Linkedin / Paradox Zero | 25.abril.2019
Em situações de crise e emergência, a facilidade de multiplicar absolutamente qualquer coisa no Facebook e no Whatsapp abre as portas para o caos.
Quando as primeiras explosões foram ouvidas no Sri Lanka, no domingo de Páscoa (21), uma das primeiras medidas adotadas pelo governo foi bloquear totalmente o acesso às redes sociais e ao Whatsapp.
Quase todos os veículos de comunicação noticiaram o bloqueio, mas somente raras e isoladas exceções questionaram a medida.
Dois pesos, duas medidas, nenhuma solução.
Na falta de uma regulamentação e sobretudo de uma atualização no conhecimento de gestores de instituições e governos, muitos países têm recorrido ao bloqueio direto ou adotado modelos similares ao da China.
Antigamente, se dava o nome de censura.
Até onde vale a pena a censura às redes em nome da preservação da vida? A preservação da organização social não seria um dos exemplos mais clássicos do sofismo adotado por tantos governos autoritários e ditaduras?
A discussão vai muito além da política e da tecnologia, embora entrelace os dois campos.
No Sri Lanka, o bloqueio teve apoio de diversas instituições internacionais e centros de pesquisa em políticas públicas. Nomes de peso como CNN e BBC, restringiram-se a noticiar sem tomar posicionamento. No Brasil, a Folha de S. Paulo classificou como uma medida extrema, mas não aprofundou a discussão e muito menos debateu alternativas.
Caso bem diferente quando é a Rússia, por exemplo, que tenta aprovar um projeto de regular o uso da internet. A postura é outra.
Há temores que vários países em desenvolvimento, com governos mais inclinados ao autoritarismo, ou simplesmente mais inclinados à falta de conhecimento e excesso de ignorância (oi, Damares!), adotem bloqueios parciais ou veto total de redes sociais.
É censura ou preservação? É bloqueio ou é contingenciamento do caos gerado por crises?
E a total falta de regulamentação, podemos considerar como livre mercado ou algo próximo ao anarquismo?
Dentre tantas dúvidas, o mercado e boa parte da indústria tem apenas uma certeza: nunca houve tanto poder concentrado em uma única pessoa. Adivinha quem?