Paulo Rebêlo
Pipoca Moderna | 18.ago.2009
Os primeiros 20 minutos de “Arraste-Me para o Inferno” mostram exatamente qual é a intenção do diretor Sam Raimi, que começou a carreira com o clássico “A Morte do Demônio” (The Evil Dead, 1981), um dos filmes de terror mais cultuados do começo dos anos 80, cuja sequência foi batizada no Brasil de “Uma Viagem Alucinante” e fez o ator Bruce Campbell se tornar o rei dos filmes de terror B. Pois em seu aguardado retorno ao gênero, Raimi fez… uma comédia.
Não é por acaso que o namorado da protagonista (Alison Lohman, uma nova queridinha de Hollywood) seja vivido por Justin Long, ultraconhecido de comédias das mais variadas.
“Arraste-Me para o Inferno” é uma versão de luxo do humor negro de “Evil Dead”, na prática uma verdadeira viagem alucinante, com ritmo frenético, rumo ao balde dos clichês de horror. É um cliché por minuto. Do início ao fim, não há absolutamente nada de novo e os sustos são tão óbvios que deixam a clara suspeita de que tudo não passa de um grande trote com a platéia.
A própria idéia de ser amaldiçoada por “ciganos demoníacos” é pra lá de ultrapassada.
O cineasta pode até achar que chutou o balde, mas o que tinha dentro era água fria para cair em cima de quem esperava com ansiedade seu retorno ao horror, após tantos blockbusters do mesmo super-herói.
Assinando a direção, produção e roteiro, Raimi até parece ter se divertido, mas a impressão é que tratou o filme como simples passatempo, enquanto espera para voltar a filmar o Homem Aranha. Em toda a presente década, Raimi só dirigiu filmes do Homem-Aranha e, agora, este passatempo.