Paulo Rebêlo | 14.dez.2011 Terra Magazine *** Sou contra casamento na igreja, noivado, aliança, anel de compromisso e, hoje em dia, até mesmo a morar junto todos os dias da semana. Mas sou a favor de um contrato nos relacionamentos. Com registro em cartório e reconhecimento de firma de pelo menos duas testemunhas. Teria apenas uma cláusula: terminada a relação, as partes concordam em se encontrar a cada quatro anos para tomar um café, uma cerveja ou um tacacá. A fim de evitar ciúmes dos respectivos e atuais cônjuges, se necessário o encontro pode ser filmado pelas câmeras de segurança do estabelecimento ou intermediado por uma testemunha idônea, de mútua amizade e ilibada conduta. Porque é sempre uma aflição quando os anos passam e a gente não tem mais notícia de quem passou por nós. Nem por Facebook. Não se trata de saber se a pessoa casou ou encalhou. Até porque elas sempre casam e procriam, é impressionante. Não necessariamente nesta ordem. Queremos apenas saber se, mesmo casada, ela está bem de verdade. Se está feliz, se gosta do trabalho atual, se não apanha do marido, se já teve os quatro filhos que queria ou se já entrou no Bolsa Família. Enfim,
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Conheço um rol de tiozinhos que até hoje choram por dentro quando escutam a música Born to be wild. Aos incautos, é um heavy metal de 1967, sucesso dos canadenses do Steppenwolf. Mexe com os brios de todas as gerações desde então. As de ontem, choram pela liberdade pela qual tanto esperaram conseguir um dia. E as de hoje choram pela liberdade que nunca tiveram na vida. Quando toca a música, eles pensam em jogar tudo para o alto, subir numa motoca e pegar a estrada. Sem rumo e sem expectativa. É quando o interfone toca e interrompe o delírio. É o entregador da farmácia trazendo o remédio para a febre das crianças. Ou para o seu colesterol que atingiu o Everest de novo. A cada dia que passa, fazer uma mochila e pegar a estrada, apenas pelo prazer de não saber o que encontrar, tornou-se um elixir impossível para as pessoas normais. Disponível apenas para selvagens. O por quê, ninguém sabe. Ou sabem e não querem admitir. Verdade, não temos a Harley Davidson do Peter Fonda e do Dennis Hopper. Nem somos selvagens feito o Mickey Rourke em cima daquela moto envenenada de Rumble Fish. Mas não precisa. A gente pode
Comprar passagem aérea em promoção pela internet é como jogar na loteria. Talvez porque credibilidade corporativa seja um termo estranho às empresas do setor. Paulo Rebêlo Webinsider – 15.mar.2010 (link) A cada promoção de passagens aéreas na internet, tenho a certeza de acelerar ao menos dois milímetros da minha calvície. Um centímetro por ser ingênuo em ainda acreditar nesse recorrente conto do vigário das companhias aéreas brasileiras. E outro pela frustração de ser feito de bobo sem poder fazer absolutamente nada, nem mesmo denunciar. Poder denunciar, até pode. A denúncia segue para a Anac (Agência Nacional de Aviação Civil), uma entidade cujos termos de atuação, presteza e zelo pelo interesse público se situa mais ou menos entre a Anatel e a Aneel. Para bom entendedor…
Paulo Rebêlo | setembro.2008 Não adianta escrever mais sobre as frustrações em viagens de avião, com direito a aeronaves mais apertadas do que ônibus de linha e passageiros que parecem nunca ter visto comida na frente. Como nem tudo é aperto e nem todos são morta-fome, um vôo de longa duração e relativamente vazio até que tem um pouco de serventia. Você termina refletindo sobre coisas realmente importantes na vida. Por exemplo: por que é tão difícil achar uma aeromoça gorda?
Paulo Rebêlo // novembro.2007 Pessoas que precisam viajar bastante (por causa do trabalho) sempre passam por uma infinidade de histórias ridículas que preferem esquecer. Há anos pegando avião, carro, ônibus, carroça, bicicleta e carro-de-boi para conseguir fazer uma maldita entrevista que no outro dia só serve para embrulhar peixe no mercado, a gente termina aprendendo que, por mais que você tente, algumas pessoas nascem predestinadas a atrair situações ridículas.
Paulo Rebêlo // dezembro.2006 Depois dos ataques terroristas do 11 de setembro, o terrorismo mudou de lado. Em vez dos loucos ensandecidos que entram em processo auto-explosivo em nome de um pseudo-deus qualquer, agora a gente precisa ter medo – e enfrentar – os terroristas que usam o crachá do aeroporto. Com leis de segurança ridículas que não funcionam, qualquer pessoa pode ser um terrorista em potencial. Eles fazem você tirar os sapatos, abrir a mala, confiscam seus pertences pessoais e mandam abrir o cinturão da calça na frente de todo mundo. E quando você está sem banho, sem fazer a barba, com a roupa amassada, cabelo despenteado e olheiras, a cena fica a um palmo de ir parar na delegacia mais próxima. O problema é que esses gaiatos nunca pedem para as galegas boazudas fazerem o mesmo, como se apenas homens pudessem ter bombas amarradas na cintura. Quem me garante que a galega logo ali na frente não carrega explosivos amarrados nos peitos? Aliás, aqueles peitos enormes podem muito bem não ser peitos de verdade, mas explosivos. Explosivos de silicone, que sejam, mas explosivos. Só que os terroristas de crachá nunca nos dão a oportunidade de presenciar uma vistoria