Paulo Rebêlo // outubro.2007 Aquela ali é para casar. Eis uma expressão enigmática para a maioria das pessoas. O que faz um homem apontar o dedo e achar que aquela mulher é para casar? Já me responderam de diversas maneiras, sempre honestamente, em vias alternadas e não necessariamente excludentes: tem que ser rica. Tem que ser bonita. Tem que ser magra. Tem que ser inteligente. Tem que saber conversar. Há de ter senso de humor. Deve ser maleável. Paciente. Carinhosa. É comum – para homens e mulheres – estabelecer critérios. As variações são inúmeras. E é claro que, às vezes, somos tudo isso e mais um pouco, mas nem assim dá certo.
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Paulo Rebêlo // fevereiro.2007 As pessoas têm uma dificuldade imensa em aceitar a própria natureza. Outro dia, uma colega ucraniana vem dizer que eu deveria experimentar uma aula de ioga. Supostamente, assim teria mais energia e não ficaria bocejando a tarde inteira. Fiquei pensando se não seria mais fácil e teria o mesmo efeito se eu, na hora do almoço, comesse algo um pouco mais leve no lugar do bife com feijão, macarrão, batata e maionese. Talvez eu pudesse dispensar a maionese. A ucraniana insistiu. ‘Você vai gostar, depois da aula me sinto tão leve, cheia de energia, o mundo parece melhor, parece que estou flutuando’… – disse ela. Nessa hora, não sabia mais se ainda estávamos falando de ioga ou se ela me chamava para fumar um baseado importado da Ucrânia. Seria ioga a marca do fumo? Pacientemente, expliquei à criatura que certas pessoas têm todos os motivos do mundo para não praticarem ioga. Primeiro, ioga é saudável. É como suco natural da fruta, meu organismo não foi moldado para coisas saudáveis. Segundo, ioga custa caro. Cada aula custaria R$ 7,00 para apenas uma hora. Pela mesma duração e com o mesmo valor, podemos comprar duas cervejas e um
Paulo Rebêlo // fevereiro.2007 Janeiro é quando as pessoas costumam fazer aquelas listas inúteis de prioridades. É sempre a mesma coisa, em fevereiro a gente nem lembra mais da lista e no final do ano não fizemos metade do que imaginamos. E no próximo ano, o ciclo se repete e, num piscar de olhos, uma década se passa e a gente ainda não escreveu aquele livro, não plantou aquela árvore e não fez aquele filho. (oficialmente) Em vez de perder cinco minutos pensando sobre nossos feitos e desfeitos, poderíamos perder cinco minutos refletindo sobre os feitos e desfeitos das outras pessoas na nossa vida e fazer uma lista de prioridades contra elas. É que depois de alguns anos, a gente olha para trás e percebe que, afinal, aquelas burguesas e patricinhas não eram tão burguesas e patricinhas assim. Hoje, quem sabe, tenham se transformado em donas-de-casa.
Paulo Rebêlo // junho.2006 Santa paciência, Batman. Ninguém mais agüenta ouvir falar em Copa do Mundo. Nunca foi preciso derrubar tantas árvores no planeta para ler as mesmas análises enfadonhas em praticamente todos os jornais brasileiros. Enquanto a mídia, que está careca de Ronaldo e sob todo o peso da atividade diária, perde-se em abobrinhas sobre a vida e os costumes na Alemanha, as pessoas espertas aqui mesmo no Brasil, debaixo do seu nariz, estão aproveitando a Copa para fazer o que pode ser feito de melhor durante um evento de tamanha grandiosidade: pular a cerca.
Paulo Rebêlo // janeiro.2005 Naquele 31 de dezembro, Melancia finalmente teria uma tarde de alforria para tomar um aperitivo com os amigos. Fazia tempo que não encontrava os papudinhos do bairro, pois o trabalho o consumia quase por completo e, ao chegar em casa, tinha os guris e a esposa para gerenciar.
Paulo Rebêlo // abril.2004 Escrever poderia ser um negócio bem mais fácil. Bastava não ter alguém do outro lado para ler. Quase todas as crônicas são escritas durante o fim de semana. Tudo por conta de uma hipocrisia super ranzinza de que, durante a semana, não se deve perder tempo produtivo de trabalho com abobrinhas.