Namorando a vovó

Paulo Rebêlo Terra Magazine 05.outubro.2011 Segunda-feira, a jovem manceba chega ao escritório com o sorriso na testa. Antecipa-se a todos para dizer que “beijou muito” no fim de semana. Foi para todas as baladas, dançou, esfregou, pegou geral. As colegas aplaudem, comentam, pulam, incentivam. E se aquelas donzelas preferissem trocar toda a pegação da balada por um final de semana em casa, assistindo Zorra Total na televisão, com um pote de häagen-dazs no colo e um namorado coxinha que segure a mão delas enquanto ri com as piadas super engraçadas do Chico Anysio ao telefone com a Dilma? E elas acordariam cedo no domingo para brincar de casinha: ir ao mercado fazer a feira da semana, comprar iogurte light, frutas frescas e verduras orgânicas. Para depois ir almoçar com os pais TFP do coxinha, em verdadeira comunhão familiar. Não é ficção. Ainda não consegui entender como tanta gente, cada vez mais jovem, sonha com uma vida assim já tão cedo. Mesmo depois de todas as revoluções culturais, sociais e sexuais que tivemos nas últimas décadas. Justamente para que nossos filhos e netos pudessem ter a liberdade que a gente não teve. Essas moças e rapazes podem fazer tudo que nossas

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A liberdade não é azul, é urubu

Paulo Rebêlo Terra Magazine * 22.fevereiro.2011 Quando um relacionamento acaba, qual é a primeira coisa que se faz? Depois do tradicional (e cada vez mais curto) luto sentimental, o senso comum mostra que os homens correm para a agenda de telefones e começam a atirar para todos os lados. Enquanto as mulheres voltam a ser “amigas” de um monte de “amigas” que há muito não viam e, juntas, vão para a balada até amanhecer o dia. Com a benção socialmente aceitável do “fim”, é a liberdade nua e crua. Mais nua do que crua, por assim dizer. O problema do senso comum é de ser similar aos filmes: tem uma ponta de verdade, mesmo estando muito longe da verdade. Em horas assim, não tem iPhone que faça a agenda de telefones funcionar. Algumas estarão casadas, com filhos, em outras cidades. Em geral, elas continuam solteiras, mas agora você é o último da fila. E, como elas adoram nos dizer, a fila anda… ou corre. Via de regra, uma mulher só precisa ser razoavelmente interessante para fazer chover. Ela estala os dedos e, num passe de mágica, chove homem bondoso, compreensivo, carinhoso, que ama os pais e quer ter filhos… e

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Como acabar um relacionamento

Paulo Rebêlo // fevereiro.2005 Existem centenas de livros sobre sexo, manuais da conquista, dicas para arrumar namorado(a) e até magias e produtos que garantem deixar qualquer uma apaixonada por você. Nessas horas, todo mundo é Dom Juan e diva da MPB. Arrumar namorada é fácil; esposa, mais fácil ainda. Difícil é pular fora, jogar a toalha branca, acabar o relacionamento sem aquele peso na consciência, sem o peculiar sentimento de culpa e a estranhasensação de fazer o papel de mentecapto da história.

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Cinema para solteiros

Paulo Rebêlo // março.2002 Quando foi a última vez que você convidou alguém do sexo oposto para ir ao cinema? Não vale namorada/noiva/esposa, amizades coloridas ou parente. Até porque, sabemos todos, parente é serpente. Nunca anunciei nada em classificados de jornal; mas se um dia eu houvesse de pagar por um anúncio, seria mais ou menos assim: “Procura-se: companhia para ir ao cinema, sem compromissos, mas…” Mas, na eventualidade de tal companhia ser atraente e, de quebra, puder ser simpática e inteligente, fica difícil não pensar em um after hours. Nada que uma seqüência de pensamentos insanos não resolvam: a Marlene Mattos nua ou a Hebe só de calcinha, por exemplo. Explica-se: não há duvidas de que existam pessoas do sexo oposto que conseguem se convidar para o cinema sem pintar um certo clima de te(n)são. Também é fato que existem pessoas que gostam de ir ao cinema sozinhas.

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Pijamas e namoros

Paulo Rebêlo // junho.2000 O nhém-nhém-nhém começa em maio. Algumas agências de publicidade se arriscam a anunciar o dia dos namorados um mês antes, com os clichês que ninguém conhece: “você não vai deixar de comprar o presente da sua namorada na última hora, vai?”. Ainda em maio, os motéis começam a anunciar as promoções para o mês de junho: “em junho, mês dos namorados, suítes luxo pelo preço das simples” e por aí vai. Tudo muito belo, tudo muito bonito. Chega o mês de junho, e logo nos primeiros dias o bombardeio de publicidade começa. No trânsito, parece que todos os outdoors falam o mesmo idioma: promoções para o dia dos namorados, belos casais se abraçando — com a logomarca de determinadas empresas ao lado — e mensagens românticas estampadas no letreiro. É interessante notar como, nas propagandas, todos os namorados são iguais. Belos, brancos, felizes e com dinheiro para gastar.

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