A memória política nas eleições recentes para prefeito do Recife

A memória política nas eleições recentes para prefeito do Recife

Paulo Rebêlo | 03.junho.2016

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Não importa o país. Memória política nunca foi uma virtude do eleitor. No Recife, porém, parece que disputamos o título de menor memória política em linha reta da América Latina.

Veja o exemplo do pré-candidato Daniel Coelho (PSDB). Do ponto de vista estritamente político, conseguiu de modo bastante inteligente reverter a pressão contrária a seu nome e colocar seu bloco na rua. Foi o primeiro dos pré-candidatos a fazer isso, inclusive sendo o primeiro a oficializar uma plataforma digital de pré-campanha para convidar as pessoas a enviar sugestões.

A eficácia desse método é discutível e pode variar de acordo com a ideologia e conhecimento social de quem for lhe responder, mas o que parece não deixar margem para discussão é o nome: O Recife que você quer.

Faz apenas quatro anos – ou seja, na última eleição para prefeito – que o mesmo slogan foi utilizado. Em 2012, o marketing político do então candidato a prefeito pelo DEM, Mendonça Filho, passou a campanha inteira com o slogan “O Recife que a gente quer”.

Veja uma das inúmeras matérias neste link e um dos inúmeros vídeos divulgados na internet e na horário eleitoral.

Dois anos depois daquela eleição, no auge da movimentação popular do Ocupe Estelita, a maior crítica era contra a proposta do consórcio de empreiteiras chamado Novo Recife.

Mas foi justamente em 2012 que a campanha do então candidato Geraldo Julio foi toda marcada pelo slogan Novo Recife, com direito a site oficial: umnovorecife.com.br — amplamente divulgado em horário eleitoral e material de rua. A diferença é apenas uma, ou melhor, “um”.

Com exceção do atual prefeito, que nunca exerceu cargo eletivo antes, todos os atuais pré-candidatos à Prefeitura do Recife têm um longo histórico de contribuições parlamentares no currículo. Se são contribuições positivas ou negativas, cabe ao eleitor escolher.

Só que, infelizmente, enquanto o mercado, as instituições acadêmicas e os veículos de comunicação não se entenderem para oferecer uma ferramenta simples e acessível de informação categorizada e indexável para que a gente possa conhecer melhor nossos candidatos, as eleições e o Recife vão continuar do jeito que eles querem.

E daqui a dois anos, na eleição para Governador de Pernambuco, todos os números e promessas de hoje também vão cair no esquecimento porque o eleitor e, muitas vezes a própria imprensa, acha que o Google está aí para ajudar a gente.

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