Notebook City, a prática de aluguel não existe mais. “Não compensava para nós, pois a procura por usados é muito grande. Enquanto um cliente ficava com o notebook alugado, a gente perdia de vender e a receita circulava menos”, diz o supervisor Hamilton.
De qualquer forma, o universo de compradores de notebooks ainda é pequeno. De acordo com um relatório do instituto de pesquisa IDC, os pequenos notáveis representam apenas 6% dos computadores vendidos no Brasil em 2004. A tendência, entretanto, é mudar. Os números de 2004 refletem um aumento de 50% em relação a 2002 e, para 2006, a expectativa é que a porcentagem dobre. No Japão, os notebooks respondem por 60% de total de computadores vendidos e, nos EUA, chegou a 53% agora 2005, segundo pesquisa do instituto Current Analysis.
Cuidado na hora da compra
Lojas especializadas garantem uma oferta com garantia, contudo, é preciso ficar atento a detalhes físicos do notebook. Com o passar do tempo e a depender do uso do dono anterior, determinadas peças podem se desgastar mais rápido, como é o caso da bateria. “Em média, uma nova dura dois anos, às vezes chega a três ou quatro se não for muito utilizada. O preço é alto, então às vezes não compensa comprar um notebook usado se for preciso trocar a bateria com pouco tempo”, realça Silva.
As baterias de notebook podem chegar a custar quase metade do valor do produto. Variam entre R$ 400 a R$ 1200 e, quando não são bem cuidadas, tendem a ficar com pouca capacidade de uso e vão perdendo a carga quando o usuário vai recarregar. “O disco rígido também se desgasta facilmente, então é preciso levar tudo isso em consideração e optar por um modelo de qualidade e com peças semi-novas”, sugere o gerente-administrativo da Notebook Store.
Na mira dos assaltantes
Fáceis de carregar e caros, os notebooks são cobiçados por ladrões tanto quanto celulares e carros. Para se ter uma idéia, o Toshiba N23PB, vendido na Infobox, custa a bagatela de R$ 7.600. Mais caro do que muitos carros usados por aí. A Dell comercializa modelos que ultrapassam R$ 12 mil.
Principalmente em viagens e áreas de grande circulação, a segurança é essencial. Uma dica dos especialistas é trocar a tradicional “maleta” típica de notebook por mochilas ou até mesmo sacolas mais resistentes. De olho no nicho de mercado, já é possível encontrar na Internet lojas vendendo mochilas específicas para guardar o notebook com segurança.
A dica é procurar uma seguradora, mas não sai barato. “Notebook é um produto muito caro, até as seguradoras estão com receios hoje em dia. A gente não faz mais seguro, mas o cliente pode procurar uma seguradora que ofereça o serviço”, ensina Silva. Para ele, não compensava mais oferecer o seguro ao cliente.