Paulo Rebêlo // novembro.2003 Toda separação dói. Só muda a intensidade. Separações planejadas, programadas, surpresas, temporárias, inesperadas. Talvez nenhuma machuque tanto quanto as separações abruptas. É como chegar em casa após um longo dia de trabalho, trocando qualquer coisa por um colo e cafuné, para só então perceber que a outra pessoa arrumou as malas e foi embora sem avisar. É de chorar, é de dar tiro na cabeça. Não dei tiro na cabeça porque não ia ter dinheiro para pagar o enterro, mas chorei. Chorei quando, após um longo dia de trabalho, encontrei meu bar predileto fechado. Abruptamente, sem o menor aviso. O bar que tinha cadeira cativa neste coração de pingüim. Sem um bilhete, sem uma carta de despedidas, sem dizer adeus! Sequer uma mísera placa foi colocada na porta, uma desculpa amarela qualquer. Simplesmente, trancaram tudo e foram embora… que nem as pessoas às vezes fazem: sem argumentos plausíveis, apenas com o sentimento de que “não dá mais” ou a desculpa de “vai doer mais no futuro”. Justamente naquele dia em que acordei, de novo, pensando nela. Aquela minha mesa predileta lá no canto, com uma parte encostada na parede e outra na grade. Na distância exata