GESTÃO // Governador presta contas da administração durante debate sobre segurança pública
Paulo Rebêlo
Diario de Pernambuco – 28.fev.2008
Com o governador por perto, não há prefeito que ouse jogar a responsabilidade da segurança pública para cima do governo estadual ou federal, embora sejam os responsáveis pelo setor. E não foi diferente, ontem, durante seminário sobre o papel das prefeituras na segurança, promovido pela Associação Municipalista de Pernambuco (Amupe). A proposta do debate é abrir os olhos dos gestores para a questão, a partir de estudos e experiências exitosas quando as prefeituras entram em cena, de forma ativa, em vez de aguardar as resoluções (e verbas) estaduais e federais. É a mesma recomendação de especialistas em segurança, cansados de falar sobre as possibilidades de programas e pequenas ações municipais as quais, a curto e a longo prazo, reduzem consideravelmente o índice de violência nas cidades.
Seguindo o tom político de elogios e críticas diplomáticas, o evento reuniu políticos, representantes de prefeituras locais, da Polícia Militar, da guarda municipal, entre outros. Na primeira parte – a mesa política -, segurança pública foi o tema menos discutido ou abordado apenas ao fim dos discursos. Durante quase duas horas, o clima foi de elogios às ações governamentais e ao governo Lula. O prefeito do Recife, João Paulo, realçou a importância do encontro e colocou-se “à inteira disposição para contribuir com o governo”, sem esquecer que a “prefeitura colabora com o Pacto pela Vida”. Curiosamente, secretários municipais e políticos da base aliada costumam dizer, em diversas oportunidades e sem medir palavras, que a segurança é de responsabilidade do estado e da União. A ladainha é nacionalmente padronizada.
A fala de João Paulo foi seguida pelo deputado federal Inocêncio Oliveira (PR), que aproveitou a oportunidade para também enaltecer as ações do governo Lula, ao mesmo tempo em que criticou duramente os governos anteriores, comentando sobre educação e até Bolsa Família. Inocêncio clamou por um “modelo pernambucano de segurança pública”, em vez de imitar modelos importados, como o tolerância zero de Nova Iorque.
O governador Eduardo Campos, embora tenha dito ter compromissos externos (confirmado previamente com sua assessoria) e que não poderia se alongar no evento, terminou por fazer um longo discurso e, na prática, uma prestação de contas. Fez um raio-x de sua atuação até agora, pediu um “salto de qualidade na interação entre prefeitos e governo”. Não esqueceu de citar como “quitou débitos de hospitais” e melhorou a educação e a saúde. Ao fim, clamou por “ajuda” ao dizer “a minha parte tenho assumido e quem precisa de ajuda, pede. E eu peço a ajuda dos prefeitos”.
Para o evento de ontem, apenas prefeitos de municípios com mais de 30 mil habitantes foram convidados. Em um segundo momento, no dia 11 de março, o restante das cidades entrará na mesa de discussões. De acordo com o presidente da Amupe, Anchieta Patriota, a divisão ocorreu pela necessidade de que as discussões sobre projetos, programas e ações sejam compatíveis com os municípios e suas populações.