Conheço um rol de tiozinhos que até hoje choram por dentro quando escutam a música Born to be wild. Aos incautos, é um heavy metal de 1967, sucesso dos canadenses do Steppenwolf. Mexe com os brios de todas as gerações desde então. As de ontem, choram pela liberdade pela qual tanto esperaram conseguir um dia. E as de hoje choram pela liberdade que nunca tiveram na vida. Quando toca a música, eles pensam em jogar tudo para o alto, subir numa motoca e pegar a estrada. Sem rumo e sem expectativa. É quando o interfone toca e interrompe o delírio. É o entregador da farmácia trazendo o remédio para a febre das crianças. Ou para o seu colesterol que atingiu o Everest de novo. A cada dia que passa, fazer uma mochila e pegar a estrada, apenas pelo prazer de não saber o que encontrar, tornou-se um elixir impossível para as pessoas normais. Disponível apenas para selvagens. O por quê, ninguém sabe. Ou sabem e não querem admitir. Verdade, não temos a Harley Davidson do Peter Fonda e do Dennis Hopper. Nem somos selvagens feito o Mickey Rourke em cima daquela moto envenenada de Rumble Fish. Mas não precisa. A gente pode