Paulo Rebêlo // abril.2007 Ser brasileiro em terra estrangeira significa que você pode ser qualquer um e ninguém ao mesmo tempo. Não é à toa que passaporte brasileiro vale tanto no mercado negro, mas ninguém parece lembrar desse detalhe na vida real. O estereótipo é universal: somos morenos, atléticos, conquistadores e barulhentos. O problema de ser um brasileiro nem um pouco brasileiro – baixinho, branquelo, redondo, quieto e nada galanteador – é que ninguém acredita que você é brasileiro. Nem que mostre o passaporte.
Tag: viagem
Paulo Rebêlo // dezembro.2006 Depois dos ataques terroristas do 11 de setembro, o terrorismo mudou de lado. Em vez dos loucos ensandecidos que entram em processo auto-explosivo em nome de um pseudo-deus qualquer, agora a gente precisa ter medo – e enfrentar – os terroristas que usam o crachá do aeroporto. Com leis de segurança ridículas que não funcionam, qualquer pessoa pode ser um terrorista em potencial. Eles fazem você tirar os sapatos, abrir a mala, confiscam seus pertences pessoais e mandam abrir o cinturão da calça na frente de todo mundo. E quando você está sem banho, sem fazer a barba, com a roupa amassada, cabelo despenteado e olheiras, a cena fica a um palmo de ir parar na delegacia mais próxima. O problema é que esses gaiatos nunca pedem para as galegas boazudas fazerem o mesmo, como se apenas homens pudessem ter bombas amarradas na cintura. Quem me garante que a galega logo ali na frente não carrega explosivos amarrados nos peitos? Aliás, aqueles peitos enormes podem muito bem não ser peitos de verdade, mas explosivos. Explosivos de silicone, que sejam, mas explosivos. Só que os terroristas de crachá nunca nos dão a oportunidade de presenciar uma vistoria
Paulo Rebêlo // outubro.2006 Atualmente, não sei do que tenho mais medo: viajar de avião ou abrir a internet e ler sobre mais uma aeronave que caiu. Desde antes do vôo 1907 da Gol, eu já tinha vários motivos pessoais para não simpatizar com viagens de avião, como pode ser visto nas duas últimas crônicas disponíveis neste espaço. Penso cá com meus botões que, a partir de agora, mesmo em vôos domésticos precisarei chegar duas horas antes do embarque: meia hora para o check-in e uma hora e meia para encher a cara de uísque no bar do aeroporto. Só assim para ficar a viagem inteira desacordado sem depender de substâncias químicas que fazem mal à saúde. Uísque pelo menos tem o malte.
Paulo Rebêlo // setembro.2006 Mulheres bonitas deveriam ser terminantemente proibidas de viajar de avião. Como uma lei neste sentido me parece pouco plausível, acredito que as companhias aéreas poderiam, pelo menos, criar uma área diferenciada dentro da aeronave para abrigar essas criaturas. Similar ao que acontecia antigamente, quando havia divisão entre fumantes e não-fumantes.
Paulo Rebêlo // agosto.2006 Quem mora sozinho por muito tempo, enfrenta dois fenômenos padronizados que só variam de intensidade, de acordo com a pré-disposição de cada um. O primeiro e mais fácil de perceber é a liberdade social e psicológica que, uma vez experimentada, pouquíssimos desejam voltar atrás.
Paulo Rebêlo // agosto.2006 Três coisas me dão calafrios em viagem de avião: a decolagem, o pouso e a expectativa sobre a pessoa que vai sentar ao meu lado. Em vôos curtos, não é tão ruim. Em vôos mais longos, a história é outra. Não sei o que passa pela cabeça desse povo que insiste em puxar conversa achando que vai fazer uma amizade em quatro horas de vôo. Talvez seja uma inconsciente necessidade de parecer amistoso e bacana. Querem saber toda sua história de vida. O que você faz, deixou de fazer e pretende fazer um dia.