A arrogância é só uma paixão

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Sem palavras, talvez um pouco bêbado, quando uma mulher é interessante demais a ponto de a gente não saber o que falar. Ou a ponto de ficarmos a procura de qualquer coisa banal para perguntar, com medo que ela perceba que não somos tão interessantes o quanto elas são – ou o quanto elas pensam que somos.

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Largou a mulher e os filhos

Nem são as mais bonitas ou mais inteligentes que já conhecemos. São apenas a equação perfeita de tudo aquilo que admiramos, gostamos e esperamos. Só é uma pena que todo esse equilíbrio, quando a gente encontra, geralmente desequilibra nossa vida inteira.

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A volta dos que não foram

Paulo Rebêlo Terra Magazine * 18.janeiro.2011 Sempre que tragédias ocorrem, como essa reprise de novela da Globo por qual passa o Rio de Janeiro com as chuvas, é comum a gente pensar nos entes queridos e em famílias inteiras que morreram. Talvez pela ausência de religião ou de sensibilidade, ou ambos, sempre me pego pensando é nas pessoas que se foram sem ter morrido. De gente que saiu da sua vida, embora continuem vivos, mesmo sem saber como e onde. Não precisa nem ser tiozinho careca e buchudo, mas até entre os mais jovens deve haver uma infinidade de pessoas interessantes e paixões perdidas que ficaram pelo caminho sem nos darmos conta. Você conhece alguém (finalmente!) interessante de verdade e em pouco tempo se tornam amigos ou amantes, mas em tempo ainda mais curto cada um segue o seu caminho e, numa época quando nunca foi tão fácil se comunicar e mandar mensagem 24h por dia, a gente só sabe se ela casou ou trocou de cidade quando muda o status do Facebook. Pelo menos eles estão vivos, será? E as pessoas e paixões que não temos notícias há anos, por onde andam? Será que nenhum deles se foi com

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Trepadeiras natalinas

Paulo Rebêlo Terra Magazine | 21-dez-2010 O que eu mais gosto do Natal é que eu detesto Natal. Logo, não preciso inventar desculpa ou matar algum parente pela terceira vez no mesmo ano para não ir às confraternizações onde há o maior número de inimigos por cadeira quadrada. Fujo de eventos assim o ano inteiro. Dividir uma cerveja é um ato sagrado de contrição espiritual e minha religião não permite participar desse ritual com lobos que viram cordeiros só porque é Natal. Me dá uma ressaca dos infernos. Veja você. Aqui na ruazinha onde morei por cinco anos alternados, no centro deste Recife limpo e cheiroso, há um grupo de cheira-colas que dormem por lá desde sempre. Às vezes aumenta, às vezes diminui, mas sempreteve. Fazem parte da paisagem e até me chamam pelo nome, pois geralmente o único bêbado sem noção que tem coragem de passar por ali de madrugada sou eu, confiante no meu crachá subjetivo de “mantenha distância, sou cidadão nativo, bêbado local”. Até quando não sei, mas até hoje funciona. Embora desconfie que o pão com mortadela e a garapa de uva que costumo pegar no caminho de volta e deixar pela ruazinha sejam, de fato,

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O selvagem da bicicleta

Conheço um rol de tiozinhos que até hoje choram por dentro quando escutam a música Born to be wild. Aos incautos, é um heavy metal de 1967, sucesso dos canadenses do Steppenwolf. Mexe com os brios de todas as gerações desde então. As de ontem, choram pela liberdade pela qual tanto esperaram conseguir um dia. E as de hoje choram pela liberdade que nunca tiveram na vida. Quando toca a música, eles pensam em jogar tudo para o alto, subir numa motoca e pegar a estrada. Sem rumo e sem expectativa. É quando o interfone toca e interrompe o delírio. É o entregador da farmácia trazendo o remédio para a febre das crianças. Ou para o seu colesterol que atingiu o Everest de novo. A cada dia que passa, fazer uma mochila e pegar a estrada, apenas pelo prazer de não saber o que encontrar, tornou-se um elixir impossível para as pessoas normais. Disponível apenas para selvagens. O por quê, ninguém sabe. Ou sabem e não querem admitir. Verdade, não temos a Harley Davidson do Peter Fonda e do Dennis Hopper. Nem somos selvagens feito o Mickey Rourke em cima daquela moto envenenada de Rumble Fish. Mas não precisa. A gente pode

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Tudo bem no ano que vem

Paulo Rebêlo // dezembro.2008 O mundo só se torna um lugar interessante quando há opções. Sem elas, o trabalho se transforma numa rotina sufocante a qual as pessoas não conseguem sair. O trânsito se torna um companheiro que você nem sente mais, talvez como o próprio companheiro que divide o teto e as contas da casa com você. O pior do natal é a falta de opções. E o pior das opções é o medo das pessoas. O marasmo, a rotina e a sangria vão engolindo suas alternativas de ontem. Para hoje você concluir que a viagem de amanhã não poderá ser feita. O emprego que tanto quis, fechou. E a pessoa que tanto amou, se foi.

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