Oldboy é trunfo de trilogia da vingança

Paulo Rebêlo
Revista Pipoca Moderna // novembro.2005

O título é até engraçado, mas Oldboy tem quase nada de cômico na sangrenta trajetória de Oh-Daesu em busca do responsável por tê-lo seqüestrado e aprisionado, durante 15 anos, em um pequeno quarto de hotel. Apesar de visceral e hiper violento, conquistou Cannes e o mundo com a brilhante atuação de Choi Min-sik no papel de Oh-Daesu, com destaque para as cenas onde ele literalmente engole um polvo vivo e o célebre confronto múltiplo no corredor, com a arma inusitada: um martelinho qualquer. Nesta tomada, o cansaço e estafa de Daesu e dos seus adversários são reais, visto que o diretor fez questão de filmar tudo em uma única seqüência, sem cortes.

Não à toa, Oldboy virou hype no Ocidente bem rápido, não somente por conta das inusitadas reviravoltas da trama, mas grande parte por conta da “moda” de Quentin Tarantino adotar filmes orientais como afilhados. Em Oldboy, Tarantino não teve participação alguma (nem em sonho), mas depois que assistiu em Cannes fez questão de dizer que o filme tornou-se um de seus favoritos. Pronto, bastou isso.

Oldboy, produção sul-coreana de 2003, é a segunda na chamada “trilogia da vingança” – cuja primeira película é Sympathy for Mr. Vengeance (Boksuneun naui geot) de 2002 – que tornou Park Chan-wook internacionalmente reconhecido e aclamado, na Coréia, como o mais genial diretor da safra atual. Mesmo com seu primeiro filme rodado em 1992 (Moon Is the Sun’s Dream), ele começou a ganhar os holofotes foi em 2000 com “Gongdong gyeongbi guyeok JSA”, também conhecido como Joint Security Area. O tema é bem delicado: as relações e ideologias divergentes entre as duas Coréias, norte e sul.

Depois de assistir Oldboy, vale a pena procurar o primeiro filme da trilogia, nas melhores locadoras ou, se não encontrar, pedir o DVD pela Internet. A exemplo de Oldboy, a trama é enrolada, mas garante um ótimo filme: um surdo-mudo chamado Ryu precisa a todo custo de dinheiro para bancar o transplante de rim da irmã. Para tal, resolve com a namorada seqüestrar a filha do chefe, só que nem tudo é o que parece. Em tempo: para variar, o remake americano de Oldboy já foi anunciado, sob direção de Justin Lin, um taiwanês-americano sem filmes conhecidos na bagagem.

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