Eu não sou cachorro, não

Paulo Rebêlo | novembro.2008 | e-mail

De todos os xingamentos que a gente já ouviu das mulheres, e perceba bem que não são poucos, tem um completamente injusto e sem noção. É quando elas gritam seu cachorro!!!!!

Podem nos chamar de tudo, menos de cachorro. Até porque cachorro é um bicho fiel. E fica muito feliz quando você volta para casa só uma hora depois de ter saído.

No mais, a fúria feminina deveria refletir que são exatamente as mulheres a ter comportamento típicamente canino. Do contrário, o quê diabos significa aquela calcinha pendurada no meu chuveiro?

Por que as duas únicas gavetas livres, repentinamente, se tornaram depósito para duzentos e vinte produtos de higiene? Quem mandou ocuparem o já pouco espaço do armário com um monte de roupas que não podem amassar? Logo aquele armário velho, onde seria o depósito de cervejas em caixas para uma eventual guerra civil.

Ninguém demarca território melhor do que as mulheres. Favor frisar o ninguém.

E quando elas reclamam que a gente não levanta a tampa do vaso sanitário, é o derradeiro sinal de que o xixi é uma variável extremamente importante na equação. É como se a gente ouvisse: xixi aqui, só o meu.

Qualquer semelhança pode não ser coincidência biofisiológica.

VIDA DE CÃO –

Eu queria ser cachorro para aprender o segredo da amistosidade e descobrir onde encontrar o botão “ativar modo carinho excessivo”.

Basta uma mulher se aproximar de você – a vendedora de loja, por exemplo – e de repente as companheiras chegam junto, nos abraçam, pegam na mão, encostam no ombro. Enfim, não largam. A gente não pode nem prestar atenção naquele decotezinho da vendedora. Ai de quem chegar perto pensando em comissão de venda.

E se você até agora nunca descobriu porque suas amigas começaram a se afastar de você, um cara tão legal e joiado, é bom ter cuidado. Alguém pode estar colocando-as para correr que nem um pitbull raivoso com um bife (gordurento) novo.

Cachorro, não. A gente aceita ser chamado de cafajeste, egoísta, pilantra, trambiqueiro, retardado, preguiçoso, ignorante, insensível, cafuçu, besta fera do apocalipse e até mesmo de broxa. Tá, de broxa é exagero, pegou pesado, mas cachorro também não.

Somos tudo isso e um pouco mais, mas Waldick Soriano foi para o céu e a gente continua aqui nas cachorradas.

No dia que um macho pendurar uma cueca no chuveiro da sua casa, pode ir para o Fantástico ou direto para a mesa de bar. É sinal daquilo que todas suas amigas já sabiam: de cachorro, ele é um poodle cor-de-rosa tosado.

1 Comment Eu não sou cachorro, não

  1. Lucia

    Ah, deixa eu tentar te explicar… quando chamamos de cachorro é lembrando dentre outras coisas que come o rabo de qualquer cachorra, fede, baba, tem pulga e merece ser castrado.

    Lembrando que há homens gatos e sim, cachorros e gatos podem ter uma convivência muito boa! Mas lembre-se de que os gatos sempre vão mandar nesta relação.

Comments are closed.