O rádio estava ligado e alguém pediu para aumentar o volume. O locutor havia dado a notícia mais cedo e agora trazia mais detalhes. Naquela manhã de domingo de Carnaval, faleceu o Gato Garçom da Calabresa.
Tag: carnaval
A ciência tem muito a aprender com o carnaval brasileiro. Durante os dias de folia, a sociedade se divide (por conta própria) em pessoas normais que vão brincar carnaval ou aproveitar o feriadão viajando; e as pessoas anormais que ficam em casa e trabalham sem ninguém pedir ou querem fugir da esbórnia momesca. Poderia ser simples assim, mas não é. Fulano passa o ano inteiro sedentário, não sobe sequer um andar de escada quando falta luz no edifício (melhor esperar fumando na portaria) e, durante o carnaval, o mesmo ser humano dorme apenas quatro horas por dia e passa cinco dias subindo e descendo ladeira, pulando atrás de trio-elétrico por oito horas seguidas, não faz nenhuma refeição decente e vive apenas comendo batata frita e coxinha de aquário. No dia seguinte a criatura está inteirinha da silva, zero bala, já acorda fantasiada, gritando e pulando igual ao boneco Chucky do Brinquedo Assassino, aparentemente entalado de pilhas alcalinas e metanol nas entranhas. Como isso pode ser normal? A televisão já produziu o Hulk – era um cientista antes do acidente no laboratório – mas até hoje a nossa ciência não descobriu de onde essas pessoas normais, que brincam carnaval, tiram tanta energia do nada. Agora
Agreste // Pelo segundo ano consecutivo, a cidade das flores é palco de um carnaval marcado por uma diversidade sonora que não toca nas rádios Paulo Rebêlo (texto/fotos) Diario de Pernambuco 26.fevereiro.2009 Quando a Banda de Pífanos de Garanhuns subiu ao palco no centro desta cidade a 230 km do Recife, as duas mil pessoas presentes na praça Guadalajara talvez soubessem o que vinha pela frente. Ainda era o primeiro dia do Garanhuns Jazz Festival, realizado pelo segundo ano consecutivo, exatamente durante os três dias de carnaval no principal ponto de encontro da cidade das flores. Minutos depois, contudo, Carlos Malta aparece do nada e se junta aos pifeiros de Garanhuns. Músico dos sopros e conhecido como “escultor dos ventos”, o multinstrumentista carioca parecia carregar um objetivo não-declarado: mostrar às pessoas que, daquele ponto em diante, pelos próximos três dias, a palavra de ordem seria diversidade. Do sábado à segunda-feira, uma grande mistura de ritmos, culturas e tons. Diversidade que não se escuta nas emissoras de rádio e nem sempre se encontram CDs, mesmo nas principais lojas do gênero. Vantagem extra para quem aproveitou e comprou osdiscos de algumas bandas e músicos os quais, dificilmente, terão oportunidade de encontrar novamente.
íntegra das notas publicadas parcialmente no Diario de Pernambuco durante o carnaval, entre 22 e 25 de fevereiro de 2009. NOTA 01 Apesar do atraso de uma hora, não poderia ter sido melhor a noite de abertura do Garanhuns Jazz Festival, a 230 km do Recife. Quando a Banda de Pífano de Garanhuns subiu ao palco às 21h, o público ainda se acomodava entre as cadeiras da Praça Guadalajara para conferir o que, afinal, aquele pessoal queria mostrar de diferente em pleno sábado de Carnaval. Não demorou até o carioca Carlos Malta animar a platéia com experimentações de frevo e marchinhas de carnaval estilizadas. Mas o tão badalado jazz veio apenas com o quarteto norte-americano da Clay Ross Band. Embora tenha aberto a apresentação com um rápido (e típico) forró, a segunda música logo enveredou pelo bluegrass e daí em diante o público passou a conhecer um pouco das raízes da música americana. Alternando entre jazz, blues e uma guitarra suavemente roqueira, Clay Ross animou a platéia com sua performance, antes de chamar a diplomata Kate Bentley e seu repertório de blues clássico e “uma fusão de jazz com baião”. NOTA 02 O angolano Nuno Mindelis mostrou como conseguiu ser
Paulo Rebêlo // fevereiro.2006 Não é novidade que carnaval é tempo de libidinagem. É o júbilo das pessoas solteiras. O problema é que só funciona desse jeito, ou seja, para quem é solteiro. Outro dia, um colega sugeriu juntar a reca dos pobres-coitados e fazer um carnaval de casados, onde as pessoas poderiam brincar, beber e pular sem preocupações com a mão-boba alheia. Não funciona, perde a graça. Ficaria limpinho demais. A maioria dos foliões tende a achar que carnaval só é bom quando se pode sair agarrando todo mundo sem culpa, sobretudo quando, a cada ano, parece que mais e mais pessoas vão somente para isso mesmo. Não é por isso. Quer dizer, não só por isso. A ruína dos homens casados é bem mais simples: não importa se você vai pular com ou sem a mulher, o resultado é que a brincadeira se transforma numa dor de cabeça. Opção 1 – Caso você consiga um habeas-corpus para ir brincar carnaval com os amigos, a tendência é achar que será o paraíso. Afinal, ficará solto na buraqueira para fazer o que quer. Ledo e fatal engano. Pois, são nas ladeiras de Olinda e nas ruas esburacadas do Recife Antigo