Compra de monitor LCD exige cuidado redobrado

Paulo Rebêlo
Ao escolher um monitor de cristal líquido verifique se possui entrada DVI (digital), o que garante mais qualidade para jogos e vídeos. Saiba escolher para evitar adquirir um produto ultrapassado.

Uma rápida visita às lojas de informática neste período pré-Copa do Mundo revela um cenário inusitado: modelos de monitores de cristal líquido (LCD) são vendidos com uma placa de televisão acoplada, de modo a permitir a recepção de sinal televisivo e, assim, assistir aos jogos da Copa no escritório ou em casa.

À primeira vista, parece estranho. Levando em consideração que há modelos com placa de TV, caixinhas de som embutidas e saída para fone de ouvido, nem fica tão difícil assistir aos jogos escondido do chefe ou, pelo menos, sem atrair tanta atenção. É um excelente argumento para trocar de monitor, afinal de contas.

Na ânsia de adquirir o monitor LCD, o consumidor pode fazer um péssimo negócio por falta de informações ou descaso das lojas. É que modelos antigos são vendidos como se fossem novidade, mas não apresentam os recursos de entrada/saída digital que melhoram perceptivelmente a imagem na tela.

Pior ainda: com a quantidade de nomenclaturas nos modelos (letras e siglas), é fácil empurrar um monitor antigo, com tempo de resposta bastante alto (o que é péssimo) quando existe na praça um modelo similar, mais recente, com tempo de resposta baixo. E a quase o mesmo preço.

O cabo digital, chamado de DVI (Digital Video Interface), é ligado na placa de vídeo do computador e no monitor. Nas placas de conectores VGA analógicos, que são o padrão para o monitor comum (CRT), o sinal transmitido é analógico. No LCD, o sinal é digital e precisa da conexão DVI para apresentar boa qualidade. Sem isso, a reprodução de cores fica prejudicada e aparecem “sujeiras” e “rastros” na imagem, também conhecidas como “efeito fantasma”, principalmente em jogos e softwares multimídia.

O problema é que há vários monitores LCD sendo vendidos sem entrada DVI. Em geral, o usuário fica encantado com o design do aparelho e leva para casa um produto ultrapassado e que, em pouco tempo, se mostrará problemático por apresentar imagens de baixa qualidade. As interfaces DVI foram criadas para solucionar o entrave da conversão analógico-digital. Ao usar o monitor com o cabo tradicional analógico (VGA), o sinal sai analógico do computador e precisa ser convertido para digital até chegar ao monitor, o que diminui a qualidade.

A falta de informação quase fez com que a bacharel em Turismo Cláudia Patrícia comprasse um monitor LCD sem entrada digital, o que colocaria em risco o investimento. “Além das vantagens aparentes, eu também queria assistir aos jogos da Copa pela placa de TV e poder jogar um pouco no computador. Só pouco tempo antes da compra, um amigo informou que o cabo DVI melhora a imagem, mas ninguém da loja sabia informar direito ou sequer avisaram que o modelo era ultrapassado”, relembra, que terminou optando por um que já vem com o cabo digital incluso. “É um pouco mais caro, mas valeu a diferença, apesar de não ser um modelo com tempo de resposta bom, que foi outra coisa que loja alguma explicou”, comenta.

É bom lembrar: a sua placa de vídeo instalada no PC precisa ter o plug DVI para que seja ligado no monitor. Caso não tenha, o jeito é continuar usando o monitor LCD de forma analógica ou trocar de placa de vídeo por uma com suporte a DVI. Quase todas as placas de vídeo dos últimos dois anos, mesmo aquelas com 64 Mb de memória, possuem saída digital DVI. Inclusive, os modelos top de linha de hoje, nem mais oferecem saídas VGA, apenas a DVI. Quem tiver monitor CRT, precisará usar um adaptador DVI-VGA que, a depender da placa, já vem incluso.

Entenda porque o tempo de resposta é tão importante
Além de prestar atenção se o monitor tem entrada para o cabo DVI, outro detalhe é o tempo de resposta de cada monitor, medido em milissegundos. Monitores vendidos nas lojas, muitas vezes, até possuem a entrada digital, mas o tempo de resposta é longo. Resultado: mesmo com o cabo DVI, jogos e filmes podem deixar rastros na tela, o que não prejudica o produto em si, mas incomoda a visão e derruba a qualidade da imagem.

É o efeito fantasma que, na prática, só é resolvido se o monitor tiver um bom tempo de resposta. O ideal recomendado por especialistas é que seja de, pelo menos, 16 milissegundos (ms). Quanto menor o tempo de resposta, mais próximo da realidade serão as imagens. Hoje, monitores LCD novos trabalham com 12ms, 10ms e 8ms. Tempo de resposta acima de 16 ms torna impraticável – no quesito conforto visual – assistir a filmes e jogar no PC.

Outra dúvida recorrente: o monitor LCD estraga rápido? A resposta prática é sim e não, pois tudo depende do modelo a ser comprado. Modelos recentes apresentam tempo de vida que chega a 50 mil horas de uso para o feixe de luz que ilumina os pixels (backlight) – o que é, certamente, bem mais do que você irá usar até comprar um novo. Vale a pena verificar com a fabricante. Se ninguém souber lhe informar (ou não quiser dizer), desconfie.

A grande sacada é a fragilidade da tela e os chamados pixels mortos. Qualquer modelo pode apresentar pixels mortos, mas quanto mais baixa a qualidade do monitor, maior a possibilidade de gerar pixels mortos. Dentro dos termos da garantia há um número determinado de até quantos pixels mortos a fabricante troca o produto. A fragilidade da tela é uma questão prática. Uma queda ou pancada pode colocar em risco seu investimento, diferentemente do monitor padrão (CRT), que aguenta o tranco. Ficar passando o dedo também não é nada indicado. Nunca queira ser desajeitado com o seu LCD. O conserto, às vezes, é quase o preço de um novo.

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