Garanhuns Jazz Festival 2009

íntegra das notas publicadas parcialmente no Diario de Pernambuco durante o carnaval, entre 22 e 25 de fevereiro de 2009.

NOTA 01

Apesar do atraso de uma hora, não poderia ter sido melhor a noite de abertura do Garanhuns Jazz Festival, a 230 km do Recife. Quando a Banda de Pífano de Garanhuns subiu ao palco às 21h, o público ainda se acomodava entre as cadeiras da Praça Guadalajara para conferir o que, afinal, aquele pessoal queria mostrar de diferente em pleno sábado de Carnaval. Não demorou até o carioca Carlos Malta animar a platéia com experimentações de frevo e marchinhas de carnaval estilizadas. Mas o tão badalado jazz veio apenas com o quarteto norte-americano da Clay Ross Band. Embora tenha aberto a apresentação com um rápido (e típico) forró, a segunda música logo enveredou pelo bluegrass e daí em diante o público passou a conhecer um pouco das raízes da música americana. Alternando entre jazz, blues e uma guitarra suavemente roqueira, Clay Ross animou a platéia com sua performance, antes de chamar a diplomata Kate Bentley e seu repertório de blues clássico e “uma fusão de jazz com baião”.

© rebelo.org

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NOTA 02

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O angolano Nuno Mindelis mostrou como conseguiu ser eleito a “melhor guitarra do mundo” pela revista Guitar Player Magazine. Fugindo um pouco do tradicional jazz, Mindelis conseguiu fazer o público pular das cadeiras na Praça Guadalajara, no centro de Garanhuns. Alternando entre o rock e um blues mais pesado, Mindelis destilou clássicos do gênero e por várias vezes foi acompanhado pela platéia, que não resistiu aos apelos do músico e rapidamente se aproximou do palco para cantar. Ponto alto da festa, o angolano não poupou energias (e nem horário) ao fechar sua apresentação com “I Know What You Want”. Achando pouco, desceu do palco e circulou pela praça com sua guitarra, fazendo a festa das câmeras e filmadoras digitais. Com os pedidos de saideira, o carioca Carlos Malta volta ao palco e divide uma última música com Nuno, que sai ovacionado pelos blueseiros em Garanhuns. No domingo, as atrações incluíram a banda Nuages (Equador), Igor Prado Band (SP) e a Dixie Square Band (SP).

NOTA 03

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O veterano guitarrista James Wheeler mostrou o verdadeiro blues de Chicago, numa das noites do Garanhuns Jazz Festival, a 230 km do Recife, em pleno período carnavalesco. Atração mais aguardada do domingo, o americano entrou no palco pouco depois da meia-noite e dividiu as primeiras canções com o paulista Lancaster, que pouco antes havia arrebatado à platéia com seu “Late Night Blues”, título do segundo álbum do blueseiro. Na companhia de James Wheeler – que já acompanhou B.B. King e Etta James – os dois guitarristas não pouparam as energias de uma lotada Praça Guadalajara, no centro de Garanhuns. Lancaster mostrou que “funk” não é apenas o carioca dos batidões, mas os genuínos funks dos anos 70, de James Brown & Cia. Segunda-feira foi a vez da banda paulista Blues Jeans, do trio Marcelo Martins (RJ), Robson Fernandes (SP) e Uptown Band (PE) colocar o público para dançar. Izzy Gordon (SP) encerra o festival com chave de ouro, num show baseado em seu primeiro disco solo.

NOTA 04

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O performático Jimmy Paez, da banda Nuages Jazz (Equador) conseguiu colocar a chuva para correr com sua tuba e suas acrobacias no palco, seguido pela guitarra de David Bonilla. Pela primeira vez tocando no Brasil, eles se apresentaram no Garanhuns Jazz Festival e, embora tenham feito um som mais desconhecido do que os demais, quase não pararam de tocar, tamanha a satisfação do público e os pedidos de “mais um”. A banda paulista Igor Prado Band também não deixou por menos, pela guitarra do próprio Igor Prado, a bateria do irmão Yuri Prado e o sax de Denilson Martins. Acompanhado do contrabaixo acústico Rodrigo Mantovani – que também havia dividido o palco com o angolano Nuno Mindelis, num dos melhores shows do festival – a Igor Prado Band foi só elogios à organização do festival e a Garanhuns. A temperatura de 18C e a chuva durante o domingo inteiro não espantaram o público, que compareceu em peso à Praça Guadalajara.

NOTA 05

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Um dos nomes mais esperados durante os três dias do Garanhuns Jazz Festival, a 230 km do Recife, Izzy Gordon fechou a programação do evento com chave de ouro. Na terça-feira, Garanhuns voltava ao “normal” com a promessa da terceira edição para o próximo carnaval em 2010. Filha de Dave Gordon e sobrinha de Dolores Duran, Izzy Gordon dedicou parte de seu repertório à tia, já que o show em si é uma homenagem. Uma longa apresentação que não deixou ninguém parado na praça Guadalajara. Pouco antes, Izzy tinha sido precedida pelas outras atrações da última noite de festival. O saxofonista carioca Marcelo Martins, um dos melhores do país, dividiu o palco com o gaitista e blueseiro Robson Fernandes, de São Paulo. Juntos, voltaram a destilar blues clássicos. O melhor dueto, contudo, foi de Marcelo Martins com o saxofonista Jasiel Leite, da Garanhuns Street Jazz Band, na abertura dos shows, segunda-feira à noite. E de improviso, já que os dois não tinham ensaiado o suficiente ainda.

NOTA 06

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Ela cantou apenas duas músicas na última noite do Garanhuns Jazz Festival, mas foi o suficiente para fazer todo mundo pular como nunca. Natural de Garanhuns e já conhecida do público blueseiro no Recife (onde reside atualmente), a cantora Andrea Amorim energizou a apresentação da Uptown Band, liderada pelo baterista Giovani Papaléo – ele mesmo, o produtor e organizador do próprio Garanhuns Jazz Festival. Com seu timbre de voz alucinante e de cabelos vermelhos, Andrea não parou um minuto sequer e alternou as canções com a cantora Adriana Nascimento, também de Pernambuco, acompanhando a Uptown. Pode não ter sido o melhor show da noite, mas sem dúvida foi o mais animado e contagiante. Em seguida, a banda paulista Blues Jeans, apesar do nome, tocou mesmo foi um contemporâneo jazz, só instrumental, entre guitarras e sax. Uma ótima apresentação, talvez a mais conservadora (em termos de jazz) do festival, mas nem por isso menos elogiada e aplaudida.