Software portátil coloca escritório no pendrive

Paulo Rebêlo
Universo Online, 12.julho.2007
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Os drives USB, também conhecidos como pen drives, deixaram de ser um acessório para se transformar em ferramenta essencial do internauta. Com um minúsculo drive, você carrega até 8 GB de documentos, músicas, filmes e fotos —é o melhor substituto do antigo disquetinho que a gente levava no bolso, com as vantagens de ser bem mais leve, menor e com mais capacidade.

O que pouca gente percebe é que os pendrives têm facilidades bem maiores do que a portabilidade, a utilidade como backup (cópias de segurança) e o transporte de arquivos. Com eles, você pode ter programas inteiros de um jeito bem seguro e privativo, para usar na lan house ou na casa de amigos.

De olho nas vantagens, vários programadores mundo afora e empresas de software resolveram investir no desenvolvimento de programas portáteis para edição de textos, planilhas, e-mail e ferramentas de internet – tudo para uso exclusivo no pendrive, sem depender do disco rígido dos outros.

Por exemplo, hoje você pode levar seus documentos do Word no pendrive, mas vai precisar de um computador com o Word instalado para abrir o arquivo, certo?

No entanto, se você tiver um programa de editor de textos que rode completamente a partir do pendrive, é possível carregar o documento sem depender de aplicativos que estejam instalados no computador.

Eis o grande trunfo dos aplicativos portáteis, que aos poucos ganham popularidade na internet e começam a fazer a cabeça de muitos usuários menos experientes, mas antenados em novidades.

A lista dos aplicativos portáteis é longa. Clientes de e-mail, browsers, pacotes de escritório, mensageiros, dicionários, editores de imagens, agenda, utilitários multimídia e assim por diante.

Quase tudo que você usa no seu computador de casa, hoje, pode ser transformado —ou baixado da internet— em forma portátil, sem necessidade de instalar nada, independente do computador que você use. Você roda o software a partir do próprio pendrive, que também contém seus documentos e arquivos.

Aplicativos para todos os gostos e tamanhos –
Para começar sua jornada pelo mundo do software portátil, a visita obrigatória é o mini-portal chamado de Portable Apps (www.portableapps.com), um ambicioso projeto que reúne os principais programas de código aberto, já conhecidos do público, mas agora em formato portátil para uso no pendrive.

O sucesso dos programas disponíveis no site cresceu tanto a ponto de seu criador, John Haller, desenvolver uma interface integrada que reúne todos os aplicativos disponíveis em um menu. Você faz o download da Portable Apps Suite e terá quase tudo que precisa para se virar fora de casa.

O Open Office oferece textos, planilha, cálculo e apresentações
Entre os principais aplicativos da Suite, cujos programas também podem ser baixados separadamente, estão o navegador Firefox, o antivírus ClaimWin, o Gaim (mensageiro que conecta ao servidor do MSN, Yahoo, AOL etc.), Open Office completo (textos, planilha, cálculo, apresentações), Thunderbird como cliente de e-mail e o calendário Sunbird, além do joguinho Sudoku.

O download tem apenas 90 MB e, para usar todos os aplicativos, é preciso um pendrive de no mínimo 512 MB.

Se você quiser economizar espaço, pode baixar a versão “Lite”, sem o OpenOffice, mas com o Abiword para editar textos, também gratuito, e usar a Suite em um pendrive de 256 MB.

Outras opções –
A lista não acaba por aí. Também em versão portátil, baixe o 7-Zip, um compactador de arquivos bem melhor do que o famoso WinZip. O FileZilla pode ser usado para conexão FTP, ótima pedida para webmasters e quem trabalha com internet.

Há ainda o NVU, para criar homepages direto do pen drive; o KeePass para armazenar suas diferentes senhas; o Sumatra para ler arquivos PDF; o Gimp para edição avançada de imagens, e muitos outros.

Vale lembrar que o site Portable Apps é apenas um dos vários repositórios de aplicativos portáteis. Para quem usa programas de compartilhamento de arquivos do tipo P2P, como BitTorrent ou eMule, é possível encontrar diversos outros softwares para uso no pendrive.

Nem todos são legalizados, então é bom ter cuidado se você quiser ficar dentro da lei. No caso do site Portable Apps, todos os programas são gratuitos e de código aberto.

Se você tem um pendrive de 1 GB em diante, nossa sugestão é baixar o pacote completo de aplicativos, incluindo o Open Office. Com ele, você abre praticamente todo tipo de documento, inclusive aqueles feitos no Microsoft Office, seja de texto, planilha ou apresentação. É como ter um escritório dentro do pendrive.

Para aprofundar sua procura, visite a Wikipedia e veja a lista inteira dos softwares portáteis disponíveis hoje. São centenas e centenas, incluindo programas que você nunca nem ouviu falar.

Desvantagens dos aplicativos portáteis não comprometem –

Os usuários de pendrives que aderirem aos aplicativos portáteis vão descobrir que a principal vantagem destes aplicativos é a portabilidade.

Depois que você se acostuma a ter todos seus e-mails em um único lugar, você não vai mais querer outra coisa. No caso do Thunderbird, basta chegar em qualquer lan house, ou no computador de trabalho, plugar o pen drive e acessar suas contas de correio eletrônico.

O mesmo vale para o navegador Firefox, que você pode usar do jeito que gosta —com os favoritos, plugins e temas— em qualquer lugar. E com o Open Office, você tem a liberdade de chegar em qualquer computador, independente dos programas instalados, e trabalhar nos seus documentos como se estivesse em casa.

Outra vantagem aparente é a privacidade. Ao trabalhar diretamente com aplicativos portáteis, toda sua produção é salva no próprio pendrive, sem deixar marcas no registro do Windows ou no computador que está sendo utilizado.

Excelente pedida para lan houses e outras conexões compartilhadas, elevando o nível de segurança e privacidade. Mas não dê bobeira: pendrive também pega vírus, então cuidado ao salvar arquivos executáveis.

Use um bom antivírus (portátil) e mantenha-o sempre atualizado.

Conte nos dedos –
Uma desvantagem é a velocidade de acesso. Apesar de cada vez mais rápidos, os pendrives são mais lentos do que o disco rígido no computador.

Para trabalhos de escritório e para navegar na internet, não chega a ser uma diferença que cansa, mas é perceptível na hora de carregar os programas, principalmente os maiores, como o OpenOffice.

Nunca será a mesma coisa do que abrir o programa direto no disco rígido, devidamente instalado. Por outro lado, depois que a janela do programa está aberta, a diferença é imperceptível.

No Thunderbird há algumas funções desligadas na versão portátil
Devido à compactação dos softwares para rodar no pendrive, em alguns casos os aplicativos portáteis não possuem todos os recursos disponíveis nas versões originais.

Em geral, a diferença é pequena para o usuário, mas está lá. Por exemplo, no Thunderbird há algumas funções desligadas para economizar o tempo de vida útil do seu drive USB, mas nada que atrapalhe as principais funcionalidades de checar/responder/gerenciar e-mail e várias contas diferentes.

Vida útil –
Falando nisso, eis um ponto de atenção: se você é um usuário constante de pendrives, fique ligado no tempo de vida útil do dispositivo. Quanto mais se usa, provavelmente menor é o tempo de vida. Não existe regra geral e as fabricantes nunca revelam quanto tempo o pendrive vive, até mesmo por conta do caráter volátil da memória usada nos pendrives.

Para prolongar ao máximo essa validade, o que conta não é o uso maior ou menor do drive, mas os cuidados básicos. Há uma série de fatores que ajudam: evitar quedas, evitar deixar o pendrive perto de telefone celular ou outros aparelhos que emitam ondas eletromagnéticas, evitar calor excessivo e evitar desplugar o pendrive abruptamente enquanto ele ainda lê os dados —procure sempre usar o ícone ‘remover hardware’ que fica na barra de tarefas (ao lado do relógio) do Windows antes de desplugar o pendrive.

Programas modificados podem caracterizar pirataria –

Nem só de programas gratuitos e de código aberto vive o mundo do software portátil. Na Internet, é fácil achar programas pagos que foram modificados, geralmente por programadores experientes, para que funcionem no pendrive de um jeito profissional, bem parecido ao original.

Para termos uma idéia, existe até mesmo o Photoshop CS2 em versão portátil, com apenas 200 MB de espaço. O Photoshop é o mais poderoso e mais caro programa para edição de imagens.

Nesta mesma linha, já circula na rede as versões portáteis do DreamWeaver (para criar sites), do Nero (para gravar CDs e DVDs), do Skype, do Dicionário Aurélio, do QuarkExpress (editoração), do CorelDraw (editoração/gráficos), do Adobe Acrobat (leitura e edição de PDFs) e até mesmo do Microsoft Office.

Note que, em alguns casos, como é o exemplo do Skype, o programa não é pirata —até porque o Skype é gratuito para download. Mas a versão portátil não tem o respaldo da desenvolvedora oficial, sendo modificado pela internet e disponibilizado de forma não-oficial.

Na mesma linha, também é possível encontrar o Windows Live Messenger (MSN) portátil e, também, o Yahoo Messenger. Uma maravilha para o usuário, mas nem tanto para as empresas.

Pacote Office –
O caso mais impressionante é da Microsoft. O pacote Office 2003 tem várias versões portáteis circulando na internet. Com apenas 200 MB, você tem Outlook, Word, Excel e Powerpoint no seu pendrive, podendo abrir os programas e trabalhar normalmente neles. E o melhor, eles carregam super rápido, não requerem instalação e não deixam rastros no computador.

Parece pouco? Pois, até o novíssimo Office 2007 também circula em versão portátil. Um pouco maior, é claro, ocupando 400 MB e com direito a todos os aplicativos. Mas também é possível achar a versão “light” do Office 2007 portátil, com apenas 200 MB, sem o Outlook, mas incluindo Word, Excel, Powerpoint e o Publisher.

Vale lembrar, novamente, que o uso de softwares pagos no pendrive contraria a licença de uso, principalmente no caso da Microsoft, como explica Loredane Feltrin, gerente de produto da divisão Information Worker da Microsoft Brasil.

“Não se pode copiar o Office em mais de uma máquina (apenas a versão Home & Student permite isso), ou seja, se alguém tem o Office instalado na máquina e gera a aplicação para dispositivos móveis, ele está ilegal”, sentencia Feltrin.