Blu-ray : a evolução do DVD já nas prateleiras

Oferta ainda é baixa, mas locadoras recifenses investem na aquisição de títulos no formato Blu-ray. Tecnologia é garantia de alta definição e investimentos salgados

Paulo Rebêlo
Diario de Pernambuco
03.fevereiro.2009

Se depender do otimismo dos estúdios, os cinéfilos adeptos às novas tendências não perdem por esperar. As distribuidoras de filmes prometem para este ano a sempre adiada popularização do formato Blu-ray, com redução de preços e lançamentos simultâneos ao DVD.

Caso você ainda não saiba o que é Blu-ray, fique atento. Ao perceber uma caixinha diferente na prateleira da locadora, geralmente com o slogan “alta definição”, procure pela logomarca azulada de “Blu-ray” e você estará diante do que há de mais moderno no armazenamento e reprodução de filmes e shows.

Em linguagem rasteira, Blu-ray é a evolução do DVD. O disco é de tamanho e formato idênticos, porém, mais resistente a danos físicos (riscos, arranhões, manchas#) e com bem mais capacidade para áudio e vídeo com o dobro de definição do DVD. Para usufruir de tamanha tecnologia, contudo, nem tudo são flores. Além de um novo aparelho, cujos preços variam entre R$ 1.300 e R$ 3.000 no Brasil, você precisa ter uma televisão LCD (aquelas fininhas) de boa qualidade. Para os puristas, um bom sistema acústico também é essencial.

O investimento tem suas regalias. Com o aparelho de Blu-ray, além de poder reproduzir os discos novos e os DVDs antigos, é possível montar um equipamento de som inigualável e que ainda terá muito a oferecer em termos de qualidade. Como bem define o cinéfilo Bartolomeu Elias, “é como se você estivesse dentro do filme, uma experiência única para os amantes da sétima arte”. Adepto do Blu-ray há um ano, Elias montou um verdadeiro estúdio em casa e recorre às locadoras para suprir uma das demandas típicas do Blu-ray: assistir a filmes já vistos, agora em alta definição. “Você passa a fazer uma nova leitura dos clássicos”, define o cinéfilo.

Embora o investimento das distribuidoras esteja crescendo – assim como as promessas de redução de preços – o mercado no Brasil, e principalmente o local, ainda dá os primeiros passos. No Recife, apenas uma locadora resolveu investir pesado na aquisiçãode filmes e shows em Blu-ray para os clientes. A rede SMS, com filiais na Madalena e nos Aflitos, é um caso ímpar ao oferecer 180 títulos aos sócios da locadora.

Em comparação, a tradicional Classic Video oferece até agora apenas 12 títulos em Blu-ray, perdidos entre o famoso acervo de 10 mil filmes raros da coleção particular do proprietário Cláudio Brayner. A partir de agora, a locadora deve passar a adquirir uma média de cinco novos filmes em Blu-ray por mês. Nas demais locadoras pesquisadas pelo Diario, a oferta também é baixa, geralmente não chega a uma dúzia.

A priori, o mercado de Blu-ray tem sido mais atraente para comprar o filme em vez de alugar. E é outro problema, pois o custo é até três vezes maior do que o DVD, já que os discos ainda não são prensados no Brasil – tudo é importado. A promessa de algumas distribuidoras, como a Sony (a criadora do formato Blu-ray no mundo), é começar a prensagem no Brasil até o final deste ano.

De acordo com dados da União Brasileira de Vídeo (UVB) e da própria Sony, hoje o Nordeste responde por quase 20% do volume de DVDs vendidos no Brasil (varejo) e 5% volume de Blu-rays, podendo chegar a 10% até o final do ano. Não há estatísticas por Estado. A estimativa é de uma base instalada de 15.000 aparelhos de Blu-ray vendidos na região, entre os players tradicionais (de mesa) e os consoles de videogame Playstation 3, que também servem para filmes, além de jogos em alta definição.

Novo formato divide opiniões

Depois de assistir a um filme em Blu-Ray, a diferença para as demais tecnologias é gritante. Quem garante é o diretor-geral da Sony Pictures no Brasil, Wilson Cabral, ao acrescentar que a venda do Blu-ray acompanha o crescimento das vendas de TVs LCD. Desde dezembro de 2007, mais de 100 títulos em Blu-ray foram lançados somente pela Sony, com previsão de novos 140 para 2009. Ainda é pouco.

Paramount, Universal e outros estúdios também não perdem tempo. No Recife, o gerente da locadora SMS, Guilherme Silveira, é um dos principais entusiastas e pioneiros na aquisição de filmes em Blu-ray. “Começamos a oferecer aos nossos clientes há um ano e hoje temos o maior acervo da cidade. Quando a tecnologia se popularizar, estaremos bem à frente da concorrência”, acredita. Até agora, o público é bem restrito. “Não chega a 10% da nossa base, mas quem aluga o primeiro não volta atrás”, explica.

Visão diferente tem o colecionador Cláudio Brayner, proprietário da Classic Video. No quesito Blu-ray, contudo, a locadora engatinha com seus 12 filmes disponíveis. “A gente simplesmente não acredita que dê retorno ainda. O investimento é muito alto e Recife não tem essa base toda de clientes. De quê adianta alugar um filme Blu-ray se você não tem equipamento de primeira? Vai ficar pior que o DVD”.

Paulo Roberto Elias, PhD em Bioquímica pela Cardiff University no Reino Unido e um dos principais especialista em áudio e vídeo de alta definição no Brasil, acredita que a popularização do Blu-ray no Brasil só irá ocorrer, inicialmente, quando a prensagem dos discos começar a ser feita no Brasil. Hoje, cada filme custa entre R$ 80 e R$ 150 para o consumidor, enquanto um DVD dificilmente ultrapassa os R$ 50.

Outro fator apontado pelo especialista é o custo do aparelho. “Em outros países, os filmes já estão sendo lançados primeiro em Blu-ray e, semanas seguintes, em DVD. Há também uma invasão de marcas chinesas dos aparelhos, mas com qualidade. A faixa de preço nos EUA é de US$ 200 a US$ 300 (algo em torno de R$ 600) e aqui no Brasil o aparelhomais barato sai por R$ 1.500, em média.

Definição depende mais da televisão

Um filme em Blu-ray exibido na televisão convencional (quadrada, tubo de imagem) não terá diferença alguma do DVD. Em determinadas situações, pode até distorcer um pouco a imagem e fazer você ter a impressão de que está diante de um produto inferior.

A explicação é simples. Blu-ray é apenas um meio físico para armazenar o conteúdo em alta definição. Enquanto os aparelhos (players) de mesa são os responsáveis por decodificar a informação, é a televisão o meio a exibir a decodificação na prática.

Se você acha que isso é um problema, saiba que ocorre exatamente o mesmo no DVD. A maioria das pessoas, ao assistir a filmes em televisões comuns, perde pelo menos metade do poder de detalhes e definição que o bom e velho DVD pode proporcionar. Com o Blu-ray, a lacuna chega a ser quatro vezes maior.

Parte das TVs de plasma e LCD vendidas nas lojas também não exibe os filmes na definição máxima. São as chamadas TVs de definição standard, bem melhores do que as atuais quadradas, mas ainda inferiores no quesito qualidade. Para aproveitar todo o poder do Blu-ray, você precisa de uma televisão do tipo “High Definition” – em geral a logomarca é exibida na própria moldura da tela.

O próprio DVD é subutilizado por natureza. A versão original e de melhor qualidade dos filmes são gravados no formato widescreen (16:9, retangular) e não no formato “quadrado” (4:3) das televisões convencionais. Os DVDs nacionais que ocupam a tela inteira, ou seja, sem as tarjas pretas nas bordas superior e inferior, são versões redimensionadas dos filmes, perdendo em qualidade e proporção de imagem.

Saiba mais

Um filme em Blu-ray exibido na televisão convencional (quadrada, tubo de imagem) não terá diferença alguma do DVD. Em determinadas situações, pode até distorcer um pouco a imagem e fazer você ter a impressão de que está diante de um produto inferior.

A explicação é simples. Blu-ray é apenas um meio físico para armazenar o conteúdo em alta definição. Enquanto os aparelhos (players) de mesa são os responsáveis por decodificar a informação, é a televisão o meio a exibir a decodificação na prática.

Se você acha que isso é um problema, saiba que ocorre exatamente o mesmo no DVD. A maioria das pessoas, ao assistir a filmes em televisões comuns, perde pelo menos metade do poder de detalhes e definição que o bom e velho DVD pode proporcionar. Com o Blu-ray, a lacuna chega a ser quatro vezes maior.

Parte das TVs de plasma e LCD vendidas nas lojas também não exibe os filmes na definição máxima. São as chamadas TVs de definição standard, bem melhores do que as atuais quadradas, mas ainda inferiores no quesito qualidade. Para aproveitar todo o poder do Blu-ray, você precisa de uma televisão do tipo “High Definition” – em geral a logomarca é exibida na própria moldura da tela.

O próprio DVD é subutilizado por natureza. A versão original e de melhor qualidade dos filmes são gravados no formato widescreen (16:9, retangular) e não no formato “quadrado” (4:3) das televisões convencionais. Os DVDs nacionais que ocupam a tela inteira, ou seja, sem as tarjas pretas nas bordas superior e inferior, são versões redimensionadas dos filmes, perdendo em qualidade e proporção de imagem.

5 Comments Blu-ray : a evolução do DVD já nas prateleiras

  1. Nolan Leve

    O bluray nasceu “natimorto” porque sua tecnologia é a do seculo passado.Nos tempos de hoje,motores e sistemas oticos identicos aos de um CD normal não tem mais espaço,pois são caras,de operação critica e consomem muita energia.As maquinas Bluray são caras,pesadas,feias e desengonçadas.A Sony e outras tem (e estão prontos a lançar)players e produtos HDTV totalmente em “estado solido” tipo sem motores&roscas.Comprar um Bluray hoje,significa para mim comprar uma coisa do passado e ser…explorado.Estou fora

    1. Rebêlo

      nolan: concordo parcialmente. mas acho que se o preço baixar, talvez funcione bem para a informática também, no setor de armazenamento. o disco blu-ray é bem mais resistente que o DVD, por exemplo.

  2. Nolan Leve

    Bem.Paulo,hoje,já em 2010 temos os HDs em “estado sólido” com pelo menos 128 gigas de capacidade.Custa caro? Sim! Mas,a menos de 3 anos atrás,um pen drive de 1 giga custava U$100 e aqui,mais de duzentos reais.Hoje um de dois gigas custa 20 reais nas Americanas.É só encaixar no computador.Sem motores,sem mecânica…Em breve,teremos pen drives de um tera a custo baixíssimo.Acho que a “janela” que o bluray tem para cair de preço e se tornar sucesso diminui a cada dia.Vamos aguardear

  3. Pedro

    Discordo totalmente do Sr. Nolan Leve. Tenho dois players BD e estou satisfeitíssimo com a performance dessa tecnologia maravilhosa. Considerar que baixar arquivos da Internet é alternativa real ao BD é, na melhora das hipóteses, má fé.

  4. Eduardo

    Acredito que conforme as pessoas forem migrando para a TV HD, e as emissoras começarem também a transmitir em HD o BD vai realmente decolar…. Hoje quem está comprando TV HD muitas vezes já compra o Blu-ray player… é só uma questão de tempo.

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