Anormais

A ciência tem muito a aprender com o carnaval brasileiro. Durante os dias de folia, a sociedade se divide (por conta própria) em pessoas normais que vão brincar carnaval ou aproveitar o feriadão viajando; e as pessoas anormais que ficam em casa e trabalham sem ninguém pedir ou querem fugir da esbórnia momesca. Poderia ser simples assim, mas não é. Fulano passa o ano inteiro sedentário, não sobe sequer um andar de escada quando falta luz no edifício (melhor esperar fumando na portaria) e, durante o carnaval, o mesmo ser humano dorme apenas quatro horas por dia e passa cinco dias subindo e descendo ladeira, pulando atrás de trio-elétrico por oito horas seguidas, não faz nenhuma refeição decente e vive apenas comendo batata frita e coxinha de aquário. No dia seguinte a criatura está inteirinha da silva, zero bala, já acorda fantasiada, gritando e pulando igual ao boneco Chucky do Brinquedo Assassino, aparentemente entalado de pilhas alcalinas e metanol nas entranhas. Como isso pode ser normal? A televisão já produziu o Hulk – era um cientista antes do acidente no laboratório – mas até hoje a nossa ciência não descobriu de onde essas pessoas normais, que brincam carnaval, tiram tanta energia do nada. Agora

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