Paulo Rebêlo // março.2002 Quando foi a última vez que você convidou alguém do sexo oposto para ir ao cinema? Não vale namorada/noiva/esposa, amizades coloridas ou parente. Até porque, sabemos todos, parente é serpente. Nunca anunciei nada em classificados de jornal; mas se um dia eu houvesse de pagar por um anúncio, seria mais ou menos assim: “Procura-se: companhia para ir ao cinema, sem compromissos, mas…” Mas, na eventualidade de tal companhia ser atraente e, de quebra, puder ser simpática e inteligente, fica difícil não pensar em um after hours. Nada que uma seqüência de pensamentos insanos não resolvam: a Marlene Mattos nua ou a Hebe só de calcinha, por exemplo. Explica-se: não há duvidas de que existam pessoas do sexo oposto que conseguem se convidar para o cinema sem pintar um certo clima de te(n)são. Também é fato que existem pessoas que gostam de ir ao cinema sozinhas.
Categoria: Crônicas
Paulo Rebêlo // dezembro.2000 PARA OS HOMENS – Todo mundo já viu propaganda na TV sobre aparelhos auditivos para surdos, aqueles cotocos grudados na orelha. Por que não ainda inventaram um aparelho auditivo para não-surdos, ou seja, para quem consegue ouvir muito bem? A razão social do aparelho seria outra, é claro. Sabe quando você sai com alguém do sexo oposto para jantar, por exemplo, e a supra-citada passa a noite inteira fazendo seu ouvido de pinico? Ela começa a falar do momento em que coloca os pés no carro até a hora em que se despede e vai pra casa. Se brincar, ela não pára de falar nem na hora do papai e mamãe.
Paulo Rebêlo // dezembro.2000 Todo ano a humanidade se depara com uma avalanche de invenções. Algumas inusitadas, outras ridículas. Como 2001 é o novo milênio, esperamos que de forma paulatina a ciência olhe com mais atenção à plebe que não tem condições de gastar fortunas para comprar as novidades tecnológicas lançadas no mercado. Entre invenções inusitadas e ridículas, às vezes termina saindo algo útil e acessível à massa da sociedade. Leia-se: a ralé, nós. Assim, podemos imaginar inventos excelentes que seriam muito bem-vindos.
Paulo Rebêlo // nov.2000 Há um momento em que as pessoas parecem cansar de si mesmas. Do cotidiano, da família, do relacionamento. Cansam daquele jeito de ser. Uma espécie de fadiga psicométrica cujas conseqüências refletirão diretamente no dia-a-dia. Quando o nosso termômetro não mais consegue nivelar nossas frustrações, parece ocorrer uma explosão interna e então resolvemos mudar. Mudanças podem ser frutos de resoluções singelas, pouco significativas; ou traumáticas, desesperadoras. Singelas como um corte de cabelo, uma roupa diferente. Traumáticas como uma separação, uma perda involuntária de alguém por quem se acredita nutrir um sentimento de vigor imensurável.
na visão de um socialmente sóbrio Paulo Rebêlo // junho.2000 Você certamente já ouviu a expressão “conversa de bêbado”. Afinal de contas, o que diachos viria a ser uma conversa de bêbado? Dizem que poderia ser qualquer gênero de conversa, partindo da premissa em que os interlocutores estejam embriagados, a ponto de ninguém poder acender um fósforo por perto. Ou, simplesmente, qualquer diálogo sem “pé nem cabeça”. Seria difícil pedir a um bêbado a definição sobre sua própria conversa. Até mesmo porque bêbado não é bêbado: ele bebe socialmente, como todo mundo. Talvez seja essa a causa que faça os avinhados socializarem melhor do que quem não bebe. Em minhas momentâneas passagens sóbrias, passei a acreditar que o bêbado integra uma das facções menos anti-sociais existentes. Ou mais socializáveis, como queira.