A maldição do Fokker-100

O Fokker-100 é uma praga de azar no Brasil, mas também é um excelente estudo de caso para os macumbeiros de plantão.

Naquele mesmo ano de 2002 (leia aqui), a TAM registrou nada menos que quatro acidentes em menos de quinze dias envolvendo o modelo Fokker-100.

Foi o mesmo modelo que, na manhã de 31 de outubro de 1996, caiu no aeroporto de Congonhas, em São Paulo, matando 98 pessoas em um intervalo de dez segundos. As investigações apontaram falha técnica, exigiram novas medidas de segurança para o Fokker-100, mas os incidentes continuaram. Após o acidente, novas aeronaves foram compradas. Em 2002, a TAM tinha 47 Fokker-100.

Por que? Simples. É uma aeronave barata, ao mesmo tempo que é considerada segura pelos padrões internacionais e confortável. Confortável, é verdade. Depois da tragédia de 1996, tive a oportunidade de viajar duas vezes em Fokker-100. Nas duas, fiquei 24h sem dormir para conseguir apagar completamente durante o vôo e só acordar no aeroporto.

O Fokker-100 é um avião de produção holandesa. Teve grande sucesso, a Fokker produziu outros modelos mas, no final dos anos 80, a empresa já mostrava um declínio acentuado de qualidade e estabilidade financeira. Nos anos 90, a situação era deprimente, o que nivelou por baixo os custos da aeronave e, evidentemente, quando várias companhias aéreas compraram Fokker-100 a preço reduzido.

O bizarro dessa história é que a Fokker holandesa faliu em 1996, o mesmo ano do acidente em Congonhas. Faliu, acabou. Mas as aeronaves continuaram tendo manutenção externa, dentro dos padrões internacionais, segundo as companhias aéreas.

Mais bizarrice. O Fokker-100 que caiu em 1996 tinha sido pintado de azul marinho e na fuselagem estava escrito “NUMBER ONE”, em comemoração a um prêmio recebido pela TAM como a melhor companhia de aviação regional do mundo. Saiba mais aqui.

Saiba mais – Até o final da década de 70, havia um avião japonês muito usado no Brasil pela VASP, era o YS-11, apeliado de Samurai. Ele foi aposentado pela VASP em 1977, justamente, pelo excesso de acidentes e complicações técnicas.

O Fokker-100 é o Samurai holandês encarnado no Brasil. Para conferir uma lista de acidentes recentes envolvendo a aeronave, leia este apurado da Folha Online.

Confira também uma cronologia feita em 2004 dos acidentes aéreos no Brasil, desde 1958. É impressionante como são muitos acidentes e a quantidade de pessoas mortas.

De onde vem o nome Fokker? Do inventor, claro. Anthony Fokker, considerado um pioneiro da aviação, abrindo a empresa homônima em 1910 e registrando em 1912.

No resto do mundo, o Fokker-100 sempre teve alta credibilidade e era preferido por executivos. A própria Fokker, tinha credibilidade na manutenção. Tá certo que se macumba desse certo, Campeonato Baiano terminava sempre empatado. Mas a história do Fokker-100 no Brasil é um prato cheio para as pajelanças.

Sobre o desastre de 1996 em Congonhas, não deixem de ler a versão dos fatos escrita pelo Jorge Tadeu, envolvido no acidente. E se você quiser ter uma lista completa dos acidentes, com direito a informações técnicas e muitas imagens, visite o Desastre Aéreos.net
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Colaboração de Celso Pedrosa Filho, que tem brevê de piloto em Salvador-BA: é por essas e outras que a Ocean Air adota a sigla MK-28 para suas aeronaves. E a gente explica: o MK-28 é a mesma aeronave Fokker-100, mudaram apenas o nome por causa da imagem.

1 Comment A maldição do Fokker-100

  1. Anônimo

    eu achei horrivel o acidente por que voce esta em sua casa e ve um corpo voando na sala de sua casa eo fokker-100 e um aviao bonito e bom!

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