Parem de escrever no Facebook

Paulo Rebêlo
Março 2021 | Sententia


Por que você deve parar de postar seus textos no Facebook?

Tenho feito essa recomendação há vários anos, não apenas profissionalmente em treinamentos e consultorias, mas também informalmente a amigos e colegas que adoram um textão nas redes sociais.

Resposta simples: porque o Facebook é um buraco negro de conteúdo. Tudo que entra ali, é sugado e desaparece para todo o sempre.

Um post é mais perecível do que um peixe embrulhado pela notícia velha do jornal.

Toda aquela fúria que você teve ao escrever aquele textão, o sentimento de alegria, tristeza ou frustração, tudo esvaece depois de algumas horas e meia dúzia de curtidas.

E até você mesmo, autor do textão, depois vai tentar encontrar e não vai conseguir. Se nem o autor acha os próprios escritos, imagina os outros?

Bom, se a sua meta for escrever para desaparecer mesmo, então a rede social atende ao objetivo: é instantânea, frugal, rasa e passageira.

Mas se você acredita no que escreve e no que produz, vamos à resposta longa e mais técnica. 

Não cometa facebookcídio. Ainda.

Não é apenas uma questão de indexação no Google. Há questões maiores envolvidas.

No caso da indexação, muita gente não sabe ou sabe e nunca observou: com exceção das informações básicas do seu perfil ou da sua página (fanpage), absolutamente tudo que está publicado no Facebook e no Instagram não é indexado (“encontrável”) pelo Google.

E por nenhum outro, como o Bing, o Yahoo ou o excelente e menos conhecido DuckDuckGo.

Seria menos frustrante se o Facebook tivesse um mecanismo de busca minimamente decente e funcional, porém, em 17 anos de existência, o feice nunca conseguiu oferecer um motor de busca de verdade. E talvez nunca consiga, mas isso é assunto para outro artigo…

Tudo se perde no Facebook, mesmo estando vinculado ao seu perfil. O algoritmo usa seu conteúdo para análise e processamento, mas não tem interesse que você faça o mesmo.

Então, se pergunte: vale a pena investir tempo, suor e lágrimas em textão com validade de poucas horas e que vai desaparecer da internet?

Só você pode responder.

Não precisa parar de usar o Facebook, não precisa parar de postar no Facebook, não é para fechar sua conta. Continue postando no Insta as fotos daquele hamburgão gigante que você comeu, continue compartilhando as festas que você vai, não tem problema. Mas se você tem um textão, guarde seu material, não deixe exclusivamente à mercê de um algoritmo encapetado que vai direcionar seu texto para quem “ele” acha que vai curtir.

Quem escreve, e quem gosta de escrever, quer mais pessoas lendo e encontrando o que escreveu. Até bula de remédio se beneficia com mais público.

Sim, é verdade que você pode escrever para si mesmo e não querer público.

Eu também escrevo para mim mesmo, muitas vezes, sem me preocupar com leitores. E acho que a maioria das pessoas que escreve compulsivamente, feito eu, pessoas que vivem para escrever ou escrevem para sobreviver, não se preocupam muito com os leitores. Não é uma crítica, na verdade não é bom ou ruim, é apenas instinto e necessidade, não se luta contra.

Você pode não se preocupar com público, você pode não se importar com os leitores, mas talvez a gente deva se preocupar com a gente mesmo. Com o material que escrevemos, com os sentimentos que compartilhamos.

Guarde seus textos.

Em arquivo, em papel, no guardanapo, onde quer que seja. Use o Word ou qualquer editor de texto. Se não tem Word, use o Google Docs.

Mantenha sempre seus arquivos em nuvem, para ter mais segurança. Se quiser um porto digitalmente seguro, envie aqui para o Sententia ou escolha seu próprio blog ou plataforma preferida. Desde que seja indexável.

Do lado profissional, há questões ainda maiores, mais complexas e mais urgentes.

Se você produz ou gerencia conteúdo para clientes e empresas, a não-indexação do Facebook e do Instagram é um túnel sem luz e sem fim.

Porque a curadoria via algoritmo é o caminho mais curto para o esquecimento.

Empresas, políticos, candidatos, lojas, profissionais liberais, não importa a área de atuação: a sua biografia, a sua história, o seu trabalho, tudo está perdido – e continua se perdendo – quando você deixa apenas nas redes sociais à espera de likes e compartilhamentos.

Entenda, todas as mídias são importantes profissionalmente. A depender do setor, são importantíssimas. E as redes sociais estão no topo das prioridades há vários anos. Se você precisa (ou quer) atingir público, gerar engajamento e ter alcance, nenhuma outra mídia no planeta oferece o que o Facebook oferece.

Apenas não deixe seus textos e seu conteúdo somente nas redes sociais.

É um desperdício de talento e de sentimento.

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