É uma expectativa improvável, para não dizer impossível. Ninguém escreve para ninguém ler. Quero apenas colocar para rua as toneladas de sentimentos e observações da minha própria estrada.
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Fico feliz, de verdade, que várias de minhas amigas na faixa dos 40 a 50 anos de idade estejam saindo com homens bem mais novos. Por vontade própria, porque querem e porque podem. Embora o interesse e o desinteresse nada tenha a ver com idade, a diferença cronológica às vezes direciona as expectativas para argumentos enviesados.
Talvez por ter vivido sem planos de absolutamente nada, sem entender direito o tal do amanhã, que esses planejamentos frustrados tragam a saudade com tanta força. Mas onde a gente consegue pegar uma fila, fazer um cadastro e esperar para cair no esquecimento feito uma dívida antiga? Deveria haver um Serasa para essas coisas.
Paulo Rebêlo Terra Magazine 03.agosto.2011 A gente nunca admite por vergonha, mas estamos quase sempre procurando – ou esperando – alguém para substituir algo que perdemos. Os amigos são os mesmos. Família, trabalho e problemas, também. Arquivos do acaso, alguém puxa o mesmo livro que o seu na prateleira da livraria e, sem ninguém lembrar direito como isso acontece, estão os dois sentados tomando um café, uma cerveja ou aquele copo de uísque sem gelo. Humanamente impossível não passar pela cabeça dela, sequer por um segundo: será que ele vai me ajudar a esquecer…? Quando o ‘ele’ em questão é você, é melhor suspender as ilusões platônicas e mandar trazer o gelo. Porque em momentos assim, tudo que nós precisamos ser é alguém para ajudar a colocar uma pedra naquela cicatriz meio aberta, meio fechada, mas exposta o suficiente para ela não ter mais se interessado de verdade por ninguém. Até agora. É quando nos tornamos uma espécie de cópia de segurança psicológica. Afinal, ela tem todos os motivos do mundo para não precisar conhecer, e muito menos se interessar, por gente nova. Não faz diferença há quanto tempo acabou o casamento ou o namoro. Importa que ninguém conseguiu preencher,
Paulo Rebêlo 08.março.2010 Terra Magazine link Não sei a quem devo mais: às mulheres que um dia passaram pela minha vida ou ao Banco do Brasil. A diferença é que, um dia, talvez eu consiga quitar minha dívida com o banco. Com as mulheres, vamos morrer em débito. Com elas aprendemos a amar e a trair. E que às vezes amar é trair. E trair nem sempre é exatamente falta de amar. Mas, na vida de um bruto, o maior legado das mulheres é ensinar que amar também é deixar ir embora. Porque mais difícil do que ir embora do presente, é ir embora do seu futuro. E ninguém sabe fazer isso tão bem quanto elas. Somem como fumaça e montam uma nova vida como um passe de mágica. Enquanto o seu único abracadabra são noites insones a esperar que ela bata na porta de madrugada. Demora muito, às vezes uma vida inteira, até você aprender que não se trata somente de deixar ir embora. Trata-se, principalmente, de deixá-la ir embora e torcer para que ela tenha toda a felicidade que você sempre quis dar e não conseguiu. Não importa se por incompetência, inércia, conformismo ou pouca fé. Ela iria embora independente das causas. Até
Paulo Rebêlo | janeiro.2009 O mais difícil de janeiro é a balança. É quando você tenta descobrir o peso das pessoas que passaram pela sua vida, das que ficaram e, principalmente, das que voltaram. Feita a pesagem, vem o pêndulo de um relógio de parede. Ele pende para um lado, lembrando as pessoas que você machucou um dia; e depois para outro, revivendo as que magoaram você.