Paulo Freire costumava dizer que o oprimido de hoje tende a se tornar o opressor de amanhã. O pensamento, cujas bases podem ser encontradas com o devido contexto no livro que é considerado sua obra-prima – Pedagogia do Oprimido, 1970 – é uma boa referência quando observamos o movimento das gravadoras que ficaram conhecidas como independentes.
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Paulo Rebêlo e Guilherme Gatis Folha de Pernambuco – 18.janeiro.2006 Ano 2003. Um curitibano é preso em casa, na frente das duas filhas pequenas, acusado de vender MP3 pela internet. O assunto ganha as manchetes de todo o País. Quatro dias depois, ele é solto e o processo continua em trâmite. Com tanta polêmica, o assunto cai no esquecimento da mídia e a indústria fonográfica brasileira evita continuar os processos judiciais. Ano 2006, hoje. As barraquinhas de CDs piratas se multiplicam em cada esquina das capitais brasileiras. Os álbuns de artistas famosos chegam ao mercado “alternativo” antes mesmo do lançamento oficial. Ao lado de delegacias e edifícios de instituições públicas, caixas e mais caixas de discos piratas são vendidos a R$ 5,00 – enquanto, nas lojas, o preço chega a valores surreais de R$ 30, R$ 35 para um CD fabricado nacionalmente. Com tanta coisa errada vindo de cima, a indústria fonográfica prepara um dossiê para, pelos próximos meses, analisar a possibilidade de processar judicialmente o usuário doméstico: aquele que está em casa, não vende nada ilegal, mas baixa MP3 pela web. Fazer download de arquivos MP3, com músicas protegidas por direitos autorais, consiste em pirataria e é crime. O