Esquerda radical dividida

Sucessão // Inconformado com o apoio de Clóvis Corrêa ao Psol, PSTU anuncia sua chapa

Paulo Rebêlo
Diario de Pernambuco – 14.junho.2008

Demorou, mas o Partido Socialista dos Trabalhadores Unificados (PSTU) não pretende ficar de fora da corrida eleitoral em outubro. Com a ruptura da militância com o Partido Socialismo e Liberdade (Psol), o diretório municipal oficializa a pré-candidatura de Kátia Telles e Cláudia Ribeiro às eleições municipais – mas ainda sem definição sobre quem irá concorrer à prefeitura e à Câmara Municipal. “Iremos definir a questão e várias outras na convenção, marcada para 28 de junho”, antecipa Kátia.


De concreto, ambas garantem apenas que o programa de governo é diferente de “tudo que está aí vindo de Lula e João Paulo”. Elas não aceitam o modo como a gestão do prefeito João Paulo (PT) tem “cuidado das pessoas”. Nas eleições de 2006, Kátia foi candidata à governadora e Cláudia tentou se eleger deputada estadual.

Sobre a ruptura com o Psol, as pré-candidatas são enfáticas: “a adesão de Clóvis Corrêa no Psol é inadmissível, acabou com todas nossas conversas com aquele partido”, resume Kátia Telles, referindo-se ao discurso do pré-candidato do Psol à prefeitura, Edílson Silva, ao classificar publicamente como uma conquista ética e de muita importância o apoio político (e financeiro) de Corrêa. Ex-juiz e ex-pré-candidato pelo PSDC, Clóvis Corrêa viu sua candidatura ser “rifada” pelo presidente do PSDC, Luiz Vidal, e resolveu abandonar o partido. Em artigo divulgado ontem na imprensa local, Edílson voltou a elogiar seu mais novo aliado.

Cláudia Ribeiro diz que não entende, pois “ele representa a burguesia local, é o mesmo candidato que nas últimas eleições defendeu a pena de morte, que serve à legitimação do assassinato de negros e pobres da periferia, como todo mundo sabe”. De acordo com as pré-candidatas, desde o começo do ano o PSTU tenta discutir com o Psol um programa alternativo de esquerda, o qual agora teria se tornado inviável.