O homem backup

Paulo Rebêlo Terra Magazine 03.agosto.2011 A gente nunca admite por vergonha, mas estamos quase sempre procurando – ou esperando – alguém para substituir algo que perdemos. Os amigos são os mesmos. Família, trabalho e problemas, também. Arquivos do acaso, alguém puxa o mesmo livro que o seu na prateleira da livraria e, sem ninguém lembrar direito como isso acontece, estão os dois sentados tomando um café, uma cerveja ou aquele copo de uísque sem gelo. Humanamente impossível não passar pela cabeça dela, sequer por um segundo: será que ele vai me ajudar a esquecer…? Quando o ‘ele’ em questão é você, é melhor suspender as ilusões platônicas e mandar trazer o gelo. Porque em momentos assim, tudo que nós precisamos ser é alguém para ajudar a colocar uma pedra naquela cicatriz meio aberta, meio fechada, mas exposta o suficiente para ela não ter mais se interessado de verdade por ninguém. Até agora. É quando nos tornamos uma espécie de cópia de segurança psicológica. Afinal, ela tem todos os motivos do mundo para não precisar conhecer, e muito menos se interessar, por gente nova. Não faz diferença há quanto tempo acabou o casamento ou o namoro. Importa que ninguém conseguiu preencher,

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Parem o mundo, eu quero descer

Paulo Rebêlo // abril.2005 Boas músicas, boas comidas, bons filmes e bons livros. Precisa de algo mais? Talvez boas mulheres, se a coluna fosse para uma revista masculina. Como não é o caso, vamos deixá-las temporariamente ausentes da história. Na verdade, a gente não quer é receber e-mails desaforados das neofeministas de plantão, pois não temos porte de arma. Ainda.

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Tubarões do Recife

Paulo Rebêlo // agosto.2004 Tomara que não mostrem jornais pernambucanos ao Steven Spielberg. Quando ele descobrir que tem tubarão comendo gente por aqui, com a água na altura do umbigo, não teremos mais sossego. Questão de otimização econômica. Os figurantes daqui não cobram cachê. Ficam sem pernas, sem braços, e continuam sem processar ninguém – como se tubarão esfomeado a dois metros da praia fosse natural. Talvez seja, pois sempre aparece gente para dizer que é vontade dos céus.

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