MP3 : descubra a nova febre da internet

Paulo Rebêlo | fevereiro.1998

A música é, indiscutivelmente uma das grandes paixões do homem. Lendo, dormindo, conversando ou almoçando, ela estará presente. E por que não nos computadores? Não, não estamos falando daqueles arquivos de som em formato wave (.WAV) que ocupam um tamanho enorme e reproduzem faixas pequenas o suficiente para não termos o trabalho de guarda-los. Não, nós também não estamos falando daquelas seqüências de instrumentos midi (.MID) que já arrecadou tantos adeptos e colecionadores. Estamos mostrando a você, um apaixonado pela música, um novo formato de compactação de audio que já virou mania no mundo inteiro e principalmente na mãe de todas as redes – a Internet. É o padrão Mpeg Layer 3 Format, ou simplesmente, MP3.


Após a revolução dos drives de CD-ROM a busca por esta nova tecnologia (audio) tinha em foco um ponto muito forte: a música. Um computador pessoal tornaria-se um CD Player com mais recursos do que os convencionais. É claro que este não veio a ser o motivo único que levou milhares de usuários a terem o aparelhinho como seu novo sonho de consumo, mas, um grande empurrão se foi dado ao vermos o slogan: ” Escute CD’s de audio (música) em seu computador “. Quem não lembra da época de nosso bom e velho Windows 3.1 onde era necessário o devido software para podermos usufruir deste privilégio?

Esta é a principal meta dos arquivos de formato MP3 – reproduzir músicas no seu disco rígido sem a necessidade da unidade de CD mas com a mesma qualidade. Músicas retiradas de CD’s comuns quando convertidas para este formato, reproduzem em tempo real e com qualidade a um degrau de igualdade, uma faixa completa de som. Assim como os CD’s que estamos acostumados a ouvir, as músicas neste formato possuém qualidade superior a outros padrões, nível de ruído zero e como já é de praxe: novos opções e recursos para o usuário do que um simples CD Player.

Um pouco mais sobre o formato – O padrão mp3 possui um método de compactação de audio com uma perda mínima de qualidade. De fato, é possível a criação de suas próprias músicas sem perda alguma. A compactação é feita praticamente a 12:1 (doze por um) o que representa um tamanho que gira em torno de 96% menor do que seu original se fosse retirada diretamente dos CD’s comuns. Uma faixa de 3-4 minutos quando lida diretamente de um CD, ocupa 30-40 MB de espaço em disco. Esta mesma faixa ao ser convertida para MP3 ocupará 3-4 MB. Como isso é possível? Simples: este processo de copia converte a formato gravado no CD para o tão conhecido formato .wav, o que resulta em arquivos gigantescos e com pouca credibilidade. Carregar seguidos arquivos .wav com este tamanho é uma tarefa que exige paciência do usuário. Sendo assim, faça feito eu e milhares de internautas mundo afora: Adote esta nova inovação e parta para a criação de suas próprias MP3 ou vá a caça na Internet.

Reprodução – Reproduzir músicas em MP3 é uma tarefa muito fácil e simples a primeiros olhos. Mas tenha calma. Antes é necessário que você saiba um pouco mais sobre as restrições deste formato. Como já sabemos, a reprodução das faixas são feitas em tempo real. Também já sabemos que a compactação que gera uma redução de 96% no tamanho do arquivo é algo delicado e consequentemente pesado. Uma faixa retirada de um CD de audio comun, possue os seguintes parâmetros: Stéreo (channel), 44hz (frequency), 16-bit (bit/sample) e 128 kb/s (samplerate). Reproduzir uma música com os parâmetros descritos acima requer uma máquina realmente potente. Uma placa Pentium é o mínimo que precisamos para se obter resultados satisfatórios. A reprodução de uma música com qualidade idêntica ao original puxa cerca de 75% dos recursos de sua CPU, deixando os 25% restantes para outros trabalhos. Isso resulta em uma lentidão um tanto quanto incômoda na máquina. Isto deve-se principalmente ao canal de saída – Stéreo.

Com o software próprio para escutar suas músicas, você terá à distância de um clique diversas opções de reprodução e entre elas, a configuração de saída (output). Modificar a saída de stéreo para mono, é um grande negócio. Reduzirá em 30% o consumo da CPU e deixará seu computador mais livre para outros trabalhos. A reprodução stéreo? mono não é percebida de início a ouvidos nus. Em outras palavras, a qualidade será praticamente a mesma, trazendo mais vantagens para você, que ainda usa as caixinhas de som que veio no seu kit multimídia.

Também é possível modificar outros parâmetros, como a freqüência, por exemplo. A partir daí, a qualidade cairá perceptivelmente, perdendo muito do que o formato compactado tem a oferecer. Desabilitar outras funções como visualização e equalizador, também resultam em um ganho de performance considerável.

Imprevistos – Durante a reprodução de uma faixa compactada, é provável que você presencie dois obstáculos, de acordo com a divisão correta ou não dos recursos de seu computador. “Congelamentos” no computador (delay) por um curto espaço de tempo e / ou chiados e ruídos na reprodução deverão ser algo certo e não o devem espantar.

Da mesma forma que os arquivos são lidos em tempo real, os recursos também são consumidos em tempo real – e é isso que gera a lentidão para outros serviços. Os ruídos serão resultado do constante uso de seu disco rígido enquanto uma faixa em MP3 é reproduzida. Os congelamentos ocorrerão se esse uso for contínuo.

Para evitar ruídos, evite abrir e fechar programas constantemente, principalmente os mais “pesados”. Isso é algo que geralmente não (por hábito) fazemos, principalmente para navegar na Internet. Com o programa de mensagens eletrônicas (email) e seu navegador (browser) já abertos, carregue seu aplicativo de MP3 e comece a navegar pela rede ao som de Bach, Mozart ou sua banda predileta.

É inviável executar programas como Scandisk, desfragmentador de disco (defrag), anti-vírus ou qualquer outro parecido durante a reprodução de uma música. Instalar aplicativos relativamente grandes (durante uma reprodução) também não é uma boa pedida. Os programas descritos acima puxam seu disco rígido continuamente. Durante uma faixa, isso resultará em um congelamento temporário ou até mesmo (de acordo com os recursos disponíveis) um “travamento”, sendo o botão de reset sua única saída.

Distribuição – Distribuir MP3 é considerado ilegal, consitituíndo em pirataria. Fazer cópias e mais cópias de CD’s originais e “passar” a seus amigos inflige os direitos autoriais do mesmo. Mas isso termina aí. Você pode criar suas próprias MP3 para uso doméstico (ouvir em sua casa) e procurar na Internet algumas gratuitas. Gradativamente, famosas bandas e cantores disponibilizam trechos de músicas ou até mesmo faixas completas em seu site na rede. O download de uma MP3 pode ser mais rápido do que sua criação em casa, mas sua conta no provedor poderá dar um ligeiro aumento no fim do mês.

Produção – A criação de MP3 são um trabalho complicado. Inicialmente constam-se em dois processos distintos: extrair a faixa de um CD comum de áudio para formato .WAV e a conversão do mesmo para o padrão Mpeg. Dificilmente o seu drive de CD-ROM poderá fazer esse serviço. A grande maioria das unidades de CD que estamos acostumados a ver e usar não possuem recursos disponíveis para tal função, ficando assim os drives de padrão SCSI os responsáveis para esta cópia. Geralmente as unidades de CD-ROM SCSI, são aquelas que gravam CD, os chamados CD-R – recordable.

Algumas unidades de CD mais novas, utilizadas em conjunto com um software especial podem simular o trabalho do unidade SCSI, mas com qualidade inferior. Devemos lembrar que, nossos CD-ROM são fabricados com a leitura em foco, diferentemente dos SCSI que são fabricados com a gravação como meta principal, indepedente do tipo de dado que estejamos falando.

Com o devido software, a faixa é retirada em formato WAV. Com outro software, esta mesma faixa é convertida para MP3. E com outro, você poderá escuta-la. São dezenas de aplicativos para a criação/reprodução, todos achados gratuitamente na rede.

Software – Tanto para Windows como para DOS, eles estão espalhados não apenas em sites que tratam de MP3 mas, aos poucos vão tomando espaço em famosas localidades já conhecidas como biblioteca de arquivos, como a Tucows e Windows95.com. Cada um possui sua própria característica, ficando a seu gosto o que mais se adequerá a suas exigências.

Para retirar faixas de CD’s, se destacam o CD-WORX para Windows 95, o CDDA para DOS (a versão 32-bits é inferior) e o WinDAC, sendo este último o mais rápido e mais aceito de todos – ao mesmo tempo que é o mais difícil de se achar.

Um dos primeiros – e mais conhecidos – conversores de WAV para MP3 é o L3 Encoder / Decoder ou simplesmente L3ENC. Trata-se de um aplicativo para DOS, bastante funcional e técnico. Hoje em dia, migra-se para novos algorítimos de compressão, sendo a maioria para Windows 95. Entre eles, o que mais se destaca é o MP3 Layer Producer Professional que é sem dúvida o melhor e mais rápido. Ao mesmo tempo, este aplicativo é comercial, ou seja, o uso é liberado apenas mediante um pagamento prévio aos autores. Versões freeware (gratuitas) existem aos montes para download. E entre elas, opte pelo MP3 Compressor que também utiliza um novo padrão de compressão para ambiente gráfico 32 bits – em outras palavras, Windows 95/NT.

Para reproduzir suas músicas, opções não faltaram. Existem até versões para DOS – bastante inferiores por sinal. Os dois que mais se destacam pela qualidade e gosto dos usuários são o WinPlay 3 e o WinAMP. Ambos possuem recursos exclusivos e tentam cada vez mais diminuir a perda de performance durante uma música. No que se refere a isso, o Win Play 3 ganha literalmente pois requer menos CPU do que seu maior concorrente. Por outro lado, o Win AMP disponibiliza ao usuário um leque de opções e uma interface bastante amigável.

Todos os softwares descritos acima são fáceis de serem achados em sites de arquivos e principalmente em alguns exclusivos para MP3. Em páginas de busca como o Altavista (http://www.altavista.com) ou Yahoo (http://www.yahoo.com) é possível obter dezenas de links para home pages especializadas no formato. Algumas inclusive são brasileiras.

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