RAC – parte 04

Observatório, 30.setembro.2003

ARQUIVO DE NOTÍCIAS
Como digitalizar conteúdo do papel

Reportagem auxiliada por computador – parte 4 (*)

Paulo Rebêlo (**)

No capítulo anterior [remissões abaixo], tivemos as últimas noções sobre como criar uma série de palavras-chave e nomenclaturas para organizar seu arquivo de notícias para consulta offline.

O fato é que salvar conteúdo da internet para armazenar no computador é um processo bem rápido. O problema é armazenar conteúdo que não esteja na internet, como é o caso de muitas revistas que não abrem as matérias para leitura online e de jornais que abrem apenas para assinantes.

A única maneira é digitalizar (“escanear”) o papel impresso. Funciona, mas com certos problemas:

** Digitalizar documentos requer muita paciência, pois é um processo demorado. E tempo é tudo que nós não temos.

** Scanners domésticos são lentos e são poucos modelos que conseguem digitalizar com qualidade quando a tampa está aberta. Sim, porque manter a tampa sempre aberta enquanto se digitaliza várias páginas nos economiza bastante tempo.

** É muito mais trabalhoso (e chato) ficar virando páginas e mais páginas na revista, comparado ao clicar de mouse para passar à pagina seguinte na internet.

** Depois de digitalizado, quase sempre é preciso fazer uma leve edição no documento: cortar sobras, sombras e recortar o que não interessa.

É fácil perceber que não existe absolutamente vantagem alguma em digitalizar reportagens. O único porém é que, não obstante, temos a necessidade de digitalizar esses documentos. Principalmente daquelas revistas velhas que guardamos em casa e cujas reportagens não vamos encontrar na internet.

Algumas pessoas optam por não digitalizar nada (falta de tempo, de paciência, ou ambos), enquanto outras preferem “perder” parte do domingão para atualizar o arquivo pessoal. Aqui vão algumas dicas para os nerds da segunda opção.

Scanner

** Compre um scanner, no mínimo, razoável. Hoje em dia, vale o investimento, pois não é caro.

** Tamanho não é documento. Inclusive, a maioria dos scanners [domésticos] grandões são justamente os mais lentos.

** Alta resolução é balela. Para digitalizar documentos, mesmo com fotos, ilustrações e infográficos, você não precisa de altas resoluções, nem mesmo se quiser imprimir depois. O importante é velocidade. Quanto mais rápido, melhor.

** Bons scanners podem digitalizar documentos com a tampa aberta sem perda significativa de qualidade. Isso economiza tempo e paciência, dois fatores extremamente preciosos.

** Fuja de scanners que sejam conectados no computador através de porta paralela. Porta paralela é aquele “plug” enorme, padrão das impressoras. Fuja de scanners que liguem na tomada.

** Opte por scanners que não liguem na tomada, são os de interface USB. A ligação é direta entre o scanner e a porta USB no computador. Você vai precisar ter entradads USB no computador. Se não tiver, compre um adaptador, é baratinho.

** Scanners com interface USB funcionam sem problemas de compatibilidade e possuem taxa de transferência (velocidade) superior. Caso seu computador seja um top de linha, opte por scanners USB 2.0, ainda mais rápidos. Na dúvida, consulte aquele seu amigo do amigo do conhecido que entende tudo de informática.

** Opte por um scanner que tenha botões de rápido acesso. E configure-os. Muita gente tem scanner e não configura esses botões. Configure um botão para, assim que seja acionado, já comece a digitalizar o que estiver por cima da bandeja. Impossível descrever como isso economiza tempo, depois de horas digitalizando documentos no domingão.

Qualidade ou velocidade

Hoje em dia, qualquer programa de imagem e editoração tem o recurso de digitalizar documentos. Você pode usar CorelDraw, Photoshop, ACDSee, Paint Shop ou o aplicativo que vem no CD original do scanner. Até mesmo o Microsoft Office.

O importante não é o programa, mas sim a facilidade de uso e manuseio para você, além do formato desejado para digitalizar. Usar Photoshop ou CorelDraw, por exemplo, só para digitalizar imagens, é um desperdício de tempo, paciência e recursos do computador. São pesados e, conseqüentemente, vão tomar mais o seu tempo.

Há opções bem mais leves e recheadas de recursos também, como ACDSee e Paint Shop, ambos disponíveis na internet. Os programas embutidos no CD original do scanner, geralmente, são pobres de opções e recursos de edição rápida, mas funcionam.

Muitas vezes, é mais rápido e produtivo você usar um programa apenas para digitalizar e outro programa para recortar, editar e gravar a imagem. Mantenha as duas janelas sempre abertas e fique alternando. Enquanto um programa digitaliza o documento, o outro recebe seus comandos de recorte, edição e gravação do arquivo – com aquela nomenclatura que já vimos nos capítulos anteriores.

Para ter qualidade, o ideal é sempre fazer a pré-visualização do documento (preview) e só depois mandar digitalizar exatamente a área desejada. Para poucos documentos, não tem problema. Mas, para digitalizar pilhas de reportagens, é um gasto desnecessário de tempo.

Digitalize sempre em tons de cinza, o chamado grayscale. Depois veremos o motivo. Agora, se você quiser velocidade, esqueça a pré-visualização. Mande o scanner digitalizar toda a área possível. É perceptivelmente menor o tempo que o scanner gasta para digitalizar tudo em tons de cinza, em contrapartida ao tempo gasto pela pré-visualização mais a digitalização selecionada.

Com o documento digitalizado, você pode ir no outro programa (de edição) e fazer os recortes e colagens necessárias. É preciso ter um conhecimento básico do programa para executar essas operações.

Nem sempre vale a pena gastar tempo recortando sobras e espaços. Particularmente, deixo isso tudo para lá. Salvo com espaços em branco mesmo e faço as colagens, para que todas as páginas da reportagem fiquem em um único arquivo.

No próximo capítulo, mais dicas para digitalizar documentos com ainda mais velocidade e noções básicas sobre resolução (DPI) e cores.

(*) Material da base de dados da Abraji – Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo (www.abraji.org.br )

(**) Jornalista no Recife (www.rebelo.org)