O nome é bem estranho, mas a febre é mundial. Finalmente, as operadoras começam a oferecer os aparelhos chamados de Blackberry, um fenômeno da telecomunicação moderna que já conquistou milhões de pessoas mundo afora, grande parte por conta da versatilidade de usar internet, telefonia, agenda e mensagens em um aparelho portátil, simples e direto. Relativamente desconhecido no Brasil, a investida chega com atraso para o usuário final, já que há um ano é oferecido apenas para empresas.
Paulo Rebêlo / Folha de Pernambuco
À primeira vista, parece um aparelho chique, com tela colorida e tamanho acentuado, ao menos quando se compara com modelos modernos de telefones minúsculos de hoje. Basta uma rápida conferida para entender o motivo de o Blackberry ter se tornado uma febre nos Estados Unidos e em outros países. A exemplo do concorrente Treo, da Palm, que também está chegando ao Brasil com atraso em relação ao mercado exterior, ele funciona praticamente como um pequeno computador de mão, de fácil manuseio e portabilidade.
A navegação na internet e o uso de e-mails são os dois fortes do aparelho, que se sai melhor do que os celulares tradicionais que também oferecem o recurso. Quem desenvolveu o Blackberry foi a empresa canadense Resarch in Motion (RIM) cujo enfoque inicial era apenas poder receber e enviar e-mail de qualquer lugar com sinal de celular. Com o tempo, o produto tornou-se uma espécie de extensão do computador, com direito até mesmo a Google Talk e Yahoo Messenger.
Outra vantagem é poder sincronizar seus contatos e agendas, no meio da cidade, com o seu computador de casa ou do trabalho, já que tudo funciona a partir da rede de celular, como se fosse uma ligação. Como recursos desse tipo ainda não “pegaram” bem no Brasil, a idéia para o lançamento do Blackberry é oferecer serviços com base em mensalidades, sem limite de transferência de e-mails ou conteúdo da internet.
Consumidor — Enquanto o Blackberry é usado em outros países por profissionais liberais (jornalistas, médicos) e estudantes mais abastados, no Brasil a estratégia é um pouco diferente. Por ter um preço maior e exigir mensalidade para uso dos serviços, a idéia das operadoras é ter, como público-alvo, aquelas pessoas mais engajadas com tecnologia e, principalmente, quem depende do e-mail e da comunicação instantânea para trabalhar – e claro, quem recebe salários melhores.
Não à toa, o Blackberry é oferecido pela TIM há um ano em caráter exclusivo para ambientes corporativos. Agora, com o lançamento oficial para o consumidor, as operadoras querem convencer o usuário final a aderir e a abandonar o antigo telefone celular.
O que difere o Blackberry de um palmtop é a conveniência. O aparelho pode até ser comparado a um celular super-equipado, com tela de boa visibilidade e bateria de longa duração. De acordo com a direção da Claro no Brasil, é possível ter cinco horas de conversação ou até nove dias em modo de espera (stand-by). Com o produto em mãos, você configura para verificar suas contas de e-mail, cujas mensagens são enviadas em modo seguro para o Blackberry e pode ler, editar e responder. Diferentemente dos atuais planos de navegação na internet, quando o cliente paga por megabyte transferido, as operadoras Claro e TIM querem conquistar o consumidor com mensalidades sem limite de transferência.
O coordenador de soluções corporativas da TIM Nordeste, Sandro Tannan, explica que é possível verificar contas de Hotmail, Gmail e até mesmo de domínio próprio, desde que o aparelho seja configurado corretamente. “Outra vantagem é a velocidade de conexão, que pode chegar a 200 kbps onde houver cobertura Edge da TIM ou até 45 kbps onde for o GPRS normal”, explica.
Configuração – Para quem usa ou já viu um palmtop, o Blackberry é praticamente idêntico. Oferece agenda de compromissos, contatos, softwares diversos (embutidos e para download), calendários e lista de tarefas. O aparelho vem com cabo USB para ligação com o computador, suporte à tecnologia Bluetooth (apenas para fone de ouvido sem fio), tem viva voz, vibracall e tudo o que um celular tradicional tem.
Cada modelo tem uma capacidade de armazenamento interna, para arquivar os e-mails, programas e outros dados. No modelo 8700g, esse limite é de 64 Mb. “O produto trabalha com grau de compactação muito grande”, explica o coordenador de soluções corporativas da TIM Nordeste. As informações enviadas e recebidas também são criptografadas.
Os modelos da linha 8700 trabalham com processador Intel PXA901 rodando a 312 MHz, 64 Mb de espaço (memória flash) e com 16 Mb de SDRAM – equivalente à memória RAM do computador. O teclado é alfanumérico, do tipo Qwerty (padrão) e o sistema operacional é proprietário, da própria fabricante, em Java.