Observatório, 30.abril.2003 Paulo Rebêlo (*) Primeiro Em linguagem rasteira, hoje em dia quase tudo pode se transformar em pauta de tecnologia. Um carro do ano chega dotado de tecnologia nova no motor, na suspensão etc; o mesmo vale para um aparelho de celular, um equipamento de som, as firulas de uma determinada indústria (fonográfica, por ex.), as políticas de inclusão digital e, claro, os computadores e a internet. Logo, diferentemente do que um punhado de gente possa pensar, cobrir tecnologia não é saber das últimas novidades sobre computador e internet. É preciso, antes de mais nada, ter razoável conhecimento científico e um certo embasamento técnico, capazes de fazer com que você reflita se isso ou aquilo é tecnicamente viável ou se pode estar com os dias contados no comércio, por exemplo. Ninguém nasce sabendo. É preciso ter interesse, ler, pesquisar. Funciona (ou deveria funcionar) assim em qualquer outra área de jornalismo. Este mesmo jornalismo cada vez mais sofrido, com signatários que entendem tanto do que escrevem quanto americano entende de futebol. Computadores e internet talvez sejam o calcanhar-de-aquiles de jornalistas que cobrem e gostam de manter-se atualizados sobre tecnologia, embora sejam taxados de jornalistas de internet ou jornalistas de computador,
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Observatório, 23.outubro.2002 O jornal nosso de cada dia Paulo Rebêlo (*) Dizem que ler jornal todos os dias é um vício similar ao fumo: quando você consegue parar, fica se achando um tolo porque vê que não é tão difícil assim e que aquele vício, na prática, não lhe acrescentava nada e você pode viver muito bem sem ele. Talvez seja por isso que, em alguns locais do Brasil, o jornal-papel é carinhosamente apelidado de “o mentiroso”. Chegou o mentiroso, cadê o mentiroso, embrulha o peixe com o mentiroso. No início, você acorda, toma café e sente falta de algo – mas não tem o jornal para ler, então termina se acostumando, mesmo que a duras penas. Pensa em ir até a esquina comprar, mas dá preguiça e você disse a si mesmo que tem força de vontade em resistir. Depois, chegam as conhecidas crises momentâneas de abstinência, o organismo (no caso, aqui, o intelecto) sente falta. É quando começa a sensação de ser um alienígena – no caso, aqui, um alienado. Com o passar do tempo, mesmo já habituado à liberdade, as crises às vezes voltam. Você vê uma pessoa lendo o jornal na praça e tenta não cair
Observatório, 08.maio.2002 Capital estrangeiro nas empresas de comunicação Paulo Rebêlo (*) Como todos esperavam, a Comissão de Constituição e Justiça do Senado aprovou (em 10/4/02) a redação da proposta de emenda constitucional que permite a entrada de capital estrangeiro nas empresas brasileiras de comunicação. A entrada fica limitada em máximo de 30% do capital votante. Oficialmente. Com a aprovação, pessoas jurídicas agora podem ser acionárias majoritárias ou donas de empresas de radiodifusão, televisão e impressos, com acesso ao mercado de capitais. A medida visa ajudar a organização e, principalmente, a captação de empréstimos. A linha editorial das empresas se mantém como definido na Constituição Brasileira: de responsabilidade exclusiva de brasileiros natos ou naturalizados há mais de dez anos. Oficialmente. De acordo com o senador Romeu Tuma (PFL-SP), atual relator da proposta, um acordo com as lideranças do Senado pode dar caráter de urgência ao projeto, pois ainda precisa ser aprovado em dois turnos pelo Plenário da Casa – ninguém espera que não seja. Será a aprovação definitiva, provavelmente em até um mês. A estimativa é de que, ainda neste primeiro semestre, o capital estrangeiro já esteja circulando (oficialmente, agora) nas empresas de comunicação. As demissões de profissionais qualificados, o fechamento
Brazzil Magazine Wednesday, 01 May 2002 Many journalists and media executives tend to believe that opening the media to foreign capital is their final hope for survival. By Paulo Rebêlo As expected, on April 4th, the Senate’s Constitution and Justice Committee has approved a bill opening up Brazilian media companies to foreign capital. Until now, a 60-year old law banned foreign ownership of the country’s media. The foreign participation cannot exceed 30 percent of the voting stockholders. Officially. This means that from now on any company in Brazil may be a major shareholder or own a media vehicle, such as radio and TV stations, newspapers, magazines, etc and have access to the stock market. Before the approval of the new law, media companies in Brazil had to be owned (officially) by a Brazilian citizen or someone naturalized Brazilian for at least ten years. That explains why the media in Brazil is commonly called a big family business, in which media companies are passed from father to son for generations. The new foreign investment law intends to help the organization and, especially, assist in getting fresh loans. The editorial policies from broadcast and newspaper companies should remain as defined in the
Brazzil Magazine May 1999 The Brazilian central bank burned more than a billion dollars for nothing. A Parliamentary Inquiry Commission was established, but there’s little hope that anything will change or that anybody will be punished. Paulo Rebêlo In the past month, Brazilian citizens became so excited about the possibility of having an increase in their minimum wage that they all seemed to forget the economic and “image” problems the government was facing with its own electors and, as usual, the international investors. The country has summoned the Parliamentary Inquiry Commission (PIC) in order to investigate supposed corruption between Banco Central do Brasil (Central Bank of Brazil) and two other minor banks, which could have earned millions of dollars atypically via a strange secret transaction. The Real (Brazilian currency) was devaluated in the beginning of 1999 because Central Bank wasn’t able to hold the currency value against ferocious investors anymore. This left those people whose contracts were based on the American dollar in trouble, not to mention taxes, including importing and exporting actions. Up until this point, one dollar (US$1.00) had a value of almost one Real (R$1.00)—about $1.20 Reals for each dollar. In only a few days, the currency