Turbine seu Natal com jogos para PC

Paulo Rebêlo
Folha de Pernambuco – 14.dez.2005

Em dúvida sobre um bom presente para as festas natalinas? Não pense duas vezes, compre
um jogo para PC e faça uma alegria em dobro: a sua e a do presenteado. Durante os últimos
meses deste ano, as desenvolvedoras de games aceleraram a produção e hoje as lojas
dispõem de uma série de títulos novos, dentre os quais haverá pelo menos um que lhe faça
perder algumas horas semanais em frente ao monitor. Tem de tudo: ação, estratégia, tiro,
terror, corrida… A Folha Informática testou alguns. Veja também os macetes para usar na
hora do aperto.

É clichê dizer que os jogos estão cada vez mais cinematográficos, com enredos também
semelhantes a roteiros de cinema. Afinal, o setor de games é uma das indústrias nas quais
inexiste o termo “crise” ou “recessão”. Em cálculos de hoje, movimenta quase US$ 10 bilhões, um valor superior ao movimentado pelos filmes de Hollywood, de acordo com o levantamento Global Entertainment and Media Outlook 2004/2008.

Com tanto dinheiro e tanta gente se dando bem, o processo óbvio é que a festança se reflita
na qualidade dos games. Mesmo quando o jogo é ruim, às vezes faz parte de uma franquia de sucesso – como Quake, Need for Speed, Doom etc – e vende feito água, só pelo classicismo da série. Ocorre que, eventualmente, chega uma desenvolvedora e apresenta algo completamente novo, que certamente será copiado em seguida. Para quem tem memória boa, foi assim com Diablo e Max Payne, por exemplo.

Este ano, a novidade mais interessante fora das franquias de sucesso é uma mistura de ação e suspense de fazer os incautos dormirem com a luz acessa: chama-se First Encounter Assault Recon ou, simplesmente, FEAR. Apesar de seguir o padrão de tiro em primeira pessoa, ele leva o jogador a um verdadeiro filme, por sinal, bem parecido com a trilogia de terror japonês “Ringu”, que no Ocidente ganhou o remake americano “O Chamado”. FEAR obteve as melhores classificações em revistas e sites especializados, como Gamespot e Gamers Guide, além de também ter o voto da equipe da Folha Informática.

F.E.A.R – Derrote os seus próprios fantasmas

Em F.E.A.R., você é um novato que integra um pelotão de elite para situações paranormais. A missão será a mesma do início ao fim: neutralizar Paxton Fettel, um ex-colaborador do governo que enlouqueceu e controla, mentalmente, um esquadrão de soldados clonados em uma empresa abandonada e cheia de mistério. No desenrolar do jogo, você vai conhecendo a história de Fettel (e talvez até concordar com ele) mas, sobretudo, vai lidar com situações arrepiantes ao constatar que Fettel não é o seu pior inimigo.

Além do enredo bem interessante, o maior trunfo de FEAR é a jogabilidade e a inteligência artificial dos adversários. Eles fazem emboscadas, passam instruções via rádio para os companheiros, quebram janelas e saem rolando, se escondem enquanto o reforço não chega e criam estratégias para lhe cercar quando estão em vantagem numérica. A segunda boa pedida de F.E.A.R. também é seu principal ponto negativo: os gráficos. O jogo exige uma verdadeira máquina para rodar em qualidade razoável, sendo o recomendável 1 Gb de RAM.

Para a maioria dos usuários, o jeito é configurar os detalhes gráficos para o mínimo, mas não se desespere, pois o jogo continuará bom e assustador do mesmo jeito. O que irá mudar, obviamente, são detalhes de física, como cápsulas de bala e texturas detalhadas em objetos e cenários. F.E.A.R. é tudo o que Doom 3 tentou ser e não conseguiu. Tem suspense e horror na medida certa, sem apelar para monstros e seres imaginários, com uma trama envolvente.

SERVIÇO
Requisitos mínimos:
Windows 2000 ou XP apenas
Processador de 1.7 GHz
512 Mb de RAM (1 Gb recomendado)
64 Mb de placa de vídeo
(256 Mb recomendado)
5 Gb de espaço em disco

Call of Duty 2 – Jogo retrata ritmo frenético da guerra

Vai chegar o dia em que, se outra guerra mundial não ocorrer antes, nossos filhos e netos vão terminar achando que a 2ª Grande Guerra foi um ato romântico das nações, dada a quantidade de jogos sobre o tema, sempre detalhistas e heróicos. Call of Duty (CoD) não é apenas mais um jogo de guerra, mas retrata um cenário que já demonstra sinais de cansaço: as batalhas sangrentas entre soviéticos, ingleses, americanos e alemães no período de 1942 a 1945.

A franquia CoD rendeu excelentes dividendos para a produtora com o primeiro título, que não à toa, resolveu seguir a mesma fórmula no segundo jogo.

Call of Duty é o oposto do principal concorrente Medal of Honor. Enquanto este preza por um ritmo um pouco mais lento e reflexivo, CoD não deixa tempo para respirar ou pensar. Talvez seja o maior trunfo para os fãs, realçado neste segundo game: a imersão no ambiente caótico e barulhento da guerra.

Você recebe informações pelo rádio, seus companheiros gritam, os inimigos gritam ainda mais, bombas explodem, granadas pipocam aos seus pés, balas para todos os lados, aviões passando, tanques atropelando barreiras e você bem no meio tendo que cumprir os objetivos. No quesito imersão, CoD é quase um simulador.

Os gráficos são ótimos mas, com tanta desordem no cenário, fica difícil prestar atenção em detalhes. A física do jogo não é das melhores. É comum atirar em vidraças e não ver nada quebrando, bater em objetos que não se movem e assim por diante. No mais, CoD é o extremo da diversão, principalmente porque você não é apenas um herói americano, mas encarna o papel de soldados soviéticos, alemães e ingleses, batalhando pelos vários lados da história.

SERVIÇO
Requisitos mínimos:
Windows 98/2000/ME/XP
Processador 800 MHz
(1.4 GHz recomendado)
256 Mb de RAM (512 Mb recomendado)
64 Mb de vídeo (128 Mb recomendado)
5 Gb de espaço em disco

Sniper Elite – Para os “campeiros” de Counter Strike

Quem jogava Counter Strike (CS) lembra bem da figura do “campeiro”, aquele cara que ficava em cima dos edifícios ou escondido no cenário com rifle de longo alcance, o popular sniper. Sniper Elite parece ter sido feito sob medida para essa turma. É um jogo de tiro que preza pela estratégia e sangue-frio, onde você faz o papel de um atirador de elite com missões secretas a cumprir. Durante a maior parte do tempo, você vai andar agachado ou deitado, aproveitando-se do uniforme para se camuflar no cenário e, assim, não ser detectado pelos inimigos.

Aproveite o alto de edifícios e os binóculos de longo alcance para usar a sniper e seguir adiante. Evite confrontos diretos, não tente matar todos. Apenas cumpra sua missão. Sniper Elite é um excelente jogo para quem tem paciência e gosta de bolar estratégias, não para os fanáticos por ação do tipo Call of Duty ou Quake. Não se espante se levar uma hora inteira para completar apenas uma missão, até porque, às vezes, basta um único tiro para você morrer. Os gráficos são apenas razoáveis, sem destaques. A grande sacada é mesmo a simulação, visto que na hora de dar o tiro fatal você precisa levar em consideração o efeito da gravidade, a força do vento, o foco, a distância e até mesmo a respiração.

SERVIÇO
Requisitos mínimos:
Windows 98/2000/ME/XP
Processador 1 GHz (1.4 GHz recomendado)
256 Mb de RAM (512 Mb recomendado)
32 Mb de vídeo (64 Mb recomendado)
5 Gb de espaço em disco

Quake 4 é um Doom 3 em versão melhorada

A iD Software, responsável pela franquia Doom e Quake, não soube trabalhar muito bem o desenvolvimento e o marketing por trás deste jogo que poderia ter ficado para história. Os dois primeiros títulos da série marcaram época (1996 e 1997), Quake 3 foi um fiasco em 1999 e Quake 4 segue uma fórmula batida, porém ainda em voga, de atirar primeiro e perguntar depois, mesmo que seja numa mosca. O enredo é a continuação de Quake 2, onde você novamente precisa combater a raça alienígena Stroggs.

O jogo usa o mesmo motor gráfico de Doom 3 e, de certo modo, tenta imitar um pouco a linha de assustar com grunhidos e cenas grotescas. Os Stroggs são realmente horripilantes, mas não é preciso bolar uma estratégia (além de segurar o botão de tiro) para trucidá-los. O ponto alto de Quake 4 é quando você é capturado e se transforma em um ser híbrido de humano e Strogg, mais forte e veloz.

O game não chega a ser ruim mas, de fato, não traz nada de novo ao jogador médio. Se você gostou de Doom 3 ou, mesmo não gostando, chegou até o fim, Quake 4 garante mais horas de diversão em ambientes escuros com efeitos de luz de primeira categoria, além de gráficos realmente bons e pesados. Só não espere muito do modo multiplayer, que é bem padrão e sem novidades. A iD Software planeja, para 2006, o lançamento de Quake Wars, com enfoque exclusivo em partidas online.

SERVIÇO
Requisitos mínimos:
Windows 2000 ou XP apenas
Processador de 2 GHz
512 Mb de RAM
128 Mb de vídeo
3 Gb de espaço em disco

Fable é uma fábula em tempo real da MS

Historicamente, a Microsoft não tinha a área de games como o forte dos negócios. De cinco anos para cá, a empresa resolveu investir pesado no setor e o resultado era esperado: muito sucesso. Títulos como Dungeon Siege, Halo e Age of Empires, somente para citar três exemplos, levam muita gente a chegar atrasada ao trabalho. Em Fable, a Microsoft trouxe para o PC um grande sucesso do Xbox, uma mistura de RPG com ação que trabalha o imaginário e a personalidade de cada um.

Você comanda um pequeno garotinho que, após a morte dos pais, começa a ser treinado em uma aldeia de heróis. Suas atitudes durante o jogo vão moldar o personagem, transformando-o em uma pessoa simpática e acessível ou resmungão e grosseiro, para o bem ou para o mal. Fable agrada adolescentes e adultos, sem cair na mesmice. A versão para PC é melhor do que a para Xbox, com missões extras, enredo melhorado e gráficos aprimorados.

Se você cumprir apenas as missões primárias do jogo, Fable dura apenas umas dez horas seguidas. O diferencial é ir descobrindo cenários e missões escondidas, conversando com as pessoas e se aprimorando. Lembre-se que o destino do personagem é seu: da infância até a fase adulta. E o mais legal é ir percebendo como isso vai mudando durante o enredo. É um jogo diferente, de comandos simples e cenários bem coloridos.

SERVIÇO
Requisitos mínimos
Windows XP apenas
Processador 1.4 GHz (2.5 GHz recomendado)
256 Mb de RAM (512 Mb recomendado)
64 Mb de vídeo (128 Mb recomendado)
3 Gb de espaço em disco