TV de plasma? Cuidado com as desvantagens – parte 1/2

TV de plasma tem imagem ótima. Mas se o aparelho não é só para DVD, saiba que imagens da TV aberta não ficam tão bem e as tarjas pretas e logotipos podem manchar a tela. Lojistas não informam corretamente e fabricantes reconhecem os problemas, mas evitam divulgar.

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Paulo Rebêlo / Webinsider / Folha de Pernambuco

À primeira vista, é o paraíso. Imagens fantásticas, cores vibrantes, linhas perfeitas. Com a Copa do Mundo dobrando a esquina, a tentação para comprar uma televisão de tela gigante só vai aumentar pelos próximos dias até o início do evento. Nessa situação, as TVs de plasma com telas de 42, 50 e 60 polegadas se tornaram um objeto de desejo do brasileiro.

O que os atuais e futuros compradores não sabem é que, muitas vezes, a TV de plasma pode se transformar em uma dor de cabeça e nem sempre é o tipo mais indicado para o seu perfil. As reclamações sobre defeitos enchem os fóruns técnicos na internet e as associações de defesa ao consumidor alertam para a falta de informação por parte de lojistas e fabricantes.

As vantagens da TV de plasma são bem visíveis. Telas gigantes, design caprichado e cores vibrantes. As desvantagens, porém, dificilmente ficam à mostra e quase nunca são informadas corretamente pelos vendedores ou fabricantes. Quem compra uma TV de plasma, geralmente não fica sabendo de duas restrições técnicas e impeditivas que podem tirar toda a graça do aparelho e colocar em xeque o investimento. (Veja mais: LCD ou plasma, o que é melhor para a sua próxima TV?)

Primeiro: aquela imagem linda e perfeita que você vê nas lojas, não se repetirá em casa, a não ser em condições especiais. Segundo, se você acha que vai poder ficar grudado por horas a fio vendo TV, é bom procurar outra diversão. A depender do tipo de programa televisivo, filme ou jogo, a tela da TV de plasma pode ficar queimada (manchada) após horas seguidas com imagens paradas, ocasionando o chamado efeito de “burn-in” e marcando a tela de uma forma nada discreta.

Devido à própria tecnologia em si, a TV de plasma é moldada para exibir na tela o que tem de melhor somente quando o sinal é digital. No Brasil, os programas da TV nos canais abertos chegam em sinal analógico. Resultado: ao assistir aos canais abertos no aparelho de plasma, você verá riscados, granulados e uma imagem perceptivelmente inferior, às vezes pior do que na sua antiga TV comum de 20 polegadas. Para reverter o problema, a opção seria assistir a tudo com TV por assinatura (Sky, DirecTV etc.), mas, mesmo assim, não há garantia de que todos os canais sejam digitais. Nos filmes em DVD, que são digitais, não há problema e a imagem é verdadeiramente boa.

Mas o que está tirando os compradores do sério é o efeito de burn-in, quando uma imagem estática queima a tela e deixa uma mancha. Exemplo prático: um jogo de futebol com a logomarca do canal sendo exibida durante toda a partida, parada, sem mudar. Muitas vezes, após o jogo, é fácil perceber que aquele local ficou manchado.

Levando em consideração que a TV de plasma é retangular (formato widescreen 16:9) e a maioria da programação é quadrada (formato padrão, 4:3) você irá ver duas tarjas pretas do lado da imagem. Essas tarjas, após mais ou menos duas horas, podem manchar a tela de forma definitiva. Para evitar isso, só existe uma solução: forçar a recepção para o formato widescreen, deformando a imagem e causando desconforto visual.

Desinformação começa nas lojas

Ao pesquisar preços nas lojas, o acontecimento óbvio é ficar maravilhado com a imagem perfeita exibida. O problema começa quando o consumidor pede informações. Em geral, a loja repassa tudo de bom sobre o plasma, sem entrar em detalhes sobre os perigos de manchar a tela e a baixa qualidade da imagem ao assistir canais abertos.

Visitamos cinco lojas de eletro-eletrônicos que vendem TVs de plasma. Em todas elas, o problema de burn-in (quando a tela fica queimada/manchada) foi minimizado pelos vendedores. A maioria sequer soube explicar, concretamente, como ocorria a mancha e como poderia ser evitada na prática. Em algumas situações, os lojistas explicam que os “modelos mais recentes não possuem esse problema de burn-in, porque a tecnologia é melhor”. A verdade é que o problema existe, é reconhecido oficialmente por todas as fabricantes de TVs de plasma e até hoje não existe solução total.

Algumas fabricantes das TVs garantem que os modelos novos não possuem o problema, por serem de nova geração, com recursos anti-burn in. No entanto, na garantia, não especificam. No manual, as informações também são superficiais.

De acordo com a gerente de produtos da LG, Fernanda Summa, alguns modelos novos possuem recursos para amenizar o burn-in, mas é impossível evitar por completo. “O plasma tem uma restrição da própria tecnologia de não deixar uma imagem estática muito tempo na tela, como as tarjas pretas laterais”, explica. Ela acha que “quem compra uma TV assim, tem que estar preparado para usar o formato widescreen, mesmo que deforme um pouco a qualidade da imagem nos canais abertos. Mas para filmes em DVD, a imagem fica perfeita”, garante. O gerente de logística da Plasmashop, Thiago Sato, confirma que “infelizmente, todas as plasmas estão sujeitas e a maioria dos compradores não faz idéia dos problemas até que eles aconteçam. É um fator negativo a médio e a longo prazo, sem dúvida”, explica Sato.

Os fabricantes dão garantia de um ano, mas nem sempre trocam o aparelho em caso de problemas. O gerente de produtos de áudio e vídeo da Samsung, Rogério Molina, reforça que cada caso precisa ser analisado pela assistência. Molina garante que os novos modelos da fabricante não sofrem com o burn-in, mas reconhece que os modelos anteriores, sim, são bem mais suscetíveis ao defeito. “É uma restrição da tecnologia, o consumidor precisa saber o quê está comprando”, diz.

No entanto, uma rápida visita a fóruns na internet revela que, na prática, o pós-venda e a assistência técnica de várias fabricantes deixam muito a desejar. Por outro lado, os consumidores que compraram TVs de plasma e não tiveram problemas de manchas, se consideram bem felizes e satisfeitos com a compra.

Durante vários dias procuramos representantes da Philips e da Gradiente, mas até o fechamento desta edição, as empresas não se pronunciaram.

A advogada Maíra Feltrin, do Instituto de Defesa do Consumidor (IDEC), explica que somente o fato de o consumidor não ser explicado corretamente sobre as restrições são suficientes para mover uma ação judicial. “As informações não devem constar somente no manual e a Justiça pode ser acionada contra a fabricante e contra a loja, a depender de cada caso”, garante, apesar de realçar que, na prática, é uma situação bem difícil para o consumidor.

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