Patriota em queda livre nas pesquisas

PETROLINA // Candidato governista caiu de 63% para 48% em intenção de votos

Paulo Rebêlo
Diario de Pernambuco – 04.set.2008

Petrolina – A menos de 30 dias das eleições municipais, a visita-relâmpago do presidente Lula a Pernambuco, a partir de hoje, representa bem mais do que uma ajuda aos candidatos da base aliada. Diferentemente do quadro que se desenha no Recife, com João da Costa (PT) folgado à frente das pesquisas, em Petrolina a situação do candidato governista, Gonzaga Patriota (PSB), não é exatamente das melhores – apesar do otimismo declarado do socialista e de sua equipe.

Levantamentos recentes revelam Patriota em queda livre nas intenções de voto, contra o inesperado crescimento de Júlio Lóssio (PMDB), médico bastante conhecido na cidade e estreante na política. Enquanto o socialista já chegou a ter 63% contra 12% de Lóssio, segundo o Instituto Método, hoje teria 48% contra 37%.

A situação é ainda menos confortável ao se levar em consideração a máquina de apoio à candidatura de Patriota. São 20 partidos na coligação e os governos estadual e federal, além de um suporte “oficial” da prefeitura comandada por Odacy Amorim (PSB). O atual prefeito perdeu a chance de ser o candidato da base, após o traumático processo de prévias na convenção do partido.

Candidato pela primeira vez, o próprio Lóssio se surpreende com o avanço de sua campanha. “A gente não calculou isso, foi um crescimento mais rápido do que o esperado”, admite, hoje com a confiança de quem recebe o apoio declarado de Osvaldo Coelho (DEM), uma das principais lideranças políticas de Petrolina. No último domingo, um misto de carreata e bicicleata promovida por Lóssio conseguiu reunir mais gente do que muitos eventos semelhantes de majoritários no Recife.

Para Lóssio, é apenas o reflexo de uma estratégia adotada desde o início de campanha. “Sou muito conhecido na cidade, mas as pessoas não me identificavam como candidato. Aos poucos, foram percebendo”, arrisca. Gonzaga Patriota, por outro lado, desdenha do avanço do adversário nas pesquisas. “Não temos a menor dúvida de vitória. Ele [Lóssio] vaicomeçar a cair e nós vamos atingir 50% até o dia 15, pode anotar”, garante, apostando em outro acréscimo, desta vez de cinco a seis pontos, até 3 de outubro.

Liderança pode perder força

Com 62% de aprovação em Petrolina, segundo pesquisas internas do partido, o prefeito Odacy Amorim (PSB) viu seu sonho diluir-se, em junho deste ano, quando o correligionário Gonzaga Patriota (PSB) ganhou o posto de candidato apoiado pelo governo. Vice-prefeito de Fernando Bezerra Coelho, eleito em 2004, Odacy assumiu a prefeitura quando Coelho foi convocado pelo governador a assumir a pasta de Desenvolvimento Econômico em 2007.

Uma eventual derrota do candidato governista representa perda ainda maior para a liderança de Bezerra Coelho – ironicamente, um desafeto declarado de Gonzaga Patriota, o qual hoje precisa engolir e declarar seu apoio formal. Para completar, passados dois meses da escolha, ainda é visível a mágoa do atual prefeito Odacy Amorim com o PSB, embora ele trate a questão como um capítulo do passado.

Para Odacy, o que aconteceu em Petrolina “não ocorreu em nenhum outro lugar do Brasil”, referindo-se ao cenário de o prefeito não poder concorrer à reeleição com uma aprovação alta como a dele. “Seria o processo natural, tivemos muitas conquistas, investimentos e meu projeto era ser julgado pelo povo de Petrolina. Mas agora é passado, vamos ajudar a campanha de Patriota sem ressentimentos”, desconversa.

Tentando não apontar culpados sobre o racha em Petrolina, ao mesmo tempo em que reconhece a oportunidade perdida, Odacy arrisca uma explicação: o partido deveria ter antecipado a disputa interna. “Milton Coelho [presidente do PSB estadual] me garantiu, duas vezes, que eu era o candidato deles, mas não conseguiu controlar a situação”, lamenta, ao emendar que “Patriota tem tudo para ganhar estas eleições”.

Nos eventos de campanha, Patriota insiste na vinculação e no bom relacionamento entre ele e Odacy, enaltecendo as obras realizadas pela prefeitura e pelo governo federal. O socialista enfatiza a “ótima relação” com o aliado. Contudo, quando questionado se aceitaria um cargo em eventual gestão de Patriota, Odacy é taxativo: “de forma alguma. Não seria viável politicamente, haveria desconforto, poderiam achar que eu faria sombra ao prefeito eleito”, explicou.