Kwaidan número 2

Paulo Rebêlo Terra Magazine * 19.abril.2011 Talvez uma meia dúzia dessas mulheres fantasmas eu nunca mais encontre na vida, sequer sei se ainda estão vivas diante de sumiços repentinos. Uma outra meia dúzia de fantasmas desapareceu conscientemente, por um motivo ou outro, cada uma com suas razões nem sempre racionais ou explicáveis. Ou simplesmente porque casaram e acham melhor evitar certos encontros. Em comum, a todas elas, é claro que gostaria de encontrá-las uma vez mais. Não para prosseguir com histórias de um passado tão distante, mas apenas para agradecer o quanto elas nos ensinaram, independentemente do tempo de convívio. Uma das fantasmas mais doces que conheci, decerto, desapareceu do mesmo jeito que surgiu – do nada, feito aparição – e assim instalou-se na minha memória até hoje. Ela era piloto em São Paulo, fato que achei exótico e curioso por si só. Tão linda a ponto de me deixar encabulado todas as vezes em que nos encontramos, fosse para tomar um café depois do expediente ou matar a fome nas padarias 24h da paulicéia desvairada. Por tantas vezes me peguei pensando por que ela perderia tempo, noites assim, com um barrigudinho que mal conhecera, que estava sempre de passagem e, ainda

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Kwaidan número um

Paulo Rebêlo Terra Magazine * 05.abril.2011 Uma fração das mulheres mais lindas que conheci na vida talvez nunca tenham existido de verdade. A exemplo de uma das histórias do Kwaidan original, clássico de 1964 do cinema japonês, você pode jurar que elas continuarão ali. Até o dia em que ela desaparece sem deixar rastros. Hoje conto apenas uma dessas pequenas histórias, enquanto relembro outras aparições desse tipo que podem ser publicadas. Oxalá não venham puxar meu dedão do pé de madrugada. Depois de uma palestra na UFRJ, perdi a hora conversando com uns estudantes marotos e, assim, perdi também minha carona para voltar ao hotel. Quase 23h de um sábado, não havia mais ninguém por perto além de um vigilante que mostrou onde era a parada do ônibus, com um ponto de táxi por perto. Andei até lá e bateu um certo medo. Não havia ninguém na parada além de uma pessoa com casaco de capuz. Não consegui enxergar quem estava por trás do capuz. Não havia táxi. Não havia ônibus. Só o breu. E aquele capuz. Sentei na outra ponta do banco, esperando qualquer movimento daquele cidadão de capuz. Mas por baixo do capuz havia uma das mulheres mais

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