A maioria das pessoas da minha geração queria morar sozinha para ter liberdade. Eu queria morar sozinho para comer pizza e hambúrguer todo dia. E coca-cola. Litros de coca-cola. Talvez a conta metabólica chegue aos 50, talvez amanhã ou talvez quando sair o resultado da próxima endoscopia, que pelos meus cálculos será a décima-quinta. A conta pode chegar parcelada, mas também pode chegar de uma vez só, me atropelando feito uma Scania desgovernada, passando por cima de tudo igual a uma jamanta sem freio.
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Aquela pizza em 1997 me mostrou o verdadeiro valor do trabalho. Ou melhor, mostrou que eu precisaria trabalhar três vezes mais do que todo mundo. Naquele ano, o preço médio de uma pizza no Recife era de 10 reais. Algumas mais caras custavam entre 12 e 15 reais. Só que a melhor pizza de quatro queijos da cidade custava 33 reais.
Paulo Rebêlo // julho.2003 Eu só queria trocar de geladeira. Quer dizer, eu não queria trocar de geladeira, mas precisava. A nova teria que ser maior. Igualzinha à anterior, só que maior. Quando fiz minha primeira mudança, deixei claro para meu alter-ego ranzinza que não precisaria de eletrodomésticos da última geração, cheios de novidades técnicas que a gente nunca usa.
Paulo Rebêlo // dezembro.2002 Todo Natal e Ano-Novo é a mesma coisa: familiares se reencontram, tapinhas nas costas, abraços, beijinhos falsos e às vezes a tradicional troca de presentes. Se é para trocar presentes, ao menos que sejam presentes úteis. O problema de reencontrar familiares distantes no Natal é o mico de ter que levar presentes para uma pessoa que, às vezes, pode estar tão diferente a ponto de você se perguntar se entrou na casa certa.