Corrêa nega conhecer mensalão

Escândalo // Ex-deputado presta depoimento à Justiça Federal do estado

Paulo Rebêlo
Diario de Pernambuco – 15.dez.2007

Depois de quase três horas de depoimento, o ex-deputado federal Pedro Corrêa (PP) deixou a 13ª vara da Justiça Federal de Pernambuco (JFPE) dizendo desconhecer a existência do mensalão e garantindo que abandonou a política. Ele é o primeiro a ser ouvido dos 40 denunciados ao Supremo Tribunal Federal pelo procurador-geral da República, Antonio Fernando de Souza, por envolvimento no mensalão, supostamente criado durante o primeiro mandato do presidente Lula. Ele responde pelos crimes de corrupção passiva, formação de quadrilha e lavagem de dinheiro. Corrêa foi cassado em março de 2006 pelo plenário da Câmara, acusado de participar no esquema.


Acompanhado do filho Fábio Corrêa e de advogados, o ex-presidente nacional do PP conversou normalmente com a imprensa após o depoimento. Além do advogado Marcelo Leal de Lima Oliveira, que defende o ex-deputado, também estavam presentes o advogado do deputado Pedro Henry (PP-MT), Luciano Salles Chiappa, e o advogado Rodrigo Otávio Soares Pacheco.

Apesar de cassado, Pedro Corrêa antecipou que não pretende, no futuro, voltar à política partidária. Inclusive, alegou que a política o deixou mais pobre do que era quando conquistou o primeiro mandato de deputado federal (1978) por Pernambuco. Ele não foi o único cassado pelo Congresso. O ex-ministro da Casa Civil, José Dirceu, e o ex-presidente do PTB Roberto Jefferson também tiveram seus mandatos cassados pela Casa.

Acusado de desviar R$ 4,1 milhões, Pedro Corrêa admite o mesmo de quando foi ouvido pela Comissão de Ética da Câmara: de ter recebido R$ 700 mil para pagar os honorários dos advogados do então deputado do PP, Ronivon Santiago (AC).

De acordo com as investigações da procuradoria-geral, a quantia teria sido repassada pelo assessor do PP na época, João Cláudio Genu. O dinheiro foi supostamente desviado pelo Valerioduto, mas Pedro Corrêa afirmou nunca ter ouvido falar em Marcos Valério e que só escutou o termo mensalão pela primeira vez através de Roberto Jefferson, quando o mesmo denunciou o suposto esquema.

Estratégia – O depoimento de Pedro Corrêa faz parte de uma estratégia do STF em agilizar o processo de apuração e julgamento dos 40 acusados de participar no mensalão, que devem ser ouvidos em seus estados de origem por juízes federais. O ex-deputado do PP deveria ter comparecido à Justiça Federal no último 27 de novembro, mas o oficial de justiça não conseguiu notificá-lo em tempo hábil.

O depoimento de Pedro Corrêa começou a ser ouvido às 14h pelo juiz federal Cesar Arthur Cavalcanti de Carvalho e terminou pouco antes de 17h. Também estavam presentes no interrogatório os procuradores do Ministério Público Federal Luciano Sampaio Rolim e José Alfredo Paulo Silva.

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