Falha nas urnas deixa eleitores revoltados

Paulo Rebêlo
Diario de Pernambuco
08.outubro.2008

Viaturas da Polícia Militar tentaram impedir no início, mas o protesto ocorreu de forma pacífica e tomou proporções maiores do que o previsto, ontem à noite, em Camaragibe. Centenas de eleitores frustrados se reuniram em frente ao Colégio Francisco de Paula, em Timbi, contra o alto número de urnas quebradas no dia da eleição, além de supostas irregularidades no processo eleitoral do município. Em uníssono, clamaram pela realização de novas eleições e criticaram o descaso da Justiça.

A maioria dos manifestantes alega que foi impedida de votar por conta de defeitos nas urnas. Em Camaragibe, o atual prefeito João Lemos (PCdoB) venceu por 523 votos de diferença para o segundo colocado, Demóstenes e Silva Meira (PSC), na cidade cujo eleitorado é de 104 mil pessoas. Foram computados 80.797 votos válidos. Representantes e presidentes de vários partidos políticos, além de coordenadores de campanha e candidatos a vereador, também participaram do protestoe pediram esclarecimentos, diante de tantos relatos sobre irregularidades e urnas defeituosas. Eles formalizam um documento para enviar, hoje, ao Tribunal Regional Eleitoral (TRE).

De acordo com as pessoas ouvidas pelo Diario, os três principais problemas são referentes ao funcionamento das urnas. “Digitamos o número do candidato e aparecia outro. Não importa quantas vezes, as fotos não batiam e tinha vereadores sem fotos nas urnas”, explicou a aposentada Severina Maria Evangelista. A ambulante Raquel Alves relatou outro caso: “votamos no vereador e a urna mostrava o voto como finalizado, sem a opção para prefeito”, disse. Durante o protesto, dezenas de pessoas relataram, ao mesmo tempo, problemas idênticos e para candidatos variados, embora a maioria dos militantes tenha declarado apoio ao social-cristão Meira.

Mesários relataram casos de urnas quebradas desde às 9h (a eleição começou às 8h) e sem conserto até às 15h. “Mesmo assim, fecharam os portões às 17h e mandavam as pessoas justificarem o voto depois”,explicou Ronaldo Francisco dos Santos. Pelos cálculos de representantes dos moradores e de partidos, seriam pelo menos 15 mil pessoas prejudicadas, que perderam a oportunidade de votar ou que simplesmente não souberam em quem depositaram o voto.