Meu passeio pelos 10 anos de Webinsider

Paulo Rebêlo | Webinsider

Para cada ano de Webinsider, ganhei um quilo na balança, um centímetro de calvície e um punhado de fios brancos no meu peitoral do Fofão. E não é piada.

Há vinte anos, o eu de hoje seria um cara bem apessoado profissionalmente. Porque era assim que, até meados dos anos 80-90, as pessoas olhavam os carecas pançudos. Só havia tempo para trabalhar, então a gente largava o futebol do fim de semana e o ônibus lotado para trabalhar o dia inteiro e curtir os benesses de uma vida sedentária com um Fuscão na garagem.

Hoje, com mil demandas simultâneas e a vida toda na web, a gente continua sem tempo para cuidar do corpinho, mas agora é diferente porque, nos dias de hoje, pançudos são preguiçosos ou incompetentes. Sempre aparece alguém para recomendar um curso de gestão. Gestão de tempo, gestão motivacional, gestão de demandas, gestão de projetos, gestão de produtividade, gestão de pessoas, gestão de bolinhas de gude… como diz nosso ilustre colega Paulo Roberto Elias: e vai por aí.

Por essas e outras é que o Webinsider continua sendo um motivo de orgulho, creio eu, para todo mundo que já passou por aqui e todos aqueles que continuam. Muita gente saiu, muita gente chegou. O público-alvo de hoje não é mais o mesmo de ontem, algo que foge um pouco (às vezes, completamente) do nosso controle.

Mas enquanto tantas pedras rolaram e tantos golias sucumbiram às bolhas internéticas na testa, até agora continuamos a tentar manter um espaço aberto com qualidade, crítica e argumentos. Longe da perfeição, mas sempre com muita honestidade.

Todo dia a gente vê gurus e especialistas dando palestras sobre assuntos mil e falando descaradamente coisas que lêem aqui de outras pessoas. Antigamente eu ficava com raiva, hoje acho engraçado.

Mas o outro lado também é válido: também escutamos vários comentários de gente que nos coloca no pedestal e, nessas horas, é preciso dizer que não é bem assim. Estamos sempre abertos aos debates e contestações, com argumentos, porque diferentemente da Globo, da Folha e do Bush Júnior, não temos a verdade universal.

Até porque, se tivéssemos, certamente o Eike Batista já teria comprado da gente.

Mobilidade é apelido

Minha pequena contribuição neste espaço sempre foi volátil, por vezes bissexta. Fases muito presentes, fases muito ausentes. Em comum, apenas a certeza de que toda minha colaboração está bem longe do trabalho hercúleo e diário do Vicente Tardin.

O Webinsider talvez seja o único veículo de comunicação onde o editor-chefe é quem mais trabalha e em todas as funções possíveis. E sem direito ao cafezinho.

Em dez anos de Webinsider, mudei de endereço umas oito vezes. Troquei de bairro, de cidade, de Estado e até de país. Fui e voltei algumas vezes. Mais recentemente, fiz um pit-stop de um ano em Brasília, estou em São Paulo agora ao que tudo indica ser apenas mais uma parada. Independemente das estações, é curioso ver a contribuição da gente sempre presente de um modo ou de outro.

Sobre a distância, escrevi esta coluna aqui quando completamos seis anos, mostrando um pouco das dificuldades, não apenas nossas, mas de muita gente que tentou investir nessa coisa feia chamada jornalismo na internet.

Para uma análise sobre o gerenciamento do site, leia também o que o próprio Vicente Tardin escreveu em 2006.

Para o pessoal de TI, um pouco da parte técnica foi abordada pelo Henrique Pereira que tanto ajudou na reconfiguração da nossa segunda interface do site.

Aliás, o próprio site também já rodou um bocado. Fizemos um pouco de história com o Zipnet (você ainda lembra?), o UOL, a Globo.com (bem antes de existir G1) e o UOL novamente. Fora as “conversas” com todos os outros portais que não foram adiante.

Em junho de 2000 – havia então acabado nossa “estranha parceria” com o  IDGNow – o Webinsider entrou no ar. Naquela época, a grande novidade do momento era o lançamento do Windows Millennium (Windows ME) e, logo em seguida, o Internet Explorer 5.5. Entre as vedetes mundiais daquele tempo, a America Online (AOL) ainda era ultra mega power.

O chato de ler essas matérias hoje é notar como pouca coisa mudou em termos de mercado. Quando chegou às prateleiras no Brasil, em setembro de 2000, o Windows ME custava R$ 439 na versão completa e R$ 199 no upgrade.

Ou seja, dez anos depois, continuamos reféns de um monte de caranguejo acomodado e sem visão.

O jeito é continuar escrevendo. O mínimo que podemos fazer é sugerir alternativas e incentivar o bom debate. Esperamos não falhar na hora H. Até porque não existe Viagra para honestidade. [Webinsider]