Chacal brasileiro

O bafafá sobre Lamarca traz à tona uma sugestão interessante para quem gosta de ler. Lamarca liderou a VPR (Vanguarda Popular Revolucionária), com ações guerrilheiras como assalto a bancos e seqüestros. A menção à VPR nos obriga a deixar a dica de leitura do livro-reportagem O Homem que Morreu Três Vezes, do colega Fernando Molica, que trata da figura do advogado gaúcho Antonio Expedito Carvalho Perera, o “Chacal brasileiro”.

Antonio Perera é uma figura pouco conhecida dos livros de história, mas teve papel crucial no desenvolvimento da VPR. O mais interessante no livro-reportagem do Molica é a metamorfose pela qual Perera passa, de um advogado fuinha e conservador, até o auge de carregar a alcunha de Chacal brasileiro. O livro é facilmente encontrado nas livrarias online, como Submarino, Saraiva etc.

Quem foi o verdadeiro Chacal?

Sobretudo para os mais jovens, o “verdadeiro” Chacal é conhecido por causa do cinema com o filme O Chacal (The Jackal, 1997, EUA) com os famosos Richard Gere, Bruce Willis e Sidney Poitier. Em termos de qualidade, o filme de 1997 zela apenas pelo teor estilizado.

Bom mesmo é o original The Day of the Jackal, de 1973, dirigido pelo Fred Zinnemann e baseado no livro de Frederick Forsyth. São 145 minutos de uma obra de arte, no auge da época de ouro do chamado cinema de espião.

Não existe o verdadeiro Chacal. Atribui-se o nome Chacal ao terrorista Ilich Ramirez Sanchez, que é conhecido como Carlos, o Chacal. O nome ‘Carlos’ ele ganhou como codinome ao juntar-se à Frente Popular de Liberação da Palestina. Durante a década de 70 e início dos anos 80, foi um dos terroristas mais procurados no mundo.

Ilich Ramirez Sanchez, o Chacal, foi preso pela polícia e, logo em seguida, a imprensa britânica o batizou de Carlos, o Chacal. Supostamente, porque encontraram o livro de Forsyth na casa de Sanchez, que era tido pelas autoridades como um mercenário, a exemplo do personagem Chacal. Sanchez sempre optou pelo termo revolucionário.

Nunca se confirmou que o livro fora realmente encontrado na casa de Sanchez. Supostamente, o livro foi escrito baseado no personagem de Sanchez, o que também não condiz com os fatos, porque Forsythe publicou muito antes de Sanchez sequer ser conhecido nos antros terroristas.

O livro é de 1971, Sanchez tornou-se conhecido, principalmente, em 1975 após um ataque em Vienna à sede da OPEC, a Organização dos Países Exportadores de Petróleo.

Sanchez nasceu em 1949 em Caracas, Venezuela. Foi preso no Sudão (África) em 1994, após passar por uma cirurgia nos tésticulos. Bizarro. O julgamento de Sanchez teve início e fim no ano de 1997, quando foi sentenciado à prisão perpétua. Cumpre a pena na França.

Para saber mais –

– Carlos, o Chacal: a trilha do terror. Tudo sobre a história, da Biblioteca do Crime, nos EUA.
– Correspondência com o Chacal, por Anthony Haden-Guest. New York Press.
– Chacal processa o governo francês, reportagem da CNN no ano 2000.

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