Paulo Rebêlo Folha de S. Paulo – 20.set.2006 (link original) BUDAPESTE – A fita que mostra a confirmação de que o primeiro-ministro da Hungria, Ferenc Gyurcsany, mentiu sobre o orçamento do país durante quatro anos é apenas a ponta do iceberg de problemas que os húngaros devem enfrentar daqui para a frente. Com o vazamento da gravação, confirmou-se o que analistas econômicos desconfiavam: os números da economia na Hungria estão sendo maquiados há bastante tempo -sobretudo por causa da pressão da União Européia (UE) para que o país acerte as contas em passo acelerado, reduzindo o déficit público (um dos maiores da UE) e gerando dinheiro em caixa para reformas estruturais. Com o conhecimento público da falácia política, a pressão da Comissão Européia deve aumentar ainda mais, complicando a vida do governo e dos cidadãos, que devem esperar novos aumentos de impostos nos próximos meses, além dos que já haviam sido anunciados antes de segunda-feira. A Hungria entrou para a UE em 2004 e, até agora, não tem conseguido realizar as reformas prometidas. Um dos principais entraves se refere à adesão ao euro. Nos últimos dois anos, o governo sustentou a tese de que o país teria condições de aderir