Paulo Rebêlo
Diario de Pernambuco
14.março.2009
É de perder as contas quantas comédias adolescentes Hollywood nos empurra a cada ano. Mais ainda os chamados “road movies”, quando um casal ou grupo de jovens pegam o carro e saem desbravando a América em aventuras alucinadas.
A fórmula é sempre igual e o motivo é simples: a bilheteria é garantida, porque rir parece ser mesmo o melhor remédio. A única diferença em Sex Drive – Rumo ao Sexo (Sex Drive, EUA, 2008) é a tentativa dos roteiristas de passar um pouco de aparente ingenuidade nesta estreia do final de semana nos cinemas do Recife.
De resto, tudo já foi visto antes. As piadas são boas, os personagens são carismáticos e a gargalhada é garantida, embora a versão exibida nos cinemas tenha quase 20 minutos de cortes em cenas de nudez, piadas mais pesadas e algumas passagens sem sentido – tipo mulheres nuas correndo em primeiro plano, enquanto os atores dialogam em segundo plano, sem finalidade alguma. Tudo isso você encontra apenas no DVD “sem cortes”, já disponível no mercado e melhor do que a versão dos cinemas.
Não se deixe levar pelo título, porque sexo é exatamente tudo que não existe neste segundo filme dirigido por Sean Anders. A nudez não chega a ser explícita, condiz com o excesso de hormônios adolescentes que Sex Drive narra durante a tentativa desesperada do jovem Ian (Josh Zuckerman) de perder a virgindade, antes que aceite se transformar no “mais estranho da turma” para sempre. Se você lembrou de clássicos dos anos 80 como Porky’s e O último americano virgem, acertou em cheio. Aqui, há apenas uma previsível repaginação.
Se de um lado Sex Drive está adaptado aos novos tempos com diversas referências a blogs, internet e mensagens de texto como realidade intrínseca ao comportamento de hoje, por outro o filme perpetua o estilo American Pie de fazer comédia de tudo e de todos sem restrições, ao mesmo tempo em que empurra goela abaixo uma “mensagem bonita” no final. E insiste na idéia de atores mais velhos interpretando adolescentes.
Destaque para a participação coadjuvante e hilária de James Marsden (o irmão mais velho), mostrando uma versatilidade sempre bem-vinda. Além de ser o Cyclope da franquia X-Men, o ator passeia pelas comédias românticas (Vestida para casar), musicais (Hairspray) e dramas independentes, como o ótimo 24º dia (The 24th day, 2004).