Garçom

Nosso relacionamento com a instituição chamada garçom sempre foi uma eterna incompreensão para a maioria das mulheres. Elas não entendem quando a gente passa meses fora e, na volta, queremos reencontrar nossos garçons e nossos bares de outrora. Separações abruptas sempre são um processo doloroso. Delas e dos nossos bares e garçons preferidos. Quando a bateria do celular descarrega e você fica incomunicável, ela não compreende quando você liga do orelhão, no dia seguinte, pedindo para vir lhe buscar na casa da garçom. Porque atire a primeira pedra quem nunca perdeu o ônibus bacurau ou bebeu o dinheiro da passagem de volta. Às vezes o relógio atrasa e a gente perde a hora. O jeito é dormir no bar, nem sempre por vontade própria. Na falta de uma mulher-ambulância, é o garçom quem nos hospeda fraternalmente. Se você tiver sorte, a esposa dele ainda lhe esquenta um pão com manteiga antes de ir embora. E depois das primeiras pedras atiradas, você conhece a família do garçom e descobre como os sofás alheios podem ser confortáveis diante das circunstâncias certas. O garçom não é o nosso “empregado que serve à mesa em restaurantes”, como define pai Aurélio. A gente conversa, fala das novidades

leia mais

Eremita Insone S.A.

Paulo Rebêlo // nov.2007 Quando você aprende a conviver em harmonia com a insônia, ela pode até se tornar uma aliada. Enquanto os outros dormem, abre-se um universo paralelo que inclui pessoas, lugares, cheiros, comidas e até animais que, a priori, não existem para a sociedade do horário comercial. Depois de anos por amaldiçoar frustrações passadas pela insônia, com o tempo de aprendizado noturno as pessoas começam a reclamar é quando o sono chega antes de o sol nascer. Pois é justamente nesse horário, no qual até os meliantes adormecem, que você consegue apreciar o azul de uma bebida, o sabor de uma conversa e a compaixão de um vira-lata. Com o tempo, você identifica aqueles lugares cujas portas não fecham antes do primeiro raio de sol. Ali, você vai encontrar sempre os mesmos garçons puxando uma soneca enquanto não aparece um cliente. Ao entrar, eles se recompõem, ajeitam a gravata na gola e se aproximam rapidamente. Não para trazer o cardápio, não para perguntar qual é a bebida. Porque tudo isso eles já sabem decorado. Aproximam-se para reclamar. Afinal, já faz tempo desde sua última visita. Eventualmente, pedem para você olhar um caderno com exercícios do supletivo que o

leia mais

Relacionamento a três

Paulo Rebêlo // outubro.2003 Relacionamento a três consiste no seguinte: você, o bar e o garçom que lhe atende. É difícil, porque nem sempre os três lados convivem em harmonia. E quando um lado complica sua vida, você ainda tem outro para gerenciar.

leia mais

Site Footer

Sliding Sidebar

Arquivão