Novo ranking classifica desenvolvimento municipal

Pesquisa // Estado perdeu duas posições enquanto oito cidades cresceram mais do que 50%

Paulo Rebêlo
Diario de Pernambuco // 31.agosto.2008

Lagoa do Ouro, Jurema, Jucati, Orobó, Vertentes, Frei Miguelinho, Brejão, Lagoa de Itaenga. Nem todo pernambucano sabe onde ficam estes oito municípios no interior do estado, espalhados geograficamente e à primeira vista sem nada em comum. Para os governos, contudo, podem representar uma oportunidade de aprendizado sobre políticas públicas e desenvolvimento. Ao menos no que depender do Índice Firjan de Desenvolvimento Municipal (IFDM), uma nova classificação elaborada pela Federação das Indústrias do Rio de Janeiro, cobrindo os 5.564 municípios brasileiros.
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Divulgado neste mês de agosto, o IFDM revela que Pernambuco caiu duas posições no ranking de desenvolvimento humano, saindo da 11ª posição nacional para 13º. Ocorre que diversas cidades apresentaram uma melhoria considerável. Os oito municípios em questão são aqueles que, entre 2000 e 2005, tiveram uma melhora superior a 50% nas variáveis de estudo do IFDM: emprego & renda, educação e saúde.

Emtodo o Brasil, o ranking da Firjan destacou-se por comprovar que o avanço socioeconômico tem sido mais visível no interior do país, com destaque para as cidades de médio porte. Entre as 100 melhores cidades do país, 82 têm menos de 300 mil habitantes – apenas duas capitais aparecem na lista: Curitiba (PR) e Vitória (ES). A maioria dos 184 municípios de Pernambuco obteve melhoria na classificação. Ou seja, 95,1% estão numa situação melhor do que a encontrada em 2000, segundo o ranking.

O crescimento nacional também se comprova no estado. Entre as de médio porte, Caruaru e Petrolina tiveram o maior crescimento pelo ranking da Firjan. A primeira saiu do 9º lugar em 2000 para ocupar a terceira colocação. E Petrolina pulou da 14ª posição para a quarta, na frente de Olinda (6ª) e Jaboatão dos Guararapes (5ª).

Com mais variáveis do que o famoso Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) da Organização das Nações Unidas (ONU), o IFDM trabalha com mais indicadores sociais e, conseqüentemente, consegue detalhar mais os resultados finais. A diretora de desenvolvimento econômico da Firjan, Luciana de Sá, explica que no IDH é considerado apenas o PIB per capita. “Quando você entra com geração de emprego e salário médio do trabalho formal, tem uma noção maior e mais próxima da realidade”, acredita.

Olinda e Jaboatão abaixo da média

Em 2000, o Recife ocupava a terceira colocação no ranking de desenvolvimento da Firjan, atrás de Olinda e Jaboatão. Estes dois municípios conseguiram ir contra a maré do desenvolvimento nacional, regredindo para 5ª e 6ª colocação, respectivamente. A constatação foi o suficiente para, pouco depois da divulgação dos números, deputados questionarem os dados na Assembléia Legislativa de Pernambuco (Alepe), receosos dos prejuízos políticos em plena campanha eleitoral.

Ao calcular a média das três variáveis da metodologia adotada pela Firjan, nove municípios pernambucanos apresentaram variação negativa entre 2000 e 2005: Jaboatão, Camaragibe, Santa Filomena, Amaraji, Angelim, Olinda, Floresta, Cupira e Ipojuca, em ordem crescente. Diversos outros mostram resultados favoráveis quando comparados a 2000, o que não significa que tenham uma boa qualidade de vida.

Um outro estudo, desta vez do Instituto de Pesquisas Econômicas (Ipea), divulgado poucos dias antes ao da Firjan, mostra que as cidades médias brasileiras, de100 mil a 500 mil habitantes, também arcaram com maior crescimento populacional e econômico entre 2000 e 2007. Enquanto 236 cidades médias estudadas pelo Ipea apresentaram crescimento populacional de 2% e do PIB de 5,27%, as grandes (com mais de 500 mil habitantes) obtiveram índices de 1,66% e 4,63%.

Profissionais e especialistas consultados pelo Diario, em agosto, atribuem o “êxodo desenvolvimentista” a causas bastante conhecidas da população: insegurança, qualidade de vida e crescimento habitacional desordenado.

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