Conheça a nova geração de DVDs

A nova safra de DVDs finalmente atinge o status de viabilidade comercial e as primeiras unidades já começam a aparecer. São dois formatos novos: HD-DVD e Blu-ray. Ambos oferecem bem mais espaço em disco, de modo a turbinar a qualidade de som e de imagem. O uso é o mais variado: filmes, jogos, vídeos caseiros e backup. É que, enquanto os discos atuais comportam uma média de 4 a 9 GB, os novos permitem gravar entre 25 a 50 GB, a depender do modelo. A desvantagem é que os formatos não conversam entre si, são incompatíveis e podem causar confusão no início, com filmes sendo lançados em mídias diferentes.

Paulo Rebêlo
Folha de Pernambuco / Webinsider

Os DVDs de última geração já estão disponíveis em outros países, mas somente no segundo semestre deste ano chegam às lojas do Brasil. A Toshiba acaba de anunciar, oficialmente, que antes do Natal o consumidor brasileiro poderá comprar no varejo o HD-A1, modelo de entrada do reprodutor de HD-DVD – a sigla HD vem de High Definition – que muito se assemelha, externamente, aos aparelhos de hoje.

De acordo com a direção da Toshiba, a chegada do HD-DVD ao Brasil depende não apenas do mercado, mas também da oferta de títulos. Para termos uma idéia, nos Estados Unidos só há 30 filmes disponíveis no formato. A vantagem é que, pelo menos no mercado americano, o preço é praticamente o mesmo de um DVD comum.

Concorrente do HD-DVD, o formato Blu-ray é capitaneado pela Sony e deve demorar um pouco mais a chegar por aqui. O Blu-ray usa uma tecnologia de gravação diferente do HD-DVD e, oficialmente, só o Japão receberá, já no próximo mês, os primeiros aparelhos reprodutores de Blu-ray. No Brasil, não há previsão. O Blu-ray também é um dos destaques do Playstation 3, videogame da Sony que também poderá ser usado para filmes e shows na mídia de alta definição.

Saiba como é um HD-DVD Player por dentro –

Primeiro, vieram os boatos de que, por dentro, o aparelho para reproduzir HD-DVD nada mais era do que um PC adaptado a um simples drive de DVD que se usa no computador. Conversamos com o técnico americano Lorin Thwaits, que resolveu comprar um HD-A1 da Toshiba somente para verificar o que havia ali dentro. De acordo com Thwaits, a surpresa só não foi maior porque realmente havia indícios fortes de que o aparelho, ao custo de 500 dólares, era mesmo um computador.

Por dentro, o HD-A1 – mesmo modelo que será vendido no Brasil – funciona com 1 GB de memória RAM, processador Pentium 4, uma espécie de placa-mãe com múltiplas saídas para TV analógica e digital, HDMI (TV de alta definição) e outros slots. O mais interessante, porém, é o que está dentro de uma das memórias internas do HD-A1: um sistema operacional Linux, para gerenciar as operações.

Os processadores Pentium 4 são conhecidos por dissiparem muito calor. Não à toa, na parte traseira do HD-A1, temos um canal de ventilação igualzinho ao encontrado em computadores. O drive onde se coloca o disco DVD da nova geração, nada mais é do que um drive comum de PC, que poderia ser facilmente instalado em um computador. “Agora a gente entende porque é tão caro ter um player de HD-DVD em casa, afinal, você está levando para casa um PC”, ironiza Thwaits, satisfeito pelos 500 dólares pagos e que ainda disponibilizou um vídeo, gratuito, que pode ser baixado via internet.

No Brasil, o valor estimado do HD-A1 deve ficar entre R$ 1,5 mil a R$ 2 mil reais. Os discos contendo filmes ou shows são gravados em três camadas, de 15 GB cada, totalizando até 45 GB de dados. A grande questão levantada por setores do mercado é: o que os estúdios vão colocar em tanto espaço? Hoje, os filmes podem ocupar até 9 GB nos DVDs comuns, contudo, mesmo com todos os extras, dificilmente ultrapassam 5 GB.

Vai valer a pena o investimento?

Vale a pena investir quase R$ 2 mil em um aparelho de DVD de última geração? Para a maioria dos especialistas consultados pela reportagem, a resposta simples é não. O engenheiro Filipe Rangel, entusiasta de áudio e vídeo há anos, acredita que no início os players de alta definição serão consumidos por um público muito restrito. “Certamente são aqueles mesmos que aderiram ao DVD no lançamento, em 1997. Pra se transformar em consumo de massa, como hoje pode ser considerado o DVD, acho que o caminho será longo”, pondera Rangel.

O supervisor técnico de autoração em DVD da TeleImage, Danilo Moura, explica que a briga na indústria e no comércio entre HD-DVD e Blu-ray pode atrapalhar os consumidores apressados. “É impossível prever qual dos dois conseguirá ter sucesso, quem sabe no final de 2007 tenhamos um formato vencedor. Sabemos que metade do investimento um dia será peça de museu, de forma bem parecida com a briga entre Betamax e VHS”, relembra Moura, referindo-se ao embate durante a década de 80, quando finalmente o padrão de videocassete em VHS conquistou o usuário. Junto ao irmão Murilo, eles foram um dos primeiros a testar o HD-A1 no Brasil, publicando as primeiras impressões no fórum técnico HTForum na internet.

Filipe Rangel percebe que, em alguns países, os consumidores já consideram o DVD um formato ultrapassado. “Acontece que lá eles têm TV de alta definição há bem mais tempo, enquanto por aqui somente agora temos algumas iniciativas em São Paulo. Os filmes em DVD comum têm a imagem ótima quando comparado à televisão comum que usamos aqui no Brasil, mas deixam a desejar se colocados lado a lado com a TV de alta definição”, explica.

Diferença de formatos pouco interessa ao consumidor –

Para o usuário, as diferenças entre os dois formatos é apenas teórica. Afinal, ambos possuem objetivo comum: levar imagem e som de alta definição e comportar até 50 GB de dados em um único disco. O fato é que especialistas vêem com bastante ceticismo a “briga” entre fabricantes, o que na última ponta deverá onerar o bolso dos consumidores. Mais ou menos como a situação em anos recentes, na troca de fitas VHS por discos em DVD. Toda aquela sua coleção tão bem guardada, rapidamente pareceu estar obsoleta?

Outro detalhe é que o potencial dos novos formatos só pode ser percebido, de fato, em televisões de alta definição – um artefato raríssimo no Brasil. Vale lembrar que, no mercado, mesmo aquelas TVs de plasma gigantes nem sempre são de alta definição. Há modelos que, em tese, não conseguiriam mostrar na tela todo o potencial. Resultado: neste Natal de 2006, vale a pena pesquisar bastante antes de pensar em comprar ou investir em um aparelho novo de DVD. De qualquer forma, seja em Blu-ray ou HD-DVD, apesar de não conversarem entre si, ambos podem ler os DVDs comuns de hoje.

O formato da Toshiba, o HD-DVD, atraiu Microsoft, Sanyo, NEC e estúdios de Hollywood como New Line e Universal. O Blu-ray, da Sony, tem parcerias com Apple, Panasonic, Philips, Samsung, Sharp e outras.

Serviço –
Assista ao vídeo do “desmonte” no Media Player (em inglês)
http://hdvforever.com/blog/HDDVD.wmv