Paulo Rebêlo Revista MeiaUm – ed. 4 – junho.2011 * ilustração por Claudia Dias Quando coloquei os pés em Brasília pela primeira vez – lá se vão quase 25 anos – pensei comigo mesmo: as crianças daqui devem ser muito felizes. Senti uma inveja retardatária. Os anos passam e, durante todas minhas viagens a trabalho para cá, sempre carreguei o mesmo pensamento. Crescer em Brasília deveria ser o paraíso. Contudo, por estar sempre a trabalho, não tinha tempo para nada. Muito menos para observar se as crianças daqui eram mesmo felizes. Hoje, morando no Plano Piloto pela segunda vez, não sei dizer se elas são mais felizes do que as outras crianças. Agora, com tempo para observar mais de perto, sempre me pergunto: onde estão as crianças de Brasília? Não as vejo em lugar algum. Olho para tanto espaço livre e não as encontro.