Entrevista dos estudantes de comunicação da FUMEC, em Belo Horizonte, sobre o chamado jornalismo de código aberto, que também atende pelo nome de “open source” ou jornalismo participativo/comunitário, a depender do ponto de vista. –link original. O jornalista Paulo Rebêlo esteve na Coréia do Sul em junho deste ano, a convite do Ohmynews, para participar de um congresso sobre jornalismo participativo. Trabalha na Folha de Pernambuco e no Webinsider/UOL, além de colaborar com revistas e agências. Em entrevista ao Ponto Eletrônico, fala sobre os principais aspectos do jornalismo open source. Ponto Eletrônico: No Brasil existe algum tipo de jornalismo open source? Se existe, qual? Paulo Rebêlo: Hoje, no Brasil, eu não classificaria nenhum site como de jornalismo participativo, mas talvez até exista e eu não conheça. Você encontra, no entanto, duas situações distintas: 1) sites pessoais que se auto-intitulam de jornalismo participativo só porque abrem espaço para comentários ou “posts” do tipo blog e; 2) várias revistas online que abrem total espaço para qualquer um escrever um artigo ou matéria. Na situação 2, um exemplo é o próprio Webinsider, onde também trabalho. Não fazemos jornalismo participativo por falta de estrutura e tempo, mas o espaço é aberto a todos e
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Paulo Rebêlo (*) Observatório da Imprensa, 22.fevereiro.2005 Mesmo para quem não lê jornal e não assiste TV, foi difícil não se inteirar da balbúrdia que os veículos de comunicação fizeram com a vitória de Severino Cavalcanti. Vale o registro da Folha de S.Paulo, em editorial de 16 de fevereiro, tachando-o de “candidato sem estatura política, retrógrado e inexpressivo, que se especializou em negociações menores no dia-a-dia da vida parlamentar”. Foi quase um elogio. O leitor mais atento, porém, talvez consiga perceber que alguns jornais estão achando ótima esta vitória. É uma nova oportunidade para certas publicações – e colunas – voltarem a propagar aquela equivocada noção de que o Nordeste, principalmente Pernambuco, é o grande beneficiado desta politicagem. Politicagem, aliás, que é a cara do que o governo federal vem fazendo nos últimos dois anos. A interpretação é simples: o presidente da República e o da Câmara são pernambucanos; o presidente do Senado (Renan Calheiros) é alagoano; e o 1º secretário da Câmara (Inocêncio Oliveira) também é pernambucano. Para um Sul-maravilha rico e poderoso, até que estamos bem na fita. Bem o suficiente para propagar o conhecido ufanismo, digno da mais Polyanna das Polyannas, de que o Nordeste é o
Oba-oba e pautas perdidas Paulo Rebêlo (*) Observatório da Imprensa, 15.fevereiro.2005 Cada visita, cada inauguração é uma oportunidade ímpar para os jornais fazerem jus ao poder que possuem junto à sociedade. As melhores pautas estão sempre debaixo do nariz dos jornais, mas ninguém quer sentar o traseiro e questionar o carismático presidente Lula. Em contrapartida, seguem a comitiva do presidente interior afora, acompanham os discursos, as promessas faraônicas e publicam exatamente isto: os discursos, as promessas e a festa ao redor do carisma do personagem-presidente frente ao povo que ali está, feliz e sorridente, diante da presença ilustre. Passados dois anos, parte da imprensa parece ainda se iludir com a eleição do metalúrgico que veio da pobreza para acabar com a fome e a desigualdade. Poucos presidentes visitaram tanto o Nordeste quanto Lula, em tão pouco tempo de mandato. Vez por outra, ele está aqui a inaugurar obras e discursar sobre como o Brasil melhorou. Todo governo faz oba-oba e este de agora não é diferente. O problema é quando a imprensa – que supostamente deveria questionar para informar – enche as páginas com matérias cujo teor nada mais é do que um reles e pífio oba-oba. Não questiona. Logo,
Sem consenso não há democracia Paulo Rebêlo Observatório da Imprensa, 24.agosto.2004 A expressão do título soa como demagogia barata. Talvez até o seja. Porém, a manutenção e o fortalecimento da democracia também são outras duas bandeiras levantadas por quem defende a criação do Conselho Federal de Jornalismo da forma como está encaminhado. Pois bem, então falemos de democracia. Há algo claro como a luz do dia: se temos metade a favor e outra metade contra, então não há consenso. E se não há consenso, há democracia? Nunca vimos um assunto relacionado ao próprio umbigo da imprensa ter tanta repercussão. Até cansou ver tanta gente diferente falando e escrevendo sobre a mesma coisa e com tantas agressões gratuitas em debates pela internet. O fato é que a criação do Conselho está a anos luz de um consenso. O mínimo de humildade que se pode ter numa hora dessas é aceitar isso. Quem irá arcar com a responsabilidade de aprovar um projeto assim? Não é preciso ir longe para perceber a divisória. Enquetes foram realizadas em vários sites de jornais e revistas, inclusive neste Observatório, e só mostraram o esperado: metade para lá, metade para cá. Afora as enquetes virtuais, basta entrar
Paulo Rebêlo Observatório, 10.agosto.2004 O site Controle Público (www.controlepublico.com.br) foi retirado do ar repentinamente [veja remissão abaixo para nota de Ricardo A. Setti quando da estréia do site]. Criado em 2002 pela Folha de S.Paulo e o UOL (Universo Online), o projeto prestava um importante serviço à sociedade ao reunir um extenso banco de dados com informações eleitorais, pessoais e patrimoniais de mais de cinco mil políticos brasileiros que participaram das eleições de 1998, 2000 e 2002. De acordo com o site/blog AdVillage, o serviço foi cortado nos recentes planos de reestruturação do Grupo Folha. Durante o ano de estréia, Controle Público ganhou menção de “Melhor Contribuição à Imprensa” no Prêmio Esso de Jornalismo. No mesmo ano, Fernando Rodrigues, autor do projeto, levou o troféu do Prêmio Líbero Badaró na categoria de “Webjornalismo”. Sem contar diversas honrarias e menções durante congressos de jornalismo mundo afora. Falta-me competência para opinar sobre as nuanças dos cortes no Grupo Folha, porém, é lamentável e muito sinistro que em plena véspera de eleições o Controle Público tenha saído do ar sob argumento de contenção de despesas. Também não faço a menor idéia de quanto custa para manter o site funcionando e como é o
Paulo Rebêlo (*) Observatório, 27.julho.2004 Nenhum jornal brasileiro parece ter atentado ao fato de que o leitor está se tornando cada vez mais móvel. E não é de agora. A leitura diária do jornal, como hábito, vício ou necessidade, há muito deixou de carregar aquela aura de romantismo em que o cidadão folheia os cadernos enquanto toma um delicioso café preto com torradas feitas na hora. Ao menos para a maioria. Necessidade profissional ou masoquismo, a gente precisa ler jornal em qualquer lugar, a qualquer momento, da forma mais objetiva possível. A quem se acostumou a ler bastante na internet, o site do jornal ajuda bastante no quesito rapidez e facilidade, porém, não é mais suficiente. Alguns jornais possuem sites grotescos de tão pesados e bugados. Talvez o exemplo mais notório seja o site do Jornal do Brasil. E falo sem o menor temor de ser interpretado erroneamente, pois qualquer usuário, por mais leigo que seja, pode reconhecer isso de longe. Então o segredo é ter sites leves? Durante um tempo, até foi. Não mais. Bons exemplos de leveza e facilidade são Folha de S.Paulo e Diário de Pernambuco. Basta um pouco de atenção e o próprio usuário pode ir